Oferta de forragem para a produção de leite foi o foco do evento No Rio Grande do Sul, de cada 6 hectares utilizados no verão, apenas 1 hectare é utilizado no inverno. Espaço ocioso que pode ser utilizado na produção de forragem para um rebanho leiteiro estimado em 1,4 milhão de cabeças. A informação foi apresentada no IV Dia de Campo Integração Lavoura-pecuária-floresta, que reuniu mais de 450 produtores no dia 18/09, na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS. As pastagens são a base da alimentação animal na produção pecuária do Sul do País. Na época de escassez de pasto, a alternativa é suprir o cocho com forragens armazenadas em forma de silagem ou feno. O planejamento forrageiro para a produção de alimento conservado pode reduzir o uso de grãos e suplementos que aumentam os custos de produção em até quatro vezes. De acordo com o assistente técnico da Emater/RS Regional de Passo Fundo, Vilmar Leitzke, o inverno é a época de produzir alimento a menor custo, quando muitas áreas estão ociosas, mas com boa fertilidade e disponibilidade de água. Assim, é também o melhor momento para produzir alimento conservado sob a forma de forragem ou grãos para ração. “Na produção leiteira, o potencial para produção de espécies de inverno garante oferta de volumoso e grãos para fazer o concentrado”, afirma Vilmar, lembrando que “só existem duas formas de reduzir custos no leite: reduzir o concentrado – que limita a produção – ou qualificar a oferta de forragem”. De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Sérgio Juchem, o alimento concentrado pode representar mais de 60% do custo na alimentação dos animais. “Em cenários de alta no custo do farelo de soja, os cereais de inverno são insumos muito competitivos na alimentação do rebanho, possibilitando a formulação de concentrados com menor custo e de alto valor nutricional”, explica o pesquisador. Para o pesquisador da Embrapa Trigo, Renato Fontaneli, os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta são a melhor alternativa para assegurar a sustentabilidade das propriedades familiares na Região Sul. “O leite garante uma renda mensal às famílias, permitindo a rotação de pastagens com lavouras e árvores que se complementam no sistema. A forragem e os grãos podem servir tanto de alimento aos animais, como destinados ao mercado, assim como o componente florestal, que resulta na madeira utilizada na propriedade e gera sombra para os animais”, explica Fontaneli. Ele destaca que o aprimoramento do setor agropecuário tem resultado em novos postos de trabalho com profissionais, máquinas e equipamentos dedicados à produção de forragem conservada: “Muitas vezes o produtor não consegue atender todas as etapas da produção do alimento e terceiriza processos de colheita e armazenamento da forragem”. Impactos no Solo Apesar de todas as vantagens da forragem conservada na alimentação do rebanho, é importante destacar que os cultivos destinados à produção de silagem, feno ou pré-secado precisam de uma adubação diferente da exigida para áreas em que se produz grãos devido a total retirada das plantas da área de produção, o que empobrece o solo. Como a palhada não é incorporada, a remoção de nutrientes do solo é bem maior, assim, estas glebas exigem também dosagens de nutrientes bem superiores àquelas em que se produz grãos, especialmente de nitrogênio e de potássio. Conforme resultados de experimentos apresentados no Dia de Campo ILPF, ações de descompactação do solo podem representar o dobro de massa verde nas espécies de inverno, com impacto direto na produção de leite. “O uso do trator para formar a lavoura exerce uma pressão sobre o solo até sete vezes maior do que o pisoteio dos animais. Com o passar do tempo, essa compactação vai limitar a produção de forragem. Queremos mostrar que vale a pena, financeiramente, fazer ações de descompactação”, explica o analista de transferência de tecnologia da Embrapa Trigo Jorge Lemainski. Parceiros Uma das dinâmicas apresentadas no dia de campo foi realizada pela Agropecuária Boqueirão, mostrando todo o processo para a conservação da forragem, desde a colheita de trigo duplo propósito até o enfardamento em bolas de pré-secado, destacando equipamentos e opções de filme para proteger o alimento conservado. Também foi apresentado o trabalho realizado pelo Serviço de Análises de Rebanhos Leiteiros (Cepa/UPF) na análise de qualidade do leite; alternativas em sistema de irrigação de pastagens com a PivotAgro; e orientações para a gestão da propriedade leiteira com o SebraeRS. “Nosso trabalho é direcionado para a melhoria dos processos produtivos, com qualificação tecnológica e gerencial dos produtores rurais, de forma a maximizar a rentabilidade dos empreendimentos. Acredito que este dia de campo mostra na prática o que o envolvimento de vários parceiros pode fazer pelo crescimento do produtor”, conclui Thales Flores, representante da área de agronegócios do Sebrae - unidade de Passo Fundo. O produtor Diógenes Basso veio ao dia de campo para avaliar as melhores alternativas na produção de alimento para o rebanho leiteiro que mantém com o irmão em Pejuçara, RS. “Dispomos de várias alternativas, mas nossas decisões dependem sempre do clima. Nem sempre o momento ideal para fazer a silagem coincide com o clima ideal. Com a chuva, acabamos atrasando a colheita e as plantas viram feno, com menor valor nutritivo. É preciso adequar a produção, testando a cada ano, investindo em conhecimento e tecnologia”. Ele lembra que, mesmo que a produção de forragem não seja satisfatória, o investimento em adubação e cobertura do solo será aproveitado pela soja na sequência.
Oferta de forragem para a produção de leite foi o foco do evento
No Rio Grande do Sul, de cada 6 hectares utilizados no verão, apenas 1 hectare é utilizado no inverno. Espaço ocioso que pode ser utilizado na produção de forragem para um rebanho leiteiro estimado em 1,4 milhão de cabeças. A informação foi apresentada no IV Dia de Campo Integração Lavoura-pecuária-floresta, que reuniu mais de 450 produtores no dia 18/09, na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS.
As pastagens são a base da alimentação animal na produção pecuária do Sul do País. Na época de escassez de pasto, a alternativa é suprir o cocho com forragens armazenadas em forma de silagem ou feno. O planejamento forrageiro para a produção de alimento conservado pode reduzir o uso de grãos e suplementos que aumentam os custos de produção em até quatro vezes.
De acordo com o assistente técnico da Emater/RS Regional de Passo Fundo, Vilmar Leitzke, o inverno é a época de produzir alimento a menor custo, quando muitas áreas estão ociosas, mas com boa fertilidade e disponibilidade de água. Assim, é também o melhor momento para produzir alimento conservado sob a forma de forragem ou grãos para ração. “Na produção leiteira, o potencial para produção de espécies de inverno garante oferta de volumoso e grãos para fazer o concentrado”, afirma Vilmar, lembrando que “só existem duas formas de reduzir custos no leite: reduzir o concentrado – que limita a produção – ou qualificar a oferta de forragem”.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, Sérgio Juchem, o alimento concentrado pode representar mais de 60% do custo na alimentação dos animais. “Em cenários de alta no custo do farelo de soja, os cereais de inverno são insumos muito competitivos na alimentação do rebanho, possibilitando a formulação de concentrados com menor custo e de alto valor nutricional”, explica o pesquisador.
Para o pesquisador da Embrapa Trigo, Renato Fontaneli, os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta são a melhor alternativa para assegurar a sustentabilidade das propriedades familiares na Região Sul. “O leite garante uma renda mensal às famílias, permitindo a rotação de pastagens com lavouras e árvores que se complementam no sistema. A forragem e os grãos podem servir tanto de alimento aos animais, como destinados ao mercado, assim como o componente florestal, que resulta na madeira utilizada na propriedade e gera sombra para os animais”, explica Fontaneli. Ele destaca que o aprimoramento do setor agropecuário tem resultado em novos postos de trabalho com profissionais, máquinas e equipamentos dedicados à produção de forragem conservada: “Muitas vezes o produtor não consegue atender todas as etapas da produção do alimento e terceiriza processos de colheita e armazenamento da forragem”.
Impactos no Solo
Apesar de todas as vantagens da forragem conservada na alimentação do rebanho, é importante destacar que os cultivos destinados à produção de silagem, feno ou pré-secado precisam de uma adubação diferente da exigida para áreas em que se produz grãos devido a total retirada das plantas da área de produção, o que empobrece o solo. Como a palhada não é incorporada, a remoção de nutrientes do solo é bem maior, assim, estas glebas exigem também dosagens de nutrientes bem superiores àquelas em que se produz grãos, especialmente de nitrogênio e de potássio.
Conforme resultados de experimentos apresentados no Dia de Campo ILPF, ações de descompactação do solo podem representar o dobro de massa verde nas espécies de inverno, com impacto direto na produção de leite. “O uso do trator para formar a lavoura exerce uma pressão sobre o solo até sete vezes maior do que o pisoteio dos animais. Com o passar do tempo, essa compactação vai limitar a produção de forragem. Queremos mostrar que vale a pena, financeiramente, fazer ações de descompactação”, explica o analista de transferência de tecnologia da Embrapa Trigo Jorge Lemainski.
Parceiros
Uma das dinâmicas apresentadas no dia de campo foi realizada pela Agropecuária Boqueirão, mostrando todo o processo para a conservação da forragem, desde a colheita de trigo duplo propósito até o enfardamento em bolas de pré-secado, destacando equipamentos e opções de filme para proteger o alimento conservado. Também foi apresentado o trabalho realizado pelo Serviço de Análises de Rebanhos Leiteiros (Cepa/UPF) na análise de qualidade do leite; alternativas em sistema de irrigação de pastagens com a PivotAgro; e orientações para a gestão da propriedade leiteira com o SebraeRS. “Nosso trabalho é direcionado para a melhoria dos processos produtivos, com qualificação tecnológica e gerencial dos produtores rurais, de forma a maximizar a rentabilidade dos empreendimentos. Acredito que este dia de campo mostra na prática o que o envolvimento de vários parceiros pode fazer pelo crescimento do produtor”, conclui Thales Flores, representante da área de agronegócios do Sebrae - unidade de Passo Fundo.
O produtor Diógenes Basso veio ao dia de campo para avaliar as melhores alternativas na produção de alimento para o rebanho leiteiro que mantém com o irmão em Pejuçara, RS. “Dispomos de várias alternativas, mas nossas decisões dependem sempre do clima. Nem sempre o momento ideal para fazer a silagem coincide com o clima ideal. Com a chuva, acabamos atrasando a colheita e as plantas viram feno, com menor valor nutritivo. É preciso adequar a produção, testando a cada ano, investindo em conhecimento e tecnologia”. Ele lembra que, mesmo que a produção de forragem não seja satisfatória, o investimento em adubação e cobertura do solo será aproveitado pela soja na sequência.