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Destruição de restos culturais do algodoeiro reduz a pressão de pragas e os custos de produção
Foto: Levi Ker/Staff Brasil
O pesquisador da Embrapa Algodão, Valdinei Sofiatti, apresentou palestra sobre Processos de destruição mecânica das soqueiras de algodão
Uma das questões que mais tem preocupado os cotonicultores atualmente é como destruir os restos culturais do algodoeiro, a chamada soqueira, para evitar a proliferação de doenças e pragas, e assim reduzir os custos com defensivos agrícolas. Por se tratar de uma cultura perene, após a colheita, o algodoeiro continua se desenvolvendo no campo e servindo de alimento para diversas pragas como lagartas, pulgão, percevejo e principalmente o bicudo, que tem causado uma perda anual estimada de R$ 1,7 bilhão.
Durante mesa redonda sobre a "Avaliação de diferentes métodos de destruição de restos culturais para variedades transgênicas e convencionais", no Congresso Brasileiro do Algodão, pesquisadores, consultores e representantes de empresas produtoras de organismos geneticamente modificados foram unânimes ao afirmar que a medida é fundamental para reduzir a pressão de pragas sobres os cultivos seguintes e, consequentemente, os custos de produção.
Os métodos hoje utilizados para destruir os restos da cultura são a destruição química, a mecânica e a combinação entre as duas técnicas. "Com a crescente adoção de cultivares transgênicas resistentes ao glifosato, ficou mais difícil para o produtor realizar o controle químico, pois as plantas remanescentes no campo não são controladas com o glifosato por isso, o ideal é combinar as duas técnicas", recomendou o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Algodão, pesquisador Valdinei Sofiatti.
O pesquisador destacou que experimentos realizados com a combinação dos dois métodos para destruição de algodão transgênico resistente ao gliofosato controlaram quase 100% da soqueira, enquanto utilizando-se apenas o método químico, o controle ficou abaixo de 90%, mesmo com duas aplicações de herbicida.
Segundo ele, o produtor tende a optar pela destruição química pela praticidade. "Mas é preciso destruir totalmente os restos das plantas e hoje existem equipamentos que realizam essa destruição com uma facilidade enorme."
Sofiatti também chamou a atenção para a questão dos custos de destruição da soqueira. "O produtor pode pensar que a destruição mecânica é mais cara, mas comparando-se os custos dos dois métodos, a mecânica é até mais barata que a química, e a combinação dos dois métodos fica a um custo equivalente", disse.
O pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Edson Andrade Junior, informou que hoje, em Mato Grosso, o método químico ainda é o mais utilizado, por cerca de 80% dos produtores. "Os herbicidas 2,4-D com glifosato eram o tratamento padrão das propriedades. Porém, com o advento das cultivares transgênicas resistentes ao glifosato perdeu-se um agente, que é o glifosato, por não ter ação nessas variedades", afirmou.
Conforme o pesquisador, nos ensaios os melhores resultados são quando se faz a combinação dos métodos de destruição e são feitas duas aplicações de herbicidas, uma logo após a roçagem (que facilita a absorção do produto) e outra após a rebrota, de 20 a 25 dias após a primeira aplicação, quando a planta atinge cerca de 10 cm de comprimento.
O consultor técnico Wanderley Oishi, da Quality Cotton Consultoria Agronômica, observou que uma das dificuldades que o produtor tem para atingir 100% do controle é em razão da baixa umidade do solo, pois o algodão é cultivado em safrinha. "Uma coisa muito importante é avaliar qual é o tamanho da rebrota para fazer o controle: rebrotas novas, conseguem absorver bem o produto; quando o controle é mais tardio e o solo tem menos umidade é mais difícil", orientou.
Edna Santos (MTB-CE 01700)
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