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Produção orgânica: caso de sucesso da Fazenda Malunga é apresentado em reunião técnica
Reconhecida como referência em produção orgânica no Brasil, o caso de sucesso da Fazenda Malunga foi apresentado na última sexta-feira (22), no auditório da Embrapa Sede (Brasília-DF), durante a Reunião de Resultados de Pesquisa, Transferência de Tecnologia e Inovação da Embrapa Cerrados. Esse evento anual reúne as equipes técnicas da Unidade para analisar os resultados alcançados no ano, discutir os principais avanços e conquistas e debater estratégias para superar os desafios futuros.
Com o tema “Alimentos, conhecimento e sustentabilidade: do canteiro à mesa”, o produtor rural Joe Valle (foto), proprietário da Fazenda Malunga, compartilhou um pouco dos quase 40 anos de história da empresa, relatou os desafios enfrentados ao longo desse caminho e, também, instigou o corpo técnico da Embrapa a continuar se dedicando a pesquisas voltadas ao setor de orgânicos.
“A nossa proposta com a presença do Joe aqui é nos ajudar a pensar de maneira diferente, ampliando a visão sobre o sistema produtivo como um todo, desde a lavoura até o consumidor final, sempre com foco na ciência e no conhecimento tradicional”, explicou o chefe de P&D da Unidade, Eduardo Alano.
Para ele, a Malunga é realmente um exemplo a ser seguido. “Já tive oportunidade de fazer pesquisa lá e sei que a ciência está presente desde o canteiro até o produto final. Eles possuem uma produção muito organizada e de qualidade. E é preciso destacar também a questão social e humana com que o trabalho é feito”, afirmou.
História de sucesso
A fazenda Malunga (termo africano que significa reunião em torno de algo bom), nasceu em 1985, quando o então estudante de engenharia florestal Joe Valle deu início, na chácara do seu pai, localizada no PAD-DF, a uma pequena produção orgânica. Foram três anos vendendo em feiras da cidade, oferecendo verduras produzidas em uma horta de mil metros quadrados.
Hoje, 39 anos depois, a área dedicada à produção de frutas, legumes, verduras e laticínios orgânicos abrange 150 hectares, sendo 60 deles exclusivamente destinados às hortaliças. A Fazenda