Os problemas que induziram a elaboração desta proposta foram a observação de erosão hídrica e a quebra da estabilidade da produtividade, em áreas manejadas em plantio direto, em várias regiões do país, nos últimos anos. Procedimentos inadequados adotados no manejo dos sistemas de produção sob este plantio direto pode estar induzindo aumento de problemas fitossanitários, concentração do sistema radicular nas camadas superficiais, compactação e erosão do solo, resultando em perdas de produtividade, de biodiversidade e, enfim, da qualidade de solo e água. Esse cenário vem se agravando nos últimos anos, devido, sobretudo, à ausência de políticas que valorizem a adoção de técnicas conservacionistas, levando os agricultores a priorizar resultados econômicos imediatos, em detrimento dos princípios do Sistema Plantio Direto, preconizado pela Embrapa. Entende-se que a posse de conhecimentos fundamentais de manejo agrícola por parte do agricultor, mediante procedimentos participativos, pode impulsionar a adoção de técnicas de manejo mais adequadas, boas práticas agrícolas e, enfim, uma agricultura lucrativa com boa qualidade ambiental. Este projeto visa, de forma participativa, desenvolver e validar ferramentas para avaliar o desempenho técnico do manejo do solo e da água tanto no âmbito das propriedades agrícolas como no das microbacias hidrográficas, nas quais o manejo é predominantemente o plantio direto. Além disso, usando experimentos de longa duração, em desenvolvimento nos Estados de Rio Grande do Sul (RS), Paraná (PR), Mato Grosso do Sul (MS) e Goiás (GO), serão identificados e recomendados modelos de produção agropecuários, que atendam aos preceitos e consolidem o Sistema Plantio Direto. Para a consecução destes objetivos, em cada uma das seis áreas de trabalho, localizadas nos Estados de São Paulo (1), PR (2), GO (1), RS (1) e MS (1), serão selecionadas duas microbacias hidrográficas, sendo uma com um bom manejo do plantio direto e outra com manejo inadequado. Para desenvolver um índice de qualidade do manejo geral de terras nestas microbacias, em seu exutório, serão monitoradas, continuamente, a produção de sedimentos e a vazão hídrica. Simultaneamente, em propriedades agrícolas representativas do manejo adotado em cada microbacia, o solo e os sistemas de produção serão monitorados visando validar o Índice de Qualidade Participativo desenvolvido pela Itaipu/FEBRAPDP e/ou construir e validar novos índices técnico-científicos participativos. A estrutura do Projeto envolve cinco Planos de Ação os quais serão operacionalizados por 49 Atividades de Pesquisa. Com este projeto pretende-se construir competência conceitual e metodológica para suportar políticas de avaliação do desempenho ambiental na utilização das terras agrícolas. Formas de fomentos como o próprio Programa de Agricultura de Baixo Carbono e outros instrumentos políticos que permitam premiar os serviços ecossistêmicos promovidos pelos agricultores em face da adoção plena da Agricultura Conservacionista e do manejo agrícola em Sistema Plantio Direto poderão ser assim desenvolvidas e/ou implantadas com segurança. Espera-se, também, que a partir deste projeto e ao longo de sete anos, incrementar a área de agricultura conservacionista com Sistema Plantio Direto em pelo menos 10 milhões de hectares, trazendo benefícios, tais como, menores custos com manutenção de estradas rurais e menor sedimentação de corpos hídricos. Além disso, espera-se incrementar o carbono orgânico, a retenção e a infiltração de água e a fertilidade do solo, contribuindo ainda para ampliar a produção de água de boa qualidade, melhorar biodiversidade e, enfim, a qualidade de vida dos usuários em geral.