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Propriedades que usam tecnologia produzem cinco vezes mais leite que a média nacional
Produtores do Programa Balde Cheio em Minas Gerais produziram cinco vezes mais leite em 2016 do que a produção média nacional estimada por fazenda leiteira. A partir de uma amostra de 288 produtores de 108 municípios do estado, observou-se que a produção diária de leite de uma propriedade assistida pelo programa foi de 391 litros, enquanto a média nacional é de 72 litros ao dia por fazenda.
Essas informações fazem parte de um levantamento econômico, zootécnico e de adoção de tecnologias em propriedades participantes do Balde Cheio mineiro - acesse aqui o relatório. A pesquisa, realizada pela Embrapa Pecuária Sudeste, com apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (FAEMG), apresenta dados de área, rebanho, produção leiteira, produtividade, qualidade de leite, custeio, investimentos e outros dados das fazendas assistidas durante o ano de 2016.
O Balde Cheio capacita técnicos da extensão rural em produção intensiva de leite, boas práticas de manejo e conhecimentos de gestão financeira a produtores de leite de todo o Brasil. Com metodologia inovadora, o programa recicla conhecimentos de pesquisadores, técnicos e produtores, transformando a fazenda em uma “sala de aula prática” a fim de promover o desenvolvimento sustentável da pecuária leiteira.
Margem bruta de R$ 60 mil anuais
De acordo com o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, André Novo, os indicadores trazem um diagnóstico da realidade dos pecuaristas de leite acompanhados pelo Balde Cheio no Estado de Minas.
Em média, cada produtor gerou uma renda anual de aproximadamente R$ 198 mil, valor superior ao observado em sistemas tradicionais de baixa produtividade. A margem bruta de lucro anual também é positiva, cerca de R$ 60 mil.
Impacto econômico regional
A renda gerada por esses produtores, principalmente pequenos e médios, contribui para movimentar a economia do município onde moram. "O impacto do projeto extrapola a fazenda, principalmente quando você pensa em vários produtores em um município pequeno. O leite tem uma capacidade de gerar renda que fica no município, porque o produtor gasta com mão de obra, com os insumos que ele compra na cooperativa, com o pagamento de impostos, etc.”, explica André Novo. Para o diretor da FAEMG e presidente da Comissão de Leite da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim, os indicadores mostram que, além de competitiva, a atividade nas propriedades assistidas pelo Balde Cheio em Minas pode ser menos dramática, mesmo em momentos de crise.
Reinvestindo os lucros
Em 2016, os produtores aplicaram em torno de 30% da margem bruta de lucro em melhorias para aumento da produção e da produtividade. Esse investimento pode indicar confiança na atividade. No ano, em média, o investimento foi de R$ 18 mil. “Isso indica que eles acreditam no trabalho e que precisam aumentar escala, melhorar a produção e ter mais lucro”, afirma Novo.
A média da produtividade das fazendas alcançou números registrados em países como Uruguai e Argentina, reconhecidos pela alta produtividade. A média chegou a 4,4 mil litros/hectare/ano.
Produção de 12,4 litros diários por animal
Quando se fala em litros de leite por vaca em lactação, a média nas propriedades assistidas pelo Balde Cheio também está acima da nacional. São 12,4 litros diários por vaca, enquanto a brasileira é em torno de quatro litros.
O levantamento ainda demonstrou que mais de 70% das propriedades são de pequeno porte. A área das fazendas variou de 1,3 a 870 hectares, com média de 52,2 hectares. A maioria (58%) possui menos de 50 hectares e apenas 10% mais de 100 hectares. “O Balde Cheio derruba o mito de que tecnologia custa caro e não é acessível ao pequeno produtor. Ele se baseia em um diagnóstico bem estudado e no apontamento de arranjos simples na propriedade. Muito trabalho, sem grandes investimentos. É muito mais uma mudança de comportamento dos produtores, que aceitam ousar e inovar, alcançando muito mais produtividade e renda em sua atividade”, destaca Alvim.
Programa reúne gestão financeira com boas práticas de produção
Para André Novo, os bons índices são resultado da intensificação do processo de produção com acompanhamento técnico especializado. “Deve-se a um conjunto de tecnologias aplicado em uma sequência lógica. De forma coerente e gradual, os técnicos do programa introduziram tecnologias de gestão, de processos e de manejo que culminaram com o bom desempenho das propriedades. O produtor ganha dinheiro porque plantou um pasto melhor, tem controle de quanto custa o leite produzido, tem planilhas econômicas e zootécnicas, preocupa-se com manejo ambiental e melhoramento genético do rebanho, ou seja, é um conjunto de fatores que fazem o negócio dar certo”, explica. Ele ainda ressalta que não há fórmula mágica, e os fatores de produção podem ser modulados de acordo com a realidade de cada produtor.
O produtor de leite Paulo Fernando Mendes, de Santos Dumont (MG), entrou no Balde Cheio em 2008. Para tentar reverter uma média de produção de leite muito baixa, começou a utilizar as metodologias recomendadas pelo programa. Em 2016, manteve uma faixa de 1.200 litros de leite ao dia, com média de 29 kg de leite por vaca. Mendes está entre os melhores produtores do projeto em Minas, o que demonstra que a intensificação da produção leiteira, feita de modo sustentável, é gradativa e necessita de tempo.
Balde Cheio em MinasO Estado de Minas Gerais é responsável por 26% da produção de leite do País. Promover a melhoria das condições tecnológicas, tornando as propriedades sustentáveis e mais rentáveis, contribui para o desenvolvimento da pecuária leiteira. O programa Balde Cheio, desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste, foi implementado em Minas Gerais há 11 anos pelo Sistema FAEMG. Atualmente, o Balde Cheio está presente em 330 municípios e conta com 210 técnicos para atender cerca de 2,5 mil produtores de leite. O objetivo é capacitar profissionais de extensão rural em produção intensiva de leite, promover a troca de informações sobre aplicação de tecnologias e monitorar os impactos ambientais, econômicos e sociais nos sistemas de produção. Os extensionistas aplicam um conjunto de técnicas nas propriedades participantes para a melhoria da produtividade, o manejo adequado e o desenvolvimento sustentável. Em paralelo à intensificação e manejo intensivo do pasto e dos animais, produtor e técnico recebem orientações de como gerir a atividade sem descuidar dos aspectos ambientais e legais. “É um programa especial e tem apresentado tanto sucesso por seguir um modelo dos tempos atuais, de assistência personalizada, por projeto, com técnicos especializados na atividade e atualizados em treinamentos, oferecendo assim diagnóstico, soluções, informações, tecnologia e inovação”, afirma o diretor da FAEMG. |
Gisele Rosso (MTb 3091/PR)
Embrapa Pecuária Sudeste
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