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Dia de Campo apresenta soluções tecnológicas para sistemas de produção integrados no Semiárido
Foto: Adilson Nóbrega
Pesquisador Rafael Tonucci (à direita) mostra, no Dia de Campo, faixas de plantio na área do ILPF Caatinga
Um grupo de 40 pessoas, entre técnicos de extensão rural, gestores públicos e produtores rurais, conheceu, nesta terça-feira (7), soluções tecnológicas para sistemas integrados de produção em Dia de Campo na Embrapa Caprinos e Ovinos, em Sobral (CE). No campo experimental, eles observaram resultados de experimentos em sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) para a Caatinga, de produção de sorgo para alimentação animal e de controle integrado de verminose em caprinos e ovinos. O encontro foi organizado pela Embrapa em articulação com o Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter), do Banco do Nordeste (BNB).
Os participantes, que vieram dos polos cearenses de Sobral, Vale do Curu-Aracatiaçu e Sertão de Santa Quitéria, estiveram na área experimental do ILPF Caatinga, onde observaram o desenho do sistema de produção que integra produção agrícola e pecuária com a conservação e uso sustentável da vegetação nativa, permitindo a diversificação de atividades e de possibilidades de geração de renda em propriedades rurais no bioma. Na sequência, visitaram área de plantio de sorgo, onde cultivares têm seu desempenho avaliado para segurança alimentar de rebanhos. O grupo também teve informações sobre os testes para desenvolvimento de adubo orgânico para controle de verminose e viu orientações de manejo para reduzir a infecção parasitária em caprinos e ovinos.
Na avaliação dos participantes, o Dia de Campo mostrou alternativas de produção sustentável que têm bom potencial de aplicabilidade para os públicos de suas regiões. “É uma boa forma de utilizar o suporte forrageiro, que é o que mais pesa para que se tenha eficiência produtiva. Acredito muito em pesquisas com boa efetividade, baixo custo e aplicáveis”, afirmou Fernando Sousa Filho, médico veterinário da prefeitura de Miraíma (CE). “São trabalhos desenvolvidos para a agricultura familiar, técnicas a que o produtor pode se adequar e fazer”, avaliou Márcio Bezerra, agente rural da Ematerce que atua em Santana do Acaraú (CE).
Mirla Almeida, engenheira agrônoma da prefeitura de Groaíras (CE), destacou a metodologia usada na interação entre pesquisadores da Embrapa e os técnicos presentes no Dia de Campo para a troca de conhecimentos. “Foi muito válida essa conexão entre a pesquisa e a gente que está mais próximo dos agricultores, para disseminar conhecimentos. Estamos iniciando um trabalho para incentivar as culturas forrageiras e vimos aqui uma ótima oportunidade”, disse ela.
Soluções para produção sustentável
A primeira estação do Dia de Campo trouxe a experiência do sistema ILPF Caatinga, com sua área útil de 2,8 hectares, contendo faixas para pastagens, lavoura e mata nativa, que permite também a inserção de ovinos. Entre as vantagens do sistema, a possibilidade de produção agropecuária com sustentabilidade, a manutenção da biodiversidade, a diversificação de fontes de renda na propriedade rural. “O nosso desenho é para caprinos e ovinos, mas se vê potencial para outras atividades e abrir ainda mais este leque”, destacou o pesquisador Rafael Tonucci.
Na sequência, os visitantes estiveram em área de sorgo, onde o pesquisador Fernando Guedes trouxe informações sobre as diferentes alternativas de uso do sorgo (para produção de silagem, de grãos ou biomassa) e orientações para o manejo das culturas. Também lá, o pesquisador Marcos Cláudio Rogério destacou o potencial nutritivo do sorgo, de forma solteira ou em consórcio com leguminosas, como feijão guandu, leucena e gliricídia, para fornecimento de nutrientes aos animais. “São alternativas que permitem, na propriedade rural, a composição de uma dieta ideal que diminua a dependência de compra de alimento concentrado”, explicou Marcos.
Na terceira e última estação, os pesquisadores Luiz Vieira, Hévila Salles e Roberto Cláudio Pompeu abordaram diferentes estratégias para o controle de verminoses em caprinos e ovinos. Luiz trouxe orientações de manejo para o controle integrado (estratégia recomendada pela Embrapa, que envolve cuidados com instalações, pastagens, nutrição e exame de animais para adequada aplicação de vermífugo), enquanto Hévila e Roberto mostraram resultados do Econemat, estratégia que testa subprodutos de agroindústria como adubos orgânicos capazes de combater os vermes na chamada fase livre no solo (quando as larvas estão nas pastagens) e ainda trazer resultados satisfatórios para o plantio de espécies forrageiras.
Políticas públicas para sistemas integrados
O Dia de Campo também contou com a presença de gestores de prefeituras municipais e do Prodeter, que avaliaram a possibilidade de fortalecer políticas públicas para implantação de novas experiências com sistemas integrados de produção em seus territórios. A perspectiva de mesclar diferentes atividades rurais, garantindo segurança alimentar para rebanhos e uso sustentável das matas nativas, despertou interesse neste público.
“Quando vejo que temos como produzir forragem, grãos, animais e ainda outras possibilidades, como apicultura, meliponicultura na mesma área, vejo oportunidade de melhoria. O pequeno e o médio agricultor têm a necessidade de diversificar a produção em sua propriedade e este tipo de manejo permite isso”, frisou Wesley Mota, secretário de Agricultura e Pesca de Pentecoste (CE).
Para Lúcia Sobreira, agente de Desenvolvimento Territorial do BNB nos polos de Sobral e Santa Quitéria, há boas oportunidades de projetos para pleitear créditos para experiência com ILPF em agricultura familiar. “Estamos em um processo de mobilização para que o produtor rural passe a adotar este sistema, que traz a preservação ambiental aliada à nutrição de animais, com alimentação de qualidade”, afirmou ela.
Neudo Oliveira, agente de Desenvolvimento Territorial do BNB que atua no polo do Vale do Curu-Aracatiaçu (CE), apontou a possibilidade de futuros projetos para implantação de unidades de referência técnica (URTs) com o ILPF Caatinga nos municípios do território. “URTs podem ser vitrines no território, cremos que a Embrapa tem muito a contribuir para que esse processo de transferência de tecnologia seja posto em prática”, disse ele.
Adilson Nóbrega (MTB/CE 01269 JP)
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