Embrapa Agrossilvipastoril
Aldeias indígenas de Dourados vão produzir mandioca de mesa com variedades da Embrapa
Aldeias indígenas de Dourados vão produzir mandioca de mesa com variedades da Embrapa
Variedades de mandioca desenvolvidas pela Embrapa Agropecuária Oeste e parceiros, em Dourados/MS, foram doadas para a Casa de Sementes Tengatui Marangatu, da Aldeia Jaguapiru, que juntamente com a Bororó, ambas situadas em Dourados, contemplam uma população superior a 12.000 indígenas. Esses materiais básicos, com alta qualidade sanitária, serão destinados para a multiplicação de ramas e, posteriormente, distribuídos para a comunidade indígena das aldeias Jaguapiru e Bororó cultivar em suas terras.
O Chefe-Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agropecuária Oeste, Auro Akio Otsubo explica que as variedades de mandioca fornecidas são de duas cultivares de mesa: BRS 399 e BRS 396, recém-lançadas pela Embrapa para o Centro Sul do Brasil e explica que “são variedades com alto potencial produtivo, tolerante as principais doenças, que apresentam boa produção de ramas”. Segundo ele, as raízes das duas variedades têm características que o consumidor do Mato Grosso do Sul aprova, pois são precoces, amarelas e com bom cozimento. Ele acrescenta “apresentam altos teores de carotenos, o que no campo nutricional tende apresentar maior teor de vitaminas”.
Ação - O responsável pela Casa de Sementes e professor da Escola Municipal Indígena Tengatui Marangatu, Cajetano Vera, recebeu as doações e articulou com as lideranças indígenas o cultivo das ramas para fins de multiplicação de material propagativo para a comunidade. Ele destaca a importância da doação e explica “na aldeia de Dourados não está tendo ramas para o plantio e os indígenas usam a mandioca como alimento e também na geração de renda”.
Ele acrescenta ainda que apesar desse projeto ainda estar em fase inicial de plantio, os resultados já são animadores. Segundo Cajetano, deve levar cerca de seis a oito meses para que as mudas possam ser distribuídas à comunidade local e explica “dependemos muito das condições climáticas durante o inverno, que influencia no crescimento e amadurecimento da rama. Depois, temos que cortar e preparar a distribuição do material”.
Cajetano informa que as ramas doadas pela Embrapa estão sendo cultivadas na propriedade do senhor Galdêncio Benites, localizada na Aldeia Bororó, que disponibilizou dois hectares para o plantio. Ele conta ainda que a doação das ramas para a comunidade indígena deverá priorizar inicialmente os indígenas que possuam terras aptas para o cultivo, dando preferência aos feirantes, que contam com apoio da Funai e acrescenta “pretendemos ainda fazer um levantamento das famílias interessadas, mas por enquanto ainda estamos plantando para produção de rama. Contamos com o apoio de dois alunos indígenas e bolsistas CNPq que vão nos auxiliar nessa atividade”.
Sustentabilidade - O Chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira, destaca a importância dessa doação e explica “como a Unidade está localizada em Dourados, município com uma das maiores populações indígenas do Brasil, é importante ter ações que contribuam com a segurança alimentar e com a geração de renda para essa comunidade de agricultores familiares”.
Harley destaca ainda que a utilização de tecnologias da Embrapa, especialmente nesse caso, com uso das novas cultivares de mandioca, de alta qualidade e adaptadas às condições regionais, vai aumentar a produtividade e gerar melhorias na qualidade da mandioca de mesa comercializada pelos indígenas na cidade. Ele acrescenta que “essa parceria reforça a missão institucional da Embrapa e o compromisso com a sociedade em geral”.
Outro ponto destacado por Otsubo se refere a uma questão de cidadania e ele explica “tradicionalmente os agricultores familiares indígenas cultivam mandioca tanto para sua subsistência quanto para comercialização do excedente de produção de suas lavouras, seja em feiras ou de porta em porta na cidade. Acreditamos que no futuro, com essas variedades da Embrapa, a qualidade do produto comercializado pelos indígenas será muito melhor e gostaríamos que a sociedade douradense ao tomar conhecimento disso, tenha preferência de consumir esses alimentos, produzidos pela comunidade indígena local, gerando renda para e contribuindo com o desenvolvimento dessa comunidade”.
Christiane Congro Comas (Mtb-SC 00825/9 JP)
Embrapa Agropecuária Oeste
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