Embrapa Agrossilvipastoril
Ampliação da Rede Reniva prevê duas câmaras térmicas para mandiocultura no Amapá
Ampliação da Rede Reniva prevê duas câmaras térmicas para mandiocultura no Amapá
Foto: Dulcivânia Freitas
Coordenadores da Rede Reniva pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas,BA), em visita técnica ao jardim clonal de cultivares de mandioca tolerantes a doenças, instalado no Campo do Cerrado da Embrapa Amapá.
A Embrapa apresentou a etapa de ampliação da Rede Reniva para o estado do Amapá, uma estratégia de multiplicação de manivas-sementes de mandioca com garantia de qualidade genética e fitossanitaria, durante evento na sede do Sebrae, no último dia 1º de março, em Macapá (AP).
As atividades fazem parte de dois projetos custeados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), a serem executados pela Embrapa Amapá e Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas,BA), em parceria com instituições parceiras. Participaram dos debates, gestores e técnicos da Embrapa Amapá e do Sebrae; os coordenadores da Rede Reniva Helton Fleck da Silveira e Hermínio Souza Rocha (Embrapa Mandioca e Fruticultura); o superintendente do MDA no Amapá, Van Vilhena; o diretor da Agência Nacional de Extensão Rural (Anater), Camilo Capiberibe; e técnicos de diversas instituições do setor produtivo do estado.
Na ocasião, foi anunciada a instalação de duas câmaras térmicas automatizadas no Estado do Amapá. Com estas estufas agrícolas, será possível aplicar a tecnologia termoterapia, que gera plantas sadias, livres de patógenos sistêmicos como vírus, bactérias e outros agentes que causam a podridão radicular.
Uma das câmaras será construída no Campo Experimental da Embrapa Amapá, localizado no km 45 da BR-210, e faz parte do projeto da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, Bahia) custeado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) com recursos na ordem de R$ 1,6 milhão para diversas atividades.
Os povos indígenas de Oiapoque (AP) que cultivam mandioca também serão beneficiados com uma câmara térmica automatizada, incluída no Projeto Reniva Indígena, da Embrapa Amapá, custeado também pelo MDA, com investimento total de R$ 1,3 milhão para várias ações de controle e mitigação dos efeitos de microorganismos que causam destruição em grande parte da produção de mandioca dos indígenas.
Programação
Durante o evento, os engenheiros-agrônomos Helton Fleck da Silveira e Hermínio Souza Rocha, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, apresentaram os fundamentos, histórico, evolução e desafios da Rede Reniva; o analista de transferência de tecnologias da Embrapa Amapá, Walter Paixão, apresentou o balanço, formatação e perspectivas da Rede Reniva no estado do Amapá, incluindo a atividade de propagação de materiais de boa qualidade genética e fitossanitária de mandioca, a ser implementada em áreas indígenas; e a gerente da Unidade de Agroindústria e Indústria do Sebrae no Amapá, Larissa Queiroz, foi responsável pela apresentação do plano de ação desta instituição visando fortalecer a Rede Reniva no estado.
Na última semana, os especialistas da Embrapa Mandioca e Fruticultura cumpriram uma agenda de trabalho no Amapá, junto com equipes da Embrapa Amapá. Eles visitaram experimentos o Campo da Embrapa no Cerrado, verificaram as roças de mandioca nas aldeias Anawerá, Galibi e Manga, em Oiapoque, e debateram a nova etapa da Rede Reniva com gestores e técnicos do Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap), da Secretaria Municipal de Agricultura de Oiapoque, do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Especialistas das instituições da Guiana Francesa, como o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento (Cirad) e a Federação Regional de Defesa contra Organismos Nocivos (Fredon), também participaram da programação em Oiapoque.
Além de coletarem materiais de roças de mandioca para novas análises, os especialistas da Embrapa Amapá e da Embrapa Mandioca e Fruticultura conferiram in loco o desenvolvimento de cultivares de mandioca no experimento da Embrapa Amapá (Km 45 da BR-210), que serão utilizadas para fornecer sementes-manivas de garantida qualidade genética e fitossanitária, visando contribuir para a segurança e soberania alimentar dos povos indígenas de Oiapoque.
Câmara térmica
A câmara térmica é uma estufa agrícola utilizada para tratamento de plantas de mandioca por termoterapia. O engenheiro-agrônomo Hermínio Rocha explicou que a câmara térmica automatizada é uma técnica inovadora desenvolvida pelo Centro Internacional para Agricultura Tropical (Ciat), na Colômbia, e aperfeiçoada pela Embrapa Mandioca e Fruticultura.
Este método proporciona um grande número de miniestacas/mudas por planta, quando comparada ao método tradicional. Por exemplo, no método convencional, com uma haste de 1 metro, o produtor consegue cinco manivas-sementes de 20 centímetros, ou seja, 25 plantas no período de um ano, enquanto que, na câmara térmica de crescimento, com 1 metro de haste o produtor terá 250 mudas, com qualidade fitossanitária superior às manivas obtidas em condições de campo, em um período de seis meses. Além do Amapá, também foram contemplados com câmaras técnicas outros oito estados que integram a Rede Reniva: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Paraíba, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Rede Reniva Indígena
Durante os dois anos do projeto Rede Reniva Indígena, em Oiapoque, serão realizadas ações como o diagnóstico dos sistemas de produção com a cartografia da doença superbrotamento nas áreas indígenas do Oiapoque e a instalação de jardim clonal e coleção biológica de cultivares de mandioca no Campo Experimental da Embrapa.
Esse material deverá ser resistente ou tolerante às principais pragas da mandioca, a partir da coleta e multiplicação de genótipos já usados pelos produtores indígenas, de forma a resgatar e manter em ambiente seguro materiais de cultivo tradicionais do estado.
De acordo com Antonio Claudio de Carvalho, chefe-geral da Embrapa Amapá, outra frente do trabalho da Embrapa e instituições parceiras, consiste em estimular cultivos de diversas culturas agrícolas, juntos aos indígenas, a fim de diversificar cultivos nas áreas que estiverem contaminadas com as pragas de mandioca.
Também está sendo planejada a implantação de áreas de multiplicação de manivas-semente de mandioca, nas quais será explorada a tecnologia de multiplicação rápida de manivas-semente, que será adaptada para a realidade cultural indígena, cujas taxas de multiplicação podem aumentar de 14 a 17 vezes em relação à taxa de multiplicação convencional. Ainda está prevista a elaboração de um manual em português e línguas indígenas, sobre intervenções participativas no cultivo da mandioca e de desenvolvimento sustentável em comunidades indígenas no estado do Amapá.
Dulcivânia Freitas (DRT-PB 1.063/96)
Embrapa Amapá
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