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Mudança na metodologia do ZARC Soja incrementa gestão de risco e de perdas
A partir de 2022, o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para a soja passa a contar com metodologia baseada em novos parâmetros da cultura e novas classes de água disponível no solo, representativas da maioria dos solos brasileiros. O lançamento da nova metodologia será no dia 17, às 15h30, no estande da Embrapa, no IX Congresso Brasileiro de Soja e o Mercosoja 2022, a serem realizados de 16 a 19 de maio, em Foz do Iguaçu (PR). O ZARC-SOJA 2022, é fruto de uma parceria técnico-Institucional envolvendo a Embrapa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o Banco Central do Brasil (BCB). “Foram promovidos aprimoramentos substanciais que remeterão os resultados do ZARC Soja a um novo patamar, mais próximo da realidade dos principais sistemas produtivos brasileiros”, avalia o pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja.
A metodologia passa a adotar seis classes de água disponível (definidas com base na composição textural dos solos), e não mais em apenas três tipos (os quais eram estabelecidos, basicamente, pelo teor de argila). A água disponível será estimada para o solo de cada área de produção, a partir dos teores de silte, areia e argila, através do uso de uma equação (função de pedotransferência), devidamente ajustada para os distintos solos brasileiros. Além disso, o ZARC-SOJA já estará pronto para incorporar, no futuro, o efeito de diferentes níveis de manejo do solo, que vem sendo mensurado pela Embrapa Soja e parceiros. “Esperamos que essa nova metodologia do ZARC aumente a qualidade das informações disponíveis para subsidiar a gestão de riscos e o planejamento da produção”, destaca Farias. “Nossa proposta é minimizar os riscos e possibilitar maior estabilidade da produção e de renda para o sojicultor, o que é estratégico para a manutenção/garantia da capacidade produtiva brasileira”, explica o pesquisador.
Disponibilizado em 1996, o ZARC Soja teve ajustes pontuais, realizados para atender as necessidades de informação e conhecimento para a gestão de riscos e possibilitar redução das perdas. No entanto, Farias explica que, em 2022, fez-se necessário aperfeiçoar, de maneira mais profunda, o atual sistema de recomendação, de modo a acompanhar as inovações tecnológicas, o novo arcabouço técnico-científico disponível e as recentes mudanças nos cenários agrícolas e socioeconômico do Brasil e do mundo. “A importância da sojicultora para o Brasil exige definições importantes quanto ao aperfeiçoamento do atual sistema de auxílio à gestão de risco e resiliência agroclimática. Tal sistema se apresenta como ferramenta imprescindível para melhor subsidiar o processo decisório no campo, orientar as ações de planejamento do uso da terra e buscar maior eficiência das políticas e dos programas públicos de auxílio e fomento ao setor agrícola”, ressalta o pesquisador.
ZARC - O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é uma ferramenta de análise do risco derivado da variabilidade climática e que considera as características da cultura e do solo. Seu objetivo é reduzir os riscos relacionados aos problemas climáticos e permitir ao produtor identificar a melhor época para plantar, levando em conta a região do País, a cultura e os diferentes tipos de solos. “Recomendamos evitar as regiões e épocas reconhecidamente de maior risco de seca para minimizar as perdas”, destaca Farias. “Isso porque levantamentos apontam que as áreas com ZARC apresentam índices de perdas, por eventos climáticos adversos, quatro vezes menores que as demais áreas”, destaca.
O modelo agrometeorológico considera elementos que influenciam diretamente no desenvolvimento da produção agrícola como temperatura, chuvas, ocorrência de geadas, água disponível nos solos, demanda hídrica das culturas e elementos geográficos (altitude, latitude e longitude). De acordo com Farias, o ZARC Soja define as áreas com maior ou menor frequência de ocorrência de déficit hídrico durante a fase mais crítica da cultura da soja (floração e enchimento de grãos), em função das diferentes épocas de semeadura, da disponibilidade hídrica de cada região, do consumo de água nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura, da capacidade de água disponível no solo e do ciclo da cultivar utilizada.
Neste sentido, Farias complementa que os resultados do ZARC permitem que produtores e técnicos avaliem, por exemplo, as espécies de cultivo e seus respectivos ciclos mais viáveis para cada município e sistema de produção; a adequação das cultivares de alto potencial produtivo ou mais rústicas e resilientes; a adoção de práticas de manejo adequadas; a viabilidade da segunda safra e ainda a época de menor risco para a semeadura e produção. “Ao definir áreas menos sujeitas a riscos de insucessos devido à ocorrência de adversidades climáticas, o ZARC da Soja constitui-se em uma ferramenta de fundamental importância a várias atividades do setor agrícola, porque delimita as áreas e as épocas de semeadura com menor probabilidade de perdas na produtividade de grãos, principalmente por falta de água”, diz.
ZARC e Políticas públicas - Desde 1996, o ZARC é adotado pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). Atualmente, o ZARC é utilizado pelo Proagro e pelo Programa de Seguro Rural (PSR) em mais de 40 culturas. O acesso à ferramenta pode ser feito no aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Informática Agropecuária (SP), que está disponível nas lojas de aplicativos iOS e Android. Os resultados do Zarc também podem ser consultados e baixados por meio da plataforma “Painel de Indicação de Riscos” e nas portarias de Zarc por Estado.
Perdas por falta de água - Nas últimas três safras já concluídas (2018/19; 2019/2020 e 2020/21), somente o Rio Grande do Sul e o Paraná, segundo e terceiro maiores produtores brasileiros de soja, atrás apenas de Mato Grosso, deixaram de produzir mais de 15 milhões de toneladas de soja, o que resultou em prejuízo econômico da ordem de U$ 8 bilhões, considerando-se o valor de U$ 500,00 a tonelada, segundo levantamento feito pela Embrapa. Segundo estimativas disponibilizadas, em 2022, pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), para a safra 2021/22, as quebras podem ser superiores a 50%, o que representam perdas próximas a 38 milhões de toneladas de grãos. Desta forma, cerca de US$ 19 bilhões deixarão de entrar no bolso do produtor, somente na safra 21/22. Para o pesquisador, o que vem motivando a quebra na safra de soja no Sul do País é a deficiência de água para que as plantas se desenvolvam plenamente. "Percebemos que a soja pode até suportar temperaturas mais altas, mas, quando há restrição de água, o dano para a planta é muitas vezes irreversível", avalia o pesquisador. Neste sentido, o ZARC é uma das ferramentas disponíveis para auxiliar os produtores e técnicos nas tomadas de decisão.
Assessoria de Imprensa do IX Congresso Brasileiro de Soja/Mercosoja 2022
Jornalistas: Lebna Landgraf e Gabriel Rezende Faria
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