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08/02/22 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Produção animal

Pesquisa desenvolve método para estimar fertilidade de vacas em programas de IATF

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Foto: Luiz Pfeifer

Luiz Pfeifer - Informações do Índice permitem identificar quais animais possuem maior ou menor potencial reprodutivo, o que favorece possibilidade de correção para o êxito do processo

Informações do Índice permitem identificar quais animais possuem maior ou menor potencial reprodutivo, o que favorece possibilidade de correção para o êxito do processo

  • Índice de condição corporal (iECC) é capaz de identificar fêmeas com maior probabilidade de prenhez e oferece uma avaliação da condição nutricional das vacas 

  • iECC pode evitar gastos desnecessários e oferecer dados para identificar a necessidade de investimentos em manejo nutricional para o melhor desempenho dos animais.

  • iECC elevado também indica produção de carne mais sustentável, já que que com os mesmos insumos o produtor poderá produzir mais bezerros por meio da IATF.

  • Índice pode ajudar a manter as taxas de eficiência do protocolo de IATF cada vez mais altas.

Os pecuaristas brasileiros que utilizam protocolos de inseminação artificial em tempo fixo (IATF) contam agora com um aliado para melhorar a fertilidade do rebanho. A Embrapa desenvolveu o índice de condição corporal (iECC) que oferece informações rápidas, objetivas e confiáveis sobre o potencial de fertilidade dos animais incluídos em programas de IATF. Com isso, técnicos e produtores poderão tomar decisões imediatas. Para facilitar o acesso a esse índice, resultado de uma série de cálculos matemáticos, a pesquisa disponibiliza uma planilha MS Excel automatizada, que pode ser baixada  gratuitamente e utilizada em tempo real no curral, pelo celular. O usuário precisa apenas inserir o escore de condição corporal de cada vaca que será submetida à IATF.

O iECC de vacas de corte é inédito e faz a relação entre o escore de condição corporal (ECC) e a fertilidade de vacas de corte pós-parto submetidas aos protocolos de IATF. É um método capaz de identificar animais com maior probabilidade de prenhez e oferece uma avaliação da condição nutricional das vacas que serão incluídas em programas de IATF. “A previsibilidade de resultados e a instrumentalização do produtor são as principais vantagens do uso desse índice no processo de IATF, com foco na máxima eficiência do rebanho”, destaca o pesquisador da Embrapa Rondônia, Luiz Pfeifer, responsável pela criação do índice.

As informações que o iECC oferece podem envolver a identificação de gastos desnecessários na inseminação de animais com menor probabilidade de prenhez, ou mostrar a necessidade de investimentos em manejo nutricional para promover o melhor desempenho dos animais. Isso porque as informações oferecidas deixam claro quais animais que tem maior ou menor potencial reprodutivo, o que favorece possibilidade de correção para que o processo tenha sucesso.

Outra vantagem é que o elevado iECC também está associado à produção de carne mais sustentável, já que que com os mesmos insumos o produtor poderá produzir mais bezerros com o uso da IATF, uma vez que bezerros produzidos via inseminação artificial têm melhor eficiência do que os produzidos por monta natural. “O iECC foi desenvolvido para auxiliar os produtores a aumentar a fertilidade do rebanho e, consequentemente, o potencial de exploração na mesma área e com os mesmos insumos”, afirma Pfeifer.

Incentivo à IATF

Segundo o pesquisador, o uso sistemático do índice também incentiva a utilização da IATF pelos produtores. Isso porque as informações confiáveis oferecidas sobre a condição nutricional podem deixar claro onde estão os pontos que podem comprometer a eficiência desse protocolo, favorecendo sua maior adoção.

No Brasil, a IATF cresce cada vez mais. Estima-se que 22% das vacas de corte são inseminadas nesse processo no País. Para se ter ideia, há dez anos eram cerca de 6%. “Quando se aumenta muito o uso do protocolo, a eficiência tende a diminuir. O índice criado pode auxiliar a manter as taxas do protocolo de IATF cada vez mais altas, ou mesmo aumentá-las”, aponta o pesquisador.

Acesso rápido, fácil e com informações confiáveis

Estudos demonstram que o escore de condição corporal de vacas pós-parto está diretamente associado ao desempenho reprodutivo. Vacas com um bom ECC (entre 3 e 4) têm maior probabilidade de prenhez do que as fêmeas que apresentam ECC abaixo ou acima dessa amplitude. Dessa forma, a maior eficiência reprodutiva pode ser alcançada quando a avaliação de ECC é utilizada como critério para selecionar as fêmeas com maior probabilidade de emprenharem por IATF. 

Com isso, a adoção sistematizada dessa avaliação, baseada não na média de ECC do rebanho, mas na avaliação individual dos animais, confere resultados objetivos e mais assertivos do efeito do ECC na probabilidade de prenhez de vacas que participam de protocolos de IATF.

A relação do iECC e a fertilidade foi validado em pesquisa realizada em parceria de unidades da Embrapa Rondônia e Embrapa Pantanal. Foram avaliados 31 lotes de inseminação contendo mais de 2,3 mil animais. Nesse trabalho, os pesquisadores verificaram que melhor fertilidade foi atingida em lotes de vacas com melhor iECC. "A utilização desse índice pode auxiliar o produtor e o técnico dando informações mais precisas sobre a condição corporal e a fertilidade dos animais utilizados em reprodução", complementa o pesquisador da Embrapa Pantanal, Ériklis Nogueira.

Pfeifer explica que, apesar de uma vaca com ECC 3, por exemplo, ter condições de realizar todas as funções reprodutivas, cumprindo seu papel no sistema de produção, um lote de vacas com ECC médio de 3 não diz muito ao produtor. Pois a média não traduz a individualidade de cada animal do lote. Pfeifer cita que a média entre dois animais com ECC de 1 e de 5, respectivamente, é 3. Entretanto, nenhum desses dois animais está em condições adequadas para atingir bons índices de fertilidade.

Já o índice desenvolvido demonstra que, quanto maior o iECC melhor a fertilidade. Pois ele leva em consideração o quanto cada fêmea está distante do objetivo que deve alcançar. “Essa é a fórmula matemática que está evolvida na planilha que estamos disponibilizando aos técnicos e produtores. São informações objetivas e seguras para que o técnico e o pecuarista possam tomar decisões quanto ao rebanho”, diz Pfeifer.

Como calcular o iECC

Para calcular o índice, o primeiro passo é avaliar o ECC individual de todas as vacas que farão parte do protocolo de IATF. Isso pode ser feito de forma visual, usando uma escala de ECC de 1 a 5 com incrementos de 0,25 unidades de ECC (1 = magro, 5 = gorda). Com esse dado, basta inserir na planilha que ela gera automaticamente o resultado do índice. Caso o produtor não saiba avaliar o ECC do animal, a régua Vetscore, ferramenta simples desenvolvida pela Embrapa Rondônia, que pode auxiliar na identificação de animais com adequado ECC. Esse dispositivo é formado por duas réguas articuladas que, ao serem posicionadas sobre a garupa do animal, indicam sua condição corporal.

Para o uso da planilha em tempo real no curral de manejo é importante que seja feito seu download com o uso da internet. Depois, ela estará disponível no computador ou celular onde foi baixada para que possa ser acessada e realizar os cálculos em modo off-line (sem o uso da internet). A equipe de pesquisa da Embrapa continua trabalhando no desenvolvimento de um aplicativo para celular, para os sistemas Android e iOS, buscando tornar ainda mais prático o acesso ao cálculo do iECC, para que seja sistematicamente utilizado pelos pecuaristas conferindo mais eficiência ao sistema reprodutivo da propriedade.

Os detalhes com o passo a passo utilizado para a elaboração deste índice pode ser acessado no comunicado técnico, clique aqui.

 

Renata Silva (MTb 12361/MG)
Embrapa Rondônia

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Telefone: (69) 3219-5011

Tradução em inglês: Mariana Medeiros (13044/DF)
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