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04/12/19 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Dia de Campo: Embrapa lança nova cultivar de amendoim forrageiro para consórcio com pastagens

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Foto: Maykel sales

Maykel sales - Consórcio de capim Decumbens com amendoim forrageiro BRS-Mandobi em propriedade rural de Rio Branco (AC)

Consórcio de capim Decumbens com amendoim forrageiro BRS-Mandobi em propriedade rural de Rio Branco (AC)

No próximo dia 7 de dezembro (sábado), produtores rurais, técnicos que atuam no apoio à produção pecuária, gerentes de fazendas e profissionais de casas agropecuária poderão conhecer os benefícios da BRS Mandobi, primeira cultivar brasileira de amendoim forrageiro (Arachis pintoi) propagada por sementes, no consórcio com gramíneas forrageiras. Desenvolvida pela Embrapa, a tecnologia ajuda a diversificar as pastagens, melhora a fertilidade do solo e a dieta animal e mantém o pasto produtivo por mais tempo. O alto rendimento de forragem de qualidade aumenta em 46% a produtividade do rebanho. O Dia de Campo para lançamento da tecnologia será realizado na Fazenda Guaxupé, localizada no quilômetro 33 da Rodovia AC-90 (Estrada Transacreana), município de Rio Branco (AC).

Durante o evento serão apresentados dados da pesquisa com a cultivar, incluindo o passo a passo para formação de pastagens consorciadas, resultados da produtividade do rebanho e viabilidade econômica do uso da tecnologia em sistemas pecuários do Acre, além de informações sobre planejamento e gestão ambiental de agroecossistemas e depoimentos de produtores sobre experiências com a BRS Mandobi.  O evento tem a parceria da Associação para Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), entidade que congrega 31 empresas do setor de produção de sementes, e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

Segundo Bruno Pena, chefe-adjunto de transferência de tecnologias da Embrapa Acre, a nova cultivar de amendoim forrageiro é uma alternativa para a intensificação da atividade pecuária, com baixo impacto ambiental. "Além de reduzir custos na implantação de pastagens consorciadas, já que as cultivares propagadas por mudas demandam uso excessivo de mão de obra, visa melhorar o cesso a sementes de qualidade. Por ser importado de outros países, o quilo do produto chega a custar 200 reais no mercado brasileiro. Com a BRS Mandobi os preços serão mais compatíveis com a realidade dos produtores rurais”, afirma.

Duas décadas de pesquisa

A BRS Mandobi é resultado de 20 anos de pesquisas, realizadas no âmbito do projeto "Desenvolvimento de cultivares de amendoim forrageiro para uso em sistemas sustentáveis de produção pecuária", executado pela Embrapa Acre (AM), em parceria com a Embrapa Rondônia (RO), Amazônia Ocidental (AM), Amazônia Oriental (PA), Cerrados (DF), Gado de Corte (MS), Gado de Leite (MG), Pecuária Sudeste (SP), Pecuária Sul (RS) e Clima Temperado (RS) e Associação para Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), entidade que reúne mais de 30 empresas do setor de produção de sementes.

A tecnologia está registrada no Sistema Nacional de Proteção de Cultivares do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Durante o Dia de Campo serão comercializadas sementes da BRS Mandobi, produzidas no campo experimental da Embrapa Acre.  Ao preço de 100 reais o quilo do produto. Cada produtor poderá adquirir uma quantidade mínima de quatro quilos e máxima de 50 quilos de sementes.

Produtiva e adaptada

As pesquisas com a BRS Mandobi mostraram que a cultivar é produtiva (três mil quilos de sementes/hectare), resistente a doenças, tolera bem o alagamento do solo e a seca, além de ser altamente persistente no pasto e apresentar elevada compatibilidade no consórcio com gramíneas e eficiência no processo de semeadura das sementes. Adaptada para os biomas Amazônia e Mata Atlântica, a cultivar pode ser utilizada em consórcio com diferentes gramíneas forrageiras, incluindo os capins Marandu, Xaraés, Piatã, Humidícola, Tangola, Decumbens, Mombaça, Massai e a Grama-estrela.

