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Cultivo protegido é destaque no XXIV Congresso de Irrigação e Drenagem
Se depender da disposição manifestada por participantes do XXIV Conird – Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem, realizado entre os dias 08 a 12 de setembro, em Brasília-DF, abriram-se novas perspectivas relacionadas à otimização do uso do cultivo protegido (produção de flores, frutas e hortaliças sob estruturas plásticas) no Brasil. Levantado pelo pesquisador Marcos Braga, da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), o tema norteou a palestra de abertura do Seminário 1, proferida pelo pesquisador e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento Ítalo Guedes, e foi o ponto central da Oficina 3, conforme explica o pesquisador Marcos Braga, coordenador e responsável pela introdução dessa matéria na programação do evento.
Segundo ele, a pertinência da introdução do cultivo protegido na agenda do seminário teve lugar ainda na fase de organização, onde se discutia os tópicos que iriam fazer parte das conferências (3), seminários (3) e oficinas (6), essas últimas apontadas pelo pesquisador como espaços ideais para detalhar temas vistos como relevantes. "Como locais de discussões temáticas, as oficinas foram importantes fóruns para aprofundar a análise de algumas questões ligadas à agricultura irrigada, foco do Conird. Com base nesse pressuposto, foi sugerida a inclusão do cultivo protegido entre as apresentações, por envolver um sistema de produção que implica no uso racional de água através da técnica da irrigação", discorre o pesquisador.
A oficina – O Desenvolvimento dos Cultivos Protegidos, os Sistemas de Produção com Maximização de Aproveitamento da Água -, coordenada por Braga, discutiu também o que ele considera como um dos gargalos que impedem a expansão do cultivo protegido no País: a importação de tecnologias não adaptadas às nossas condições climáticas. "Uma tecnologia utilizada para região de clima temperado, por exemplo, não se adapta ao clima tropical do Brasil, ou seja, é preciso desenvolver sistemas de cultivo protegido para as nossas condições edafoclimáticas, e também para as variáveis socioeconômicas dos produtores", observa o pesquisador. Em sua opinião, seria bastante desejável um avanço maior, levando-se em conta que o Brasil, apesar de seu grande potencial agrícola, tenha em torno de 20 a 25 mil hectares com cultivo protegido, enquanto países bem menores, como a Coreia do Sul, reserve mais de 65 mil hectares cultivados com o uso da tecnologia.
Entre as problemáticas elencadas, questões como a necessidade de os produtores encontrarem respostas às perguntas associadas à diversidade das condições edafoclimáticas das regiões brasileiras - quanto e quando irrigar, quais os fertilizantes podem ser usados, como fertirrigar, que tipo de estrutura usar, que tipo e qualidade de material para coberturas, como se faz o controle da temperatura... entre outras, fizeram parte da pauta de discussões.
Parcerias
Todas essas questões estimularam a busca de um denominador comum, isto é, um ponto convergente entre os participantes que permitisse a superação dos obstáculos relativos ao uso da tecnologia. O pesquisador explica que ao longo dos trabalhos da oficina, relações foram sendo construídas visando futuras parcerias, a exemplo do Comitê Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicação de Plásticos na Agricultura (Coblapa), da Emater-DF e da CATI-SP, e que também incluíram propostas de trabalhos conjuntos com a Universidade de Almeria, na Espanha, país que tem uma longa tradição com produção sob cultivo protegido, e que desenvolvendo avançadas tecnologias nessa área.
"Vejo com bastante otimismo todas essas perspectivas, porque vão ao encontro de proposta de arranjo de projeto, em avaliação pela diretoria da Embrapa, e que contempla a necessidade de parcerias", acentua Braga, que destaca ainda nesse contexto a proposta da criação da Associação Brasileira de Agricultura em Ambiente Protegido (ABAAP), "que poderá representar um avanço considerável para a toda a cadeia de produção agrícola que trabalha com esse processo".
Tecnologia
A proposta de aliar o tema do cultivo protegido ao evento sobre irrigação e drenagem foi considerada extremamente positiva pelo pesquisador e chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Hortaliças Ítalo Guedes, para quem uma das vantagens da tecnologia é justamente a economia e uma maior racionalização do uso da água.
"No cultivo protegido, em geral, são utilizados sistemas de irrigação que chamamos de localizados, como gotejamento e microaspersão, que levam a água bem próxima da raiz da planta, o que torna o cultivo bem mais racional, tanto em termos de uso de água como de fertilizantes", anota Guedes.
No quesito hortaliças, o Distrito Federal se destaca no uso dessa tecnologia, tendo em vista que a região sedia hoje uma das maiores áreas de cultivo protegido do Brasil, tendo como principais cultivos pimentão, tomate morango. Embora alcancem bons resultados, o pesquisador Braga sublinha a necessidade de ajustes no manejo de todo o sistema, o que, segundo ele, "possibilitará maiores ganhos econômicos para esses produtores".
Anelise Macedo (2.749/DF)
Embrapa Hortaliças
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