A redução do desperdício e das perdas de alimentos na pós-colheita podem contribuir substancialmente com a redução da insegurança alimentar. Caracterizam-se como operações de pós-colheita todas as etapas que se seguem à colheita de um produto até seu consumo. Neste projeto, estamos dedicando esforços em divulgar tecnologias para reduzir as perdas que existem em operações após a colheita de frutas e hortaliças, nos municípios de Cláudia e Sinop. Assim, o público-alvo deste projeto são os produtores rurais de base agroecológica e suas famílias. Antes da divulgação de tecnologias para redução de perdas, será realizado um mapeamento dos processos de colheita, embalagem, seleção, armazenamento e transporte visando identificar os principais pontos de perdas e quantificar as perdas das espécies da época. Deve-se destacar que sistemas agroflorestais, como os propostos nas unidades de aprendizagem (UA) dos produtores cadastrados em Sinop e Cláudia, são únicos e altamente variáveis, de acordo com as condições climáticas da região, interesse do produtor, tamanho da área, aptidão, etc. Assim, uma UA poderá gerar mais de um mapa para redução de perda e desperdício, devido a produção de mais de uma espécie de fruta ou hortaliça durante a execução do projeto. Para este mapeamento será utilizada a metodologia de Lana (2010). Em sequência à atividade de mapeamento, será divulgada aos produtores, por meio de oficinas, a tecnologia chamada “estação de trabalho”. A estação de trabalho é composta por um conjunto de “equipamentos” que facilitam e aumentam o rendimento das operações de colheita e beneficiamento de frutas e hortaliças. Muitas vezes, o rendimento do trabalho diminui e as perdas acontecem devido à repetição de atividades como abaixar, levantar, carregar a colheita ou mesmo deixar os produtos colhidos expostos ao sol. Além disso, indiretamente, o cansaço físico e o desconforto térmico contribuem para reduzir o rendimento do trabalho. Porém, muitas vezes, devido ao tamanho da propriedade não há infraestrutura adequada para manter os produtos protegidos do sol enquanto finaliza a colheita e realiza operações como seleção, limpeza, embalagem e classificação, que estão relacionadas à manutenção da qualidade e durabilidade frutas e das hortaliças. O benefício de redução de perdas e do desperdício atinge desde o produtor rural até toda a população de forma que contribui, inclusive para alcançar metas globais de desenvolvimento sustentável. Mas, além disso, visando também o melhor aproveitamento da produção, neste projeto estão propostas oficinas para agregação de valor, ou seja, oficinas que transfiram aos produtores conhecimentos e tecnologias que permitam que, a partir do que eles já produzem, e de algum beneficiamento, eles possam aumentar o valor cobrado pela venda de seus produtos. Em consultas preliminares aos produtores, o que mais os interessa é oficina de conservas e desidratação de frutas. Porém, estes temas serão definidos de forma a abranger o maior número de produtores e visando a transformação do maior número de produtos. Por fim, em paralelo, neste projeto também será desenvolvido um aplicativo visando conectar fornecedores de frutas e hortaliças de pequenos comércios de Sinop a possíveis compradores, com o objetivo de dar mais uma oportunidade a estes fornecedores comercializarem seus produtos antes de se desfazerem deles e, assim, reduzir a perda de alimentos. Além do benefício de aumento da comercialização e redução da perda de alimentos, com o uso do aplicativo será possível quantificar para este público específico a perda de alimentos no município de Sinop. Deve-se considerar que atualmente este é um dado desconhecido, em qualquer nível, e é a uma informação necessária para a criação de uma política pública para redução da perda e desperdício de alimentos ou redução da fome.