De acordo com a pesquisadora Giselle de Assis, coordenadora da Rede Nacional de Melhoramento de Amendoim Forrageiro, quando bem manejadas, pastagens consorciadas com amendoim forrageiro apresentam maior longevidade e garantem a manutenção da produtividade da forragem por meio da fixação biológica de nitrogênio no sistema, processo que reduz custos com adubação nitrogenada e aumenta a produtividade animal. A BRS Mandobi pode ampliar o uso dessa leguminosa na intensificação da produção pecuária a pasto”, explica.

Nitrogênio para as pastagens e proteína para o rebanho

Durante o Dia de Campo, o pesquisador da Embrapa Acre, Judson Valentim, fará um breve histórico do desenvolvimento da cultivar BRS Mandobi, destacando características da planta, comprovadas pelos estudos, como a capacidade de capturar nitrogênio do ar e fixar no solo, em função da associação da planta com bactérias que vivem na terra. De acordo com o especialista, em consórcios com 30% de amendoim forrageiro na sua composição, é possível incorporar até 150 quilos de nitrogênio na pastagem, o equivalente a 330 quilos de ureia, obtidos de forma natural.

“Esse resultado proporciona economia anual de cerca de 600 reais por hectare, para o produtor rural, que deixa de gastar com adubos nitrogenados. Além de suprir a necessidade de nitrogênio nas pastagens, a baixo custo, o amendoim forrageiro possui elevado teor de proteína bruta, entre 18 e 25%, nutriente que melhora a qualidade da forragem e o desempenho produtivo do rebanho. Bem consumida pelo gado, a planta proporciona aporte proteico à dieta animal, fator que reduz a emissão de carbono no ar, contribuindo para mitigar os impactos ambientais da produção de carne e leite a pasto”, explica.

Marcos Roveri, gerente da Unipasto considera o consórcio de gramíneas com leguminosas de alto valor agregado, como o amendoim forrageiro, uma estratégia eficiente para promover de forma contínua a sustentabilidade pecuária na Amazônia e outras regiões do País. “Apostamos nesses sistemas por acreditar na viabilidade competividade e nos ganhos reais para a produção de carne e leite e para o meio ambiente”, afirma.

Resultados

Na estação sobre o desempenho animal em pastos consorciados com BRS Mandobi serão destacados resultados de pesquisas realizadas em sistema de cria e engorda, em fazendas comerciais do Acre, incluindo ganho de peso e aumento da produção. Conforme o pesquisador Maykel Sales, em pastos formados exclusivamente com gramíneas, a produtividade potencial foi de 24 arrobas de peso vivo/hectare/ano, apenas com suplementação mineral. Já em pastagens consorciadas, a produtividade saltou para 35 arrobas de peso vivo/hectare/ano.

“Embora alcançado por parâmetros rigorosos de pesquisa, esse resultado é fantástico se comparado à produtividade média da pecuária nacional, em sistemas completos de cria, recria e engorda, de seis arrobas de peso vivo por hectare/ano em pastos puros. Em consórcios conduzidos de forma convencional, em propriedades rurais familiares do Acre, a produtividade mínima é 12 arrobas de peso vivo/hectare/ano, o dobro da média nacional”, enfatiza o pesquisador.

Os efeitos do consórcio de gramíneas com a cultivar de amendoim forrageiro BRS Mandobi foram observados também em outros aspectos da atividade pecuária. Confira mais vantagens da adoção da tecnologia atestadas pelas pesquisas da Embrapa.

Confira as vantagens da cultivar BRS Mandobi no vídeo.

Formação e manejo do consórcio

Na estação sobre os métodos de implantação de consórcios e os cuidados com o manejo de pastagens com a nova cultivar de amendoim forrageiro serão destaque, entre outras recomendações, o uso de 10 a 15 quilos de sementes da BRS Mandobi para formação de um hectare de pastagem consorciada, alternativas de plantio para formação de novas pastagens consorciadas e em pastos já estabelecidos, a redução em 30% da taxa de semeadura da gramínea e a realização do primeiro pastejo, quando a forrageira cobrir totalmente o solo.

“Além disso, o preparo da área com grade ou enxada-rotativa, para o plantio em faixas, e cuidados no manejo da pastagem como a aplicação de herbicida glifosato, na dosagem recomendada, diminuem a competição da gramínea com a leguminosa e ajudam a assegurar o pleno estabelecimento do amendoim forrageiro na pastagem”, explica o pesquisador Carlos Maurício de Andrade.

Diva Gonçalves (Mtb-0148/AC)
Embrapa Acre

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