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Instituições discutem potencialidades da fruticultura acreana
O potencial econômico da produção de maracujá, abacaxi, banana e outras culturas está em discussão nesta quarta-feira (1° de junho), durante o Workshop Fruticultura no Acre. Agricultores familiares, pesquisadores, técnicos da extensão rural e de órgãos financiadores debatem aspectos relacionados ao cultivo de fruteiras, gestão do negócio rural e crédito rural, além de compartilhar experiências exitosas no contexto acreano. As atividades acontecem no auditório do Centro de Educação Permanente (CEDUP) do município de Acrelândia, pela manhã, e em áreas de produção de frutas, à tarde.
O objetivo é mostrar novas oportunidades de negócio e incentivar a diversificação das atividades produtivas, incluindo iniciativas voltadas para a produção de frutas no Estado, além de orientar sobre procedimentos para acesso ao crédito rural. O encontro é realizado pelo Banco da Amazônia e Embrapa, em parceria com a Secretaria de Agricultura e Produção Familiar do Acre (Seaprof) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) entre outras instituições governamentais.
De acordo com José Cordeiro, gerente da Agência do Banco da Amazônia de Plácido de Castro, o evento foi idealizado a partir de uma constatação em torno das demandas por financiamento rural em Plácido de Castro e municípios vizinhos. "Observamos que entre os produtores há uma tendência de concentrar o interesse em empreendimentos com a pecuária. Queremos desmistificar o setor produtivo acreano e mostrar que existem outras alternativas de produção, entre elas a fruticultura. Temos um leque de opções de linhas de crédito e experiências práticas que mostram que é possível investir também no cultivo de frutas e obter bons resultados", afirma.
Serão realizadas palestras, rodadas de debate, assinatura de contratos com o Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) e visitas a propriedades rurais para conhecer resultados de pesquisas com maracujá e abacaxi, desenvolvidas pela Embrapa Acre. De acordo com o pesquisador Romeu Andrade, responsável pelos estudos, serão apresentados os sistemas de cultivo adotados, técnicas adequadas de manejo e aspectos econômicos da produção.
"Vamos destacar procedimentos essenciais para o maracujazeiro como poda, adubação e polinização manual. Já em relação ao abacaxi, a ênfase será na produção de mudas, espaçamento e desempenho da cultura em cultivos adubados e sem adubação. É importante mostrar dados científicos, mas também compartilhar a experiência dos agricultores que podem dizer o quanto essas culturas satisfazem em termos econômicos", explica Andrade.
Palestras
Além de aspectos gerais da fruticultura no Acre, as palestras versarão sobre temas como irrigação na propriedade rural, acesso ao crédito rural e viabilidade econômica da produção de frutas. Serão apresentados resultados de estudos realizados com agricultores de Acrelândia e Senador Guiomard, sobre a viabilidade econômica da atividade. "As análises indicam que a fruticultura é uma ocupação altamente rentável no Acre, especialmente as culturas que oferecem mais de uma safra por ano. A produção de frutas envolve os diversos membros da família e tem mercado garantido e, quando praticada com base em recomendações técnicas, o retorno financeiro é bastante satisfatório", explica Claudenor Pinho de Sá, pesquisador da Embrapa.
Outro tema abordado é a gestão da propriedade rural, aspecto importante no contexto produtivo, mas que nem sempre é considerado, geralmente por desconhecimento da sua funcionalidade. A explanação visa contextualizar dificuldades vividas por agricultores familiares do Acre em relação à prática de gerir o negócio rural e apresentar ferramentas simples e de fácil adoção que permitem a realização desta atividade, de forma sistemática.
Conforme explica o analista da Embrapa, Francisco Silva, a gestão da propriedade ajuda, inclusive, a facilitar o acesso ao crédito rural, mas a maioria das famílias não realiza este tipo de controle. O gerenciamento da propriedade rural considera despesas que normalmente não são levadas em conta como a depreciação de equipamentos e custos de oportunidade do capital investido, além de gastos operacionais do dia-a-dia como aquisição de combustível e manutenção da estrutura física da propriedade.
"O agricultor precisa dispor de ferramentas mínimas, como o registro manual em planilhas, para controlar as despesas e investimentos realizados na condução das atividades produtivas, bem como para mensurar as receitas provenientes da produção. Sem essas informações não é possível saber se o negócio rural é rentável. As informações geradas também podem subsidiar a avaliação de pedidos de crédito por órgãos financiadores", destaca.
Atividade promissora
De acordo com diagnóstico realizado pela Embrapa, o Acre apresenta condições de clima e solo propícias para o cultivo de fruteiras nativas e exóticas, o que indica que a fruticultura pode ser uma atividade promissora para o Estado. O maracujá, o abacaxi e a banana estão entre as frutíferas mais cultivadas nas diversas regionais. Apesar das potencialidades comprovadas, a produtividade dos cultivos é baixa e a produção, concentrada principalmente nos municípios de Acrelândia, Porto Acre, Plácido de Castro, Tarauacá e Rio Branco, é insuficiente para atender à demanda interna. Estima-se que 50% das frutas consumidas no Acre vêm de outras regiões. Para Andrade, o uso de tecnologias, aliado ao desenvolvimento de ações de apoio e fomento à produção pode mudar essa situação.
"Existe um mercado crescente e novas tecnologias vêm sendo disponibilizadas para os agricultores. Recentemente foram recomendadas duas novas variedades de maracujá para o Acre, resistentes a doenças e mais produtivas. As pesquisas com essa cultura têm gerado excelentes resultados, o que tem contribuído para despertar o interesse de muitos produtores, que buscam orientações sobre como plantar e cultivar a fruta. Isto é animador, mas os agricultores precisam se unir para consolidar a cultura", diz o pesquisador.
Em 2015 a Embrapa também recomendou um método para controle da Sigatoka-negra em banana comprida, que vem sendo utilizado por agricultores de diversos municípios acreanos. Além disso, diversas variedades de bananas dos tipos prata e maçã, resistentes a pragas e doenças, recomendadas pela pesquisa, estão disponíveis no mercado. A empresa também investe em pesquisas para desenvolver variedades de abacaxi mais adaptadas às condições locais.
Os estudos com fruticultura no Acre visam à definição de sistemas de produção que permitam produzir de forma escalonada, plantando e colhendo durante todo o ano. "Isto possibilita gerar renda de forma contínua e contribui para a permanência das famílias no campo. Já chegamos neste patamar com a banana e estamos buscando esse resultado com as culturas do abacaxi e maracujá", afirma Andrade.
A fruticultura é uma importante fonte de alimento, emprego e renda para as famílias, no campo e na cidade. No contexto acreano pode ser também uma alternativa para o aproveitamento e recuperação ambiental de áreas desmatadas. Outro fator que favorece a atividade no Acre, segundo especialistas, é a sua localização geográfica estratégica, uma vez que faz fronteira com o Peru, Bolívia, Amazonas e Rondônia. Essa situação pode favorecer o escoamento da produção tanto para os países vizinhos como para outros estados brasileiros.
Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
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