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Entidades discutem soluções para catadoras de mangaba de Aracaju
Uma fruta que é símbolo do estado de Sergipe. Um trabalho que é marcado pela representatividade feminina e por sua luta em prol de condições dignas de trabalho e da preservação ambiental. Foi em busca do apoio da Prefeitura de Aracaju, para que a junção desses dois fatores continue sobrevivendo na capital sergipana, que representantes das catadoras de mangaba estiveram na manhã desta terça-feira, 18, reunidos com a vice-prefeita e Secretária Municipal da Assistência Social e Cidadania, Eliane Aquino.
A reunião foi solicitada pela procuradora do Ministério Público Federal em Sergipe, Lívia Tinôco, visando ações que permitam a continuidade do trabalho do grupo. "O movimento das catadoras de mangabas está em risco. Com a parceria estabelecida com a Embrapa nós tivemos, no final do ano passado, o resultado de um estudo que demonstrou que em seis anos 30% das áreas de extrativismo da mangaba no estado de Sergipe foram dizimadas. Então, não podemos assistir a isso sem tomar providências porque se esse ritmo se mantiver nós vamos ver a árvore símbolo de Sergipe acabar. Essa articulação em prol das catadoras é muito importante, pois em um só tempo estamos trabalhando questões culturais, recorte de gênero e proteção ambiental. São várias temáticas importantes que perpassam a luta delas", explicou a procuradora.
Esse foi o segundo encontro que o MPF realizou com prefeituras dos 13 municípios onde há ocorrência de mangaba no estado. O primeiro aconteceu no início de abril com o prefeito da Barra dos Coqueiros, Airton Martins. Representaram a Embrapa na reunião a pesquisadora Dalva Mota e a analista Raquel Fernandes, editoras técnicas dos estudos de mapeamento do extrativismo da mangaba em Sergipe, além do supervisor de comunicação, Saulo Coelho.
Durante a reunião, foram apresentadas as demandas das catadoras para iniciar um diálogo e evitar a extinção do grupo. Sensível à causa, a vice-prefeita colocou a administração municipal, através da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc), à disposição para participar da elaboração conjunta de estratégias que possam atender as demandas das catadoras de mangaba em Aracaju. O objetivo é poder contribuir não só para a preservação da fruta, mas especialmente para o desenvolvimento das famílias que dependem desse extrativismo.
"Há várias questões sociais entrelaçadas à situação das catadoras de mangaba. Não podemos perder de vista a importância cultural, tampouco a preservação ambiental, mas, sobretudo, não podemos esquecer a representatividade da luta dessas mulheres. Estamos aqui para apoiá-las no que for possível. Através da Semasc, por exemplo, já solicitei que as equipes dos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) dos bairros 17 de Março e Santa Maria visitem essas famílias, realizem o cadastro daquelas que por ventura ainda não estejam inseridas no Cadastro Único e façam um levantamento da situação", assegurou Eliane.
Dificuldades
A principal área de exploração de mangabas em Aracaju está localizada nos bairros Santa Maria e 17 de Março. Segundo o grupo, a região foi bastante afetada nos últimos anos com a derrubada de mangabeiras para construções habitacionais e também com a chegada de uma ocupação irregular conhecida como "Invasão das Mangabeiras", que reduziu ainda mais a área de extrativismo e também tem gerado pontos de atrito entre os moradores e os trabalhadores da mangaba.
"Em Sergipe, encontramos as comunidades que mais dominam o extrativismo da mangaba, mas também uma grande gama de desafios para o desenvolvimento da atividade. As pesquisas que temos feito, infelizmente, deixam clara a redução das áreas de extrativismo para o uso dos espaços para outras atividades. Precisamos nos unir para enxergamos o problema de forma conjunta e buscarmos soluções", afirmou a analista da Embrapa, Raquel Fernandes.
Missionário e filho de catadora de mangabas, Wilson de Sá da Silva também acompanhou a reunião e revelou que hoje sua maior preocupação refere-se à segurança das famílias remanescentes que residem na área de plantio das mangabeiras na região do bairro 17 de Março. "Temos tido uma série de problemas com as pessoas que estão na ocupação irregular que se formou, há cerca de dois anos, no entorno das mangabeiras. Tem ocorrido uma série de ameaças e as pessoas vivem assustadas com a possibilidade delas se concretizarem. Essas famílias estão ali há mais de 50 anos", declara.
Encaminhamentos
Uma das possibilidades apontadas pela procuradora como sugestão para assegurar a permanência dessas famílias e a continuidade do extrativismo é a criação, com o apoio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente na elaboração do projeto, de uma Reserva Extrativista (Resex). A ideia é garantir oficialmente uma área de proteção que não sofra com o avanço imobiliário ou ocupações irregulares.
Foi acordada a realização de uma reunião ampliada no mês de maio com a participação das catadoras de mangaba, do MPF, da Embrapa, da deputada Ana Lúcia, da vice-prefeita, além de representantes da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), da Secretaria de Estado da Segurança Pública e das secretarias municipais e estaduais de Meio Ambiente, Assistência Social e Planejamento, Orçamento e Gestão.
Além de diversas catadoras de mangaba, também participaram da reunião representantes da Infraero, que já cedeu uma área para que vinte famílias realizem o manejo sustentável da mangaba, e a deputada estadual Ana Lúcia Vieira, que tem acompanhado de perto as ações que envolvem o extrativismo da mangaba.
*Texto: Secom / Prefeitura de Aracaju
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