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Aplicativo ajuda a reconhecer e controlar pragas e doenças do maracujazeiro
Um aplicativo desenvolvido pela Embrapa e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) vai auxiliar produtores de maracujá no diagnóstico e controle das principais pragas e doenças da cultura. Denominada AgroPragas Maracujá, a inovação foi lançada durante o Semiárido Show e permite comparar fotos das pragas e sintomas das doenças identificadas no campo com as imagens disponíveis no aplicativo. Outra grande vantagem é que a tecnologia pode ser acessada off-line, sem necessidade de conexão à internet. Basta o usuário baixar o aplicativo no celular ou em outro dispositivo móvel e acessar a tecnologia, que é mais uma solução da Embrapa no âmbito da agricultura digital para atender a demandas do setor produtivo.
O aplicativo se baseia nas informações do Guia de Identificação e Controle de Pragas do Maracujazeiro, publicação lançada em 2017 pela Embrapa na forma de cartilha impressa. No AgroPragas Maracujá, as informações estão apresentadas de maneira mais sucinta, adaptadas ao ambiente virtual.
O guia impresso foi bem recebido por produtores, técnicos e estudantes na época do lançamento, mas a sua utilização no campo era prejudicada, especialmente pela necessidade de imprimir as fotos para compará-las às pragas e doenças encontradas no pomar. “Muitas vezes, a má qualidade da impressão no papel comum inviabilizava o diagnóstico. Por isso, investimos no desenvolvimento do aplicativo, que permite em tempo real o diagnóstico e controle”, informa a pesquisadora da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) Cristina de Fátima Machado.
Cristina Machado é responsável por essa atividade que integra o programa de melhoramento genético do maracujazeiro, liderado pelo pesquisador Fábio Faleiro, da Embrapa Cerrados (DF). O guia conta com a participação de nove pesquisadores da Embrapa e do professor Quelmo de Novaes, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), especialista em viroses do maracujazeiro.
Equipe de desenvolvimentoO estudante de Ciências Exatas da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Paulo César Rocha, que integra a equipe do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) da Embrapa Mandioca e Fruticultura, fez a codificação do aplicativo, sob a orientação do supervisor do NTI, Murilo Crespo. Já o conteúdo técnico foi adaptado para a linguagem digital por Cristina Machado, da Embrapa, além dos pesquisadores Hermes Peixoto (fitopatologista recém-aposentado) — que teve a ideia do aplicativo baseado em sua experiência com outra solução tecnológica da Embrapa, o software SimpMamão (Sistema Integrado de Monitoramento de Pragas do Mamão) —, Marilene Fancelli e Romulo Carvalho (entomologistas). A princípio, o guia digital foi desenvolvido apenas para o sistema operacional Android. |
Por dentro do aplicativo
O aplicativo pode ser utilizado em diferentes momentos durante o desenvolvimento das plantas de maracujazeiro em campo. O acesso ao conteúdo é rápido, normalmente feito por meio de consulta ao tópico de interesse. Estão disponíveis no alto da tela fotos de cada uma das pragas e sintomas das doenças descritas na ferramenta — que foram atualizadas em relação ao guia original. As diferentes telas do AgroPragas Maracujá trazem as informações por categoria: fungos, bactérias, insetos, vírus e nematoides, assim como informações sobre as espécies de insetos ou sintomas (na parte aérea ou subterrânea), os danos que causam, fatores favoráveis à ocorrência do problema e as formas de controle para cada uma das pragas ou doenças.
O fitopatologista Hermes Peixoto (veja box ao lado) destaca a opção que o usuário tem de fotografar a praga ou sintoma da doença na plantação e comparar com as fotos do aplicativo. “Comparando foto com foto, a identificação fica mais fácil”, acrescenta o pesquisador. O supervisor do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Murilo Crespo, menciona também a opção de buscas textuais. Ao digitar qualquer texto de busca, o aplicativo realiza uma pesquisa avançada no conteúdo da sua base de conhecimento e apresenta os resultados realçados de acordo com a correlação e relevância do texto pesquisado. “É uma facilidade muito grande para o produtor encontrar diretamente a informação que precisa,” acredita Crespo, que destaca também o recurso “marcar favorito”. Fazendo isso, a praga ou o sintoma selecionado vai para a página inicial do aplicativo. “Se [o problema] for recorrente, o usuário não precisa voltar e procurar. Já fica em destaque logo na abertura do aplicativo”, diz Crespo.
Tecnologia também auxilia a encontrar soluções
>Outra vantagem salientada por Peixoto é a existência do link embaixo de cada tela para o Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit), banco de informações sobre os produtos agroquímicos e afins registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “A Embrapa não indica defensivos. O que fizemos no aplicativo foi incluir o link para o Agrofit, no qual o usuário tem acesso a todos os produtos registrados no Mapa para o controle daquela determinada praga ou doença, com nome técnico, modo de aplicação, dosagens, informações do fabricante, além de fotos da praga ou sintomas da doença,” detalha.
Já quem busca informações sobre como produzir maracujá sem aplicação de defensivos químicos encontra também, no fim de cada página, o link de acesso para o Sistema de Produção Orgânico do Maracujazeiro, o primeiro do País, lançado recentemente pela Embrapa Mandioca e Fruticultura. O site traz informações desde o preparo do solo, manejo integrado de pragas e doenças, plantio, tratos culturais e manejo de irrigação, até colheita, mercado e comercialização. “Esse conjunto de informações reunidas em um só local, em uma linguagem acessível e na palma da mão, torna essa ferramenta muito útil e atraente”, avalia Crespo.
Há também no aplicativo um link com informações sobre o sistema de produção convencional.
Foto:Fabiano Bastos
Aprovação do setor produtivo
Durante seminário sobre a cultura do maracujazeiro realizado em junho em Brejões, interior baiano, o pesquisador João Roberto Oliveira apresentou aos participantes o protótipo do aplicativo, que teve boa aceitação. O produtor e secretário de Agricultura do município, Euderico Filho, resumiu a opinião do público que assistiu à apresentação.
“O aplicativo é interessante, pois é uma forma moderna de uso da tecnologia em tempo real com a qual podemos comparar uma situação de campo com fontes de informações seguras sobre as características das pragas e sintomas das doenças das plantas como um todo, raiz, caule, folha, flor e frutos, facilitando o diagnóstico, proporcionando ao técnico ou ao produtor a possibilidade de dar uma resposta para solucionar o problema no maracujazeiro”, analisa o secretário.
Aplicação para outras culturas
Murilo Crespo diz que a intenção é que o AgroPragas Maracujá sirva de piloto para a criação de um aplicativo multicultura. “A ideia é desenvolver uma plataforma digital de identificação de pragas para outras culturas, como abacaxi, manga, citros, mamão etc., contendo sintomas, padrões de comparação de imagem e controles fitossanitários aplicados, que seria alimentada pelos próprios pesquisadores. Eles entrariam numa ferramenta web e cadastrariam característica por característica ao longo do tempo de uso”, informa Crespo.
Ele explica que está em fase de submissão o projeto para a criação dessa API (Interface de Programação de Aplicativos, na tradução do inglês) — um conjunto de padrões e linguagens de programação que permite, de maneira automatizada, a comunicação entre sistemas diferentes de forma ágil e segura. E seria absorvida pela plataforma AgroAPI da Embrapa, que oferece informações e modelos agropecuários que podem ser utilizados por empresas, instituições públicas e privadas e startups para a criação de softwares, sistemas web e aplicativos móveis para o setor agropecuário, com redução de custo e de tempo.
“O conteúdo dessa plataforma teria múltiplos usos, não só para aplicativos a exemplo do de maracujá, mas ficaria disponível para universidades, empresas de tecnologia voltadas para a agricultura etc. A ideia é que a Embrapa forneça essa base de conhecimento e deixe o ecossistema explorá-la”, conclui Crespo.
Foto: Alessandra Vale
Alessandra Vale (MTb 21.215/RJ)
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