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“Capacidade brasileira na área de reprodução animal é muito reconhecida no exterior”, afirmou especialista americana durante visita ao Brasil.
A diretora de pesquisa do Centro de Medicina Reprodutiva do Colorado, EUA, Rebecca Krisher, esteve na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia na semana de 29 de agosto a 01 de setembro, onde proferiu uma palestra sobre o "Uso da metabolômica na reprodução assistida em mamíferos". Durante a estada no Brasil, Krisher, que é PhD em Ciência Animal, compartilhou seus conhecimentos também com os estudantes de graduação e pós-graduação do Campo Experimental Fazenda Sucupira (Brasília, DF) que atuam na área de biotecnologia da reprodução animal sob a orientação da equipe de pesquisadores da Embrapa.
A vinda dela à Unidade se deve a uma parceria com a pesquisadora Margot Dode iniciada em 2012. Apesar dos enfoques diferentes, já que a pesquisadora americana trabalha na área de embriologia humana e Margot na de reprodução animal, os interesses são comuns, como explica Krisher. "O foco de nossas pesquisas está na compreensão dos processos metabólicos dos embriões não apenas para garantir e aumentar a qualidade do material conservado, como também para identificar melhores maneiras de transferi-los".
A instituição americana na qual Krisher trabalha é voltada à reprodução humana, mas os embriões pesquisados são de camundongos e vacas, já que nos Estados Unidos e Brasil, entre outros países, existem questões éticas que impedem a manipulação de embriões humanos.
Isso explica a similaridade entre os trabalhos dela e da pesquisadora Margot Dode. "Desde 2012, compartilhamos conhecimentos para aprimorar as pesquisas com embriões", comenta.
A metabolômica tem se mostrado uma grande aliada dessas pesquisas, como explica Krisher, já que permite compreender os caminhos metabólicos dos embriões. "O que nos interessa de fato é conhecer melhor o metabolismo dos embriões e suas relações com os meios de cultura que utilizamos para fazê-los crescer in vitro (em tubos de ensaio) ", ressalta. É sabido que há uma troca entre os embriões e o meio de cultura. Eles se nutrem dos ingredientes usados na sua composição, mas também produzem substâncias que se incorporam aos meios de cultura. "Essa troca entre os embriões e o ambiente in vitro onde se desenvolvem é o principal foco dos nossos estudos", enfatiza a pesquisadora americana. Ela acredita que esse conhecimento pode aprimorar a qualidade do material genético produzido e as técnicas de transferência para mamíferos, de forma geral, tanto humanos como animais.
Ela explica que a metabolômica permite conhecer os caminhos bioquímicos dentro do embrião, influenciados pelo ambiente de cultura. Para isso, são utilizados embriões bovinos e de ratos como modelos para os estudos com embriões humanos. As pesquisas já resultaram em dados que sugerem que podem haver marcadores metabólicos capazes de prever o potencial de implantação. Além disso, o grupo de pesquisa liderado por Krisher está investigando ativamente formas para tentar reverter a perda de qualidade do embrião decorrente da idade materna avançada pelo suporte metabólico adaptado durante o cultivo de embriões in vitro. "O intuito é utilizar esses resultados na aplicação clínica, a partir de meios de cultura melhorados para aprimorar a reprodução humana assistida", complementa.
Visita à Embrapa: elogios e futuras cooperações à vista
Além do compartilhamento de conhecimentos com os pesquisadores e estudantes que compõem a equipe de biotecnologia da reprodução animal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Krisher explicou que foram discutidas novas linhas de cooperação futura entre Brasil e EUA na área de embriologia.
Segundo ela, a visita à Unidade foi extremamente produtiva e, por isso, pretende voltar em breve.
A pesquisadora americana aproveitou para ressaltar que a capacidade brasileira, especialmente da Embrapa, na área de biotecnologia da reprodução animal é muito reconhecida no exterior. Ela tem em sua equipe na empresa americana uma pesquisadora brasileira, Helena Silva.
Brasil é líder na produção de embriões bovinos em nível mundial
Esse reconhecimento se deve ao fato de o país ocupar o topo do ranking da produção mundial de embriões bovinos pela técnica de fertlização in vitro (FIV). Segundo dados da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE), dos 600 mil embriões produzidos por ano no mundo, 450 mil são brasileiros. Para Krisher, "o Brasil só chegou a esse patamar graças à expertise da Embrapa na área de pesquisa e da transferência desse conhecimento ao setor produtivo".
De fato, uma das prioridades da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia é transferir seus resultados de pesquisa na área de reprodução animal ao setor privado. Para isso, promove, anualmente, no mínimo dois cursos nessa área no Campo Experimental Fazenda Sucupira voltados a profissionais e estudantes de pós-graduação de todas as regiões brasileiras e até do exterior.
Em novembro próximo, acontece o curso "Criopreservação: congelamento e vitrificação de ovócitos e embriões bovinos" voltado a profissionais das áreas de Medicina Veterinária, Biotecnologia, Biologia e outras afins, com o objetivo de capacitar os participantes nas técnicas de criopreservação de ovócitos e embriões bovinos, a partir de conhecimentos práticos e teóricos dos procedimentos de congelamento clássico e vitrificação.
Fernanda Diniz (MTB/DF 4685/89)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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