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07/12/16 | Produção animal
[Podcast] Primeiro pastejo
Um manejo adequado da pastagem assegura ao produtor retorno econômico e longevidade do pasto. O zootecnista da Embrapa e um dos idealizadores da régua de manejo de pastagens, Haroldo Pires de Queiroz, fala sobre o primeiro pastejo, as formas de manejo e o uso da régua nesses processos, acompanhe: 1 - Recomendações de primeiro pastejo Depois de formada a pastagem é muito importante que haja um manejo bem feito, uma espécie de continuidade da formação da pastagem. Esse primeiro manejo tem como objetivo, em primeiro lugar, uniformizar a altura da pastagem. As plantas não germinam e nem crescem na mesma altura, você precisa começar de um ponto correto o manejo da pastagem, de uma altura correta. O segundo e mais importante objetivo do primeiro pastejo é eliminar os pontos de brotação que as plantas têm nas pontas, no alto, a chamada gema apical, e estimular as gemas que estão na base da planta, de modo que tenha bastante perfilhos, seja mais rigorosa e cubra melhor o solo. Então os dois objetivos do primeiro pastejo são: uniformização da área, principalmente, da altura da área a ser pastejada; e estimular o perfilhamento das plantas para que a pastagem se torne mais rigorosa. O primeiro pastejo deve ser feito quando a planta atingir mais ou menos 80% da altura recomendada, normalmente, para pastejo. Por exemplo, uma braquiária brizantha que tem altura máxima de manejo em 40 centímetros (cm) deve receber o primeiro pastejo entre 30 e 40 cm. Esse rebaixamento ao invés de ser total, como é em pastejo normal, por exemplo, em capim Tanzânia que você entra, normalmente, com 75 cm de altura e sai aos 35 cm, no primeiro pastejo deve ser entre 60 e 40 cm. Então se inicia o pastejo um pouco antes e termina um pouco antes para poupar a planta. Isso acontece, entre 40 e 70 dias, após a germinação da pastagem recém-formada, dependendo das condições de temperatura e precipitação. O primeiro pastejo deve ser efeito tanto para uma pastagem recém-formada em área recém-aberta ou em pastagem reformada e replantada. É muito importante considerar, nesse primeiro pastejo, esse tempo inicial. Assim que a planta atingir a altura, não deixar passar do ponto, não esperar que a planta fique alta demais e, principalmente, não esperar que venha uma ressemeadura, uma primeira semeadura, para ajudar a aumentar o número de plantas. Não se espera semear para dar o primeiro pastejo, porque a planta vai quase definhar, enquanto o objetivo de melhorar a cobertura do solo se obtém não com o aumento de plantas, formada a partir das sementes que caem, mas pelo estímulo ao perfilhamento da planta, quando você remove a gema apical e deixa a gema basal, perto do solo, formar novas plantas. 2 – Objetivos do manejo e como atingi-los Após o primeiro manejo, a pastagem precisa ser manejada corretamente com o objetivo de ter sua vida útil prolongada, por mais tempo possível, e ao mesmo tempo em que você deseja a máxima produção de forragem e os animais tenham o maior desempenho, o maior ganho de peso naquela área. São objetivos contraditórios, um é poupar a planta para que tenha uma vida útil mais longa e não degrade o ambiente; e outro, extrair o máximo de forragem daquela área com a maior qualidade possível, de modo que a produção de carne seja a máxima. Existem alguns componentes de manejo que são necessários para que se atinja essa combinação de longevidade da pastagem com a máxima produção animal na área. O manejo tem um componente muito importante que é a adubação da pastagem, reposição dos nutrientes que foram extraídos do solo pela planta e exportados da área pelo animal; segundo mais importante é a forma de utilização ou o pastejo propriamente dito, que são as alturas corretas em que a pastagem vai ficar no máximo e no mínimo. Ainda são componentes do manejo, o controle das invasoras, o controle de pragas e, eventualmente, a irrigação. Mas quando falamos de manejo das pastagens, nos referimos, principalmente, ao manejo do pastejo ou da utilização da forragem produzida na área. 3 – Manejo contínuo Existem dois alvos de manejo para as plantas – pastagens de crescimento rápido e pastagens de crescimento lento. Nas pastagens de crescimento lento, você deve tentar equilibrar a oferta de forragem, o crescimento das pastagens e a taxa de lotação. Você precisa ter a quantidade certa de animais na área para consumir somente a forragem, que está sendo produzida com aquele crescimento lento, de modo que cada espécie fique dentro da altura em que ela tem a máxima produtividade e a máxima longevidade. Por exemplo, os capins Marandu, Xaraés e Piatã você tem que manter uma taxa de lotação de maneira que a altura máxima no pastejo contínuo seja de 40 cm. Você deve reduzir a taxa de lotação quando essa pastagem baixar dos 20 cm. O pastejo contínuo é uma abstração, porque de tempos em tempos você precisa retirar todos os animais da área e dar algum descanso para que a pastagem se recupere. Na realidade, a maior parte das áreas é manejada de modo alternado e não continuadamente, o ano todo com animais na área. 4 – Manejo rotacionado No pastejo rotacionado o alvo é bem definido com altura de entrada e altura de saída dos animais para que a planta tenha a maior produção e os animais o maior desempenho. Cada espécie de forragem tem um ponto em que vai se iniciar pastejo e isso coincide com a máxima produção de folhas e antes que a planta comece a produzir caules ou matar aquelas folhas mais próxima do solo pelo sombreamento com as folhas de cima. Como a planta faz fotossíntese e depende da luz solar, ela tende a produzir folhas para captar o máximo de luz e chega ao ponto de as folhas de cima sombrear as folhas debaixo e a planta, nesse momento, tem a estratégia de alongar o caule para que entre luz entre as folhas, e, depois como ela não consegue mais alongar o caule, ela mata uma folha embaixo para dar vida a uma folha de cima. Esse ponto em que ela começa a alongar o caule é o ponto que deve se iniciar o pastejo. Geralmente, esse ponto acontece quando a planta intercepta 90 - 95% da luz que incide na área. Como o produtor não vai ficar medindo a interceptação de luz, há uma correlação muito alta para cada espécie de capim entre as alturas em que acontecem a interceptação de luz e é o momento de entrada. No capim Mombaça, esse 90% de interceptação de luz acontece por volta dos 90 cm de altura. Se você quiser fazer um manejo mais intenso você pode optar pela altura de entrada em 85 cm de altura. É mais intensivo, mas dá bons resultados, porque a planta tem um valor nutritivo superior. Já o capim Tanzânia, a altura em que acontece essa interceptação máxima de luz é de 70 cm e no capim Massai, 55 cm. Para o capim Zuri essa altura é em torno de 80 cm e o capim Tamani, 50 cm. Já o ponto de saída é aquele ponto em que a planta foi consumida toda a parte de boa qualidade, as folhas, mas ainda há um resíduo que permite um crescimento rápido, com retorno rápido, com um menor número de dias possível, a altura para um novo pastejo. Você deve retirar os animais, com certa reserva de plantas, com um resíduo de plantas suficientes para que essa pastagem se recupere e cresça rapidamente. Esse ponto de equilíbrio varia também de espécie para espécie forrageira. O capim Mombaça que tem a altura correta de entrada por volta de 90 cm tem o ponto de saída em torno de 40 cm. O Tanzânia que entra aos 70 cm deve ter os animais retirados aos 35 cm. O Massai que você entra com animais aos 55 cm deve ter os animais retirados com 25 cm. O Zuri que você entrou com 80 cm, deve sair com 35 cm. O Tamani que você entrou com 50 cm, vai retirar os animais com 25 cm de altura para ter uma boa rebrota e um novo ciclo de pastejo rotacionado. 5 – Pastejo contínuo ou rotacionado O que leva o produtor a optar por um sistema de pastejo ou outro é o custo operacional da mão-de-obra, que é muito maior no pastejo rotacionado e que você precisa verificar, diariamente, o ponto de saída dos animais, se a pastagem já rebaixou o suficiente. É preciso verificar qual o próximo piquete para onde os animais vão ser levados, qual piquete que atingiu a altura correta. Também o pastejo rotacionado implica na divisão de áreas e no gasto maior com cercas. Então você só vai optar pelo pastejo rotacionado, com esse gasto maior tanto com instalações quanto com mão-de-obra, se a planta responder com crescimento intenso e alta capacidade de suporte, é o caso do capim colonião e pennisetum. Já as pastagens que têm crescimento mais lento, taxa de lotação mais baixa, podem ser manejadas contínua ou alternadamente, com o menor gasto de mão-de-obra, com áreas maiores e com menor número de cercas. 6 – Ferramentas de manejo O manejo é relativamente simples, o que o produtor precisa é de disciplina para manejar a planta nas alturas adequadas e de uma ferramenta física para ele comparar, não variar aquela a ideia de entrar em um Mombaça a 90 cm de altura e não entrar com 80, um metro pensando que está entrando com 90 cm. Para isso a Embrapa desenvolveu uma régua de manejo, onde se marca os pontos de entrada e de saída para as espécies de pastejo rotacionado. As alturas de entrada e as alturas de saídas estão assinaladas na régua, criando uma faixa de utilização para cada tipo de capim, quando é rotacionado. Já nas plantas de pastejo contínuo, temos na régua a indicação da altura máxima que está planta deve atingir, para que não perca a qualidade; e a altura mínima, que deve ser rebaixada, de modo a preservar a produtividade e a longevidade da pastagem. 7 – Manejar vale quanto? Apesar de ser uma ideia simples, o manejo vale muito dinheiro. Primeiro por que ao prolongar a vida útil da pastagem ele vai reduzir o custo da propriedade com recuperação de pastagem. Uma pastagem bem manejada pode durar 30 anos, enquanto que uma mal vai durar 15, 10 anos, então você dobra os gastos com recuperação de pastagens se o manejo não for feito adequadamente. Outro ponto no dia-a-dia é que uma pastagem bem manejada pode produzir 30% a 50% a mais de carne por hectare. Uma pastagem Tanzânia que deve ter o ponto de saída a 35 cm de altura, se for continuamente pastejado a 20 cm de altura, vai produzir muito menos forragem a cada ciclo de pastejo, ele vai demorar mais dias para atingir a altura de entrada, que é 75 cm, e vai haver uma perda na capacidade de suporte, na taxa de lotação na área e também vai terminar tendo uma redução no desempenho animal, quando você força consumir aquela forragem que existe de má qualidade de 35 cm até os 20 cm, que não seria adequado consumir. Essa perda no Tanzânia pode chegar a 30% de redução na produção de carne por hectare, tanto pela redução na taxa de lotação, consequência da menor produção de forragem e maiores intervalos entre ciclo de pastejo, quanto pelo menor desempenho individual dos animais. Nas espécies de pastejo continuo também existe muito prejuízo tanto pelo subpastejo quando você deixa uma área de Marandu ou Piatã ficar alta demais e vai aumentar a produção de talos, forçando os animais a consumir uma forragem de péssima qualidade. Nesse ponto você tem uma redução no desempenho dos animais aí na faixa de 600 - 700 gramas/cabeça/dia para em torno de 400 - 450 gramas/cabeça/dia ao forçar o animal a ingerir uma forragem em que a proporção de folhas caiu e a proporção de talos aumentou. Do mesmo modo se você forçar o animal a consumir forragem abaixo dos 20 cm, indicado como altura mínima para essas espécies, além de forçar os animais a consumir praticamente só o talo que naquela altura a porcentagem de folhas já é muito baixa levando a uma perda no desempenho dos animais; você terá também uma redução muito alta na taxa de lotação, por que uma vez que você não tem mais folhas na área para fazer fotossíntese e provocar o crescimento de nova forragem, você vai ver reduzir a taxa de lotação. No final você vai multiplicando a perda de desempenho individual, que cai de 600 - 700 para em torno de 400 pela redução na capacidade de suporte, que cai de 2 e ½ para o 1 e ½, você vai ter uma enorme redução na produção de carne em arrobas por hectare. Edição: Luiz Leal
Um manejo adequado da pastagem assegura ao produtor retorno econômico e longevidade do pasto. O zootecnista da Embrapa e um dos idealizadores da régua de manejo de pastagens, Haroldo Pires de Queiroz, fala sobre o primeiro pastejo, as formas de manejo e o uso da régua nesses processos, acompanhe:
1 - Recomendações de primeiro pastejo