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Consórcio Brasil-Europa financia pesquisa em internet das coisas para irrigação inteligente
Pesquisadores brasileiros vão desenvolver métodos baseados em internet das coisas para gerenciamento inteligente de água em irrigação de precisão. A criação de uma plataforma inteligente de gerenciamento de água é o objetivo do projeto Smart Water Management Platform (SWAMP), aprovado na 4ª Chamada Coordenada Brasil-União Europeia em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC).
A proposta, contemplada com recursos de 1,5 milhão de euros (cerca de 5,5 milhões de reais), concorreu com outras 50 submetidas por mais de 300 instituições ao Programa Horizonte 2020 (H 2020). Entre os objetivos está a implementação de um sistema de sensoriamento e controle baseado em internet das coisas (IoT na sigla em inglês) para gerir o uso da água em dois projetos-piloto nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil, além de outros dois na Europa.
A abordagem ampla do projeto é o desenvolvimento e avaliação de uma plataforma inteligente de irrigação à taxa variada (VRI), destinada a pivôs centrais e irrigação localizada, inicialmente na produção de soja e vinicultura, respectivamente. A plataforma será integrada com ferramentas e aplicativos de gestão voltados para o uso racional da água. A proposta é fornecer ao agricultor um mapa diário de recomendação dinâmico, de acordo com um conjunto de informações em tempo real do clima, solo, condições de cultivo, além dos níveis e qualidade dos sistemas de fornecimento e da distribuição de água no campo, todos obtidos pela plataforma.
O SWAMP é liderado pelo professor Carlos Alberto Kamienski, da Universidade Federal do ABC (UFABC), com a participação de 11 instituições. Entre elas estão a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana "Padre Sabóia de Medeiros" (FEI), a Embrapa, a Universidade de Bologna, na Itália, a Intercrop, da Espanha, e a VTT Technical Research Centre, da Finlândia.
Os pesquisadores Marcos Cezar Visoli, da Embrapa Informática Agropecuária (SP), André Torre Neto, Ednaldo José Ferreira e Luis Henrique Bassoi, da Embrapa Instrumentação (SP), integram a equipe. “Será uma excelente oportunidade para avançar no desenvolvimento e uso de plataformas baseadas em nuvem para armazenamento e oferta de serviços”, afirma Visoli. Torre Neto ressalta a importância desse trabalho para a visibilidade e participação da pesquisa nacional no cenário mundial. “Participar do H 2020 possibilita ampliar a inserção da ciência brasileira no contexto internacional e, ao mesmo tempo, contribuir com o desenvolvimento do País, levando tecnologia de ponta para beneficiar a agricultura”, diz Torre Neto.
Para o chefe-geral da Embrapa Instrumentação, João de Mendonça Naime, a aprovação do projeto em parceria com a UE evidencia a importância do tema e a excelência dos pesquisadores brasileiros. “Cientistas da Embrapa contribuirão com suas competências em fisiologia vegetal, tecnologias de irrigação e tratamento de grandes volumes de dados (big data). Trata-se de um investimento altamente estratégico para o Brasil porque é urgente resolvermos a complexa equação de alta demanda por produção de alimentos em função da crescente escassez de água”, avalia.
A chamada conjunta da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) com a União Europeia, supervisionada pela Secretaria de Política de Informática do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), selecionou seis projetos para financiamento na área de TIC. A União Europeia é responsável pelo financiamento da metade dos recursos, enquanto a outra metade é procedente da Lei de Informática.
O coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da RNP, Wanderson Paim, destaca que a 4ª chamada exigiu muito dos participantes devido ao caráter multidisciplinar das instituições inscritas, elevando o nível dos projetos. “A participação da Embrapa, com toda a expertise que possui, é importantíssima para se obter o resultado esperado dos projetos”, pontua. “É uma excelente notícia, especialmente em tempo de contigenciamento de recursos”, diz Silvia Massruhá, chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária.
Das 51 propostas submetidas, três aprovadas são na categoria Internet das Coisas, duas em Computação em Nuvem, e uma em redes 5G. Cada projeto foi revisado por quatro avaliadores, sendo dois brasileiros e dois europeus. Depois da avaliação individual, todos se reuniram em Brasília (DF), sob a supervisão da Comissão Europeia, representantes da RNP e do MCTI para chegar a um consenso quanto aos projetos aprovados, informou a coordenação.
Só a categoria Internet das Coisas recebeu 34 propostas. Os projetos aprovados reúnem 68 instituições, 39 brasileiras e 29 europeias, sendo 38 universidades, 18 empresas e 12 centros de pesquisa. Entre as instituições do Brasil estão 24 universidades, oito centros de pesquisa, cinco empresas privadas de grande porte e duas pequenas e médias empresas. Na área de Computação em Nuvem, foram 84 instituições proponentes, 24 em redes 5G e 202 em Internet das Coisas, totalizando 310 participações e 968 candidaturas de pesquisadores.
Plataforma inteligente
A Plataforma inteligente de gerenciamento de água − Smart Water Management Platform (SWAMP) − tem prazo de execução de três anos, com início em dezembro de 2017, e contempla recursos da ordem de 1,5 milhão de euros, cerca de 5,5 milhões de reais, para as instituições brasileiras. À Embrapa serão destinados aproximadamente 1,2 milhão de reais, 24% do total. Além desse montante, a Empresa deverá receber o aporte de mais um milhão de reais devido aos equipamentos e serviços que serão compartilhados.
A Embrapa ficará responsável por conduzir a implementação e avaliação das duas unidades-piloto contempladas pelo projeto. Adicionalmente, vai colaborar nas pesquisas para superar conjuntamente com os pesquisadores brasileiros e europeus os desafios da instrumentação e construção da plataforma computacional para coleta, integração, armazenamento, processamento e visualização de dados oriundos dos experimentos.
Uma unidade-piloto de irrigação inteligente deverá ser instalada na região do Matopiba, considerada a grande fronteira agrícola nacional, que compreende o bioma Cerrado dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e responde por grande parte da produção brasileira de grãos e fibras. O outro experimento vai contemplar pesquisas em vinicultura e está programado para ser instalado na Vinícola Guaspari, em Espírito Santo do Pinhal, interior paulista.
O programa europeu
O H 2020 é o maior programa de pesquisa e inovação criado pela União Europeia (UE), com cerca de 80 bilhões de euros de financiamento para ser executado no período de 2014 a 2020. O objetivo da chamada é fortalecer a sinergia entre as competências existentes nas comunidades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) do Brasil e da UE, com destaque para instituições com forte envolvimento com indústrias.
Joana Silva (MTb 19.554/SP)
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