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08/04/20 |   Agroecologia e produção orgânica

É possível obter alta produtividade em sistemas orgânicos?

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Foto: Ana Maio

Ana Maio - Plantação de sorgo da fazenda Nata da Serra, em Serra Negra

Plantação de sorgo da fazenda Nata da Serra, em Serra Negra

Saiba como fazenda de leite orgânico
elevou índice em quase 9 vezes

Acaba de ser publicado pela Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP) o e-book “Fazenda Nata da Serra, Serra Negra, SP: descrição de caso de sucesso na produção orgânica de leite”. O livro, assinado por seis autores, descreve como a propriedade do interior paulista conseguiu intensificar a atividade leiteira, elevando a produtividade em praticamente nove vezes mesmo dentro de um sistema orgânico.

O cálculo considera a produção anual de leite dividido pela área total da propriedade utilizada no processo produtivo, demonstrando o efeito “poupa solo” do trabalho que é acompanhado pela Embrapa desde 2007. “A produtividade obtida em 2018 é comparável às melhores propriedades leiteiras convencionais, que têm a oportunidade de utilizar toda a gama de insumos existentes”, dizem os autores.

O primeiro autor e pesquisador da Embrapa Artur Chinelato foi o idealizador do Programa Balde Cheio, implementado no país em 1998 e que passou a envolver uma rede de centros de pesquisa da Embrapa a partir de 2017. Esse programa tem o objetivo de capacitar técnicos ligados à extensão rural “quanto ao entendimento e à aplicação dos conceitos envolvidos em qualquer produção leiteira intensiva, eficiente, rentável, sustentável sob o prisma ambiental, e passível de ser empregada por todos os produtores de leite que assim desejarem”.

É uma forma de levar tecnologias ao pecuarista de leite para que ele aumente sua produtividade, incremente a renda, os cuidados com o ambiente e o bem-estar animal. Como “efeito colateral”, o Balde Cheio proporciona melhora na autoestima do produtor e o faz sentir parte de um arranjo local normalmente estabelecido para fomentar as ações. A experiência do Balde Cheio na Nata da Serra é relatada no livro.

O chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pecuária Sudeste, André Novo, conta no e-book que em 2007, quando fez a primeira visita à fazenda, observou três fatores marcantes que definiram toda a trajetória tecnológica adotada: o perfil tecnificado do proprietário da Nata da Serra, Ricardo Schiavinato; a visão empresarial do produtor em relação à cadeia de lácteos; e a falta de controles zootécnicos e produtivos da produção animal [a fazenda produzia hortaliças e frutas orgânicas com altíssima eficiência].

“Toda a tecnologia e eficiência observada na agricultura passava longe da produção animal da Fazenda Sula [nome oficial da propriedade]. Os indicadores zootécnicos e produtivos das vacas eram trágicos, porém, não muito diferentes da grande maioria dos produtores de leite no Brasil. As causas também eram conhecidas: baixa qualidade de alimentos volumosos, baixa fertilidade de solo, pastagens degradadas, manejo deficiente, ausência de controles econômicos e zootécnicos, entre outros. Enfim, nem parecia a mesma fazenda”, escreveu André no prefácio.

Todo o trabalho técnico desenvolvido pela Embrapa na propriedade é explicado em detalhes no livro, recheado com fotografias, tabelas e gráficos. Também são coautores Marco Aurélio Bergamaschi e Julio Palhares, da Embrapa Pecuária Sudeste, Fernando Campos Mendonça, professor da Esalq em Piracicaba, e o agrônomo Ricardo Schiavinato, proprietário da fazenda.

O e-book pode ser consultado gratuitamente no site da Embrapa, clicando aqui.

Ana Maio (Mtb 21.928)
Embrapa Pecuária Sudeste

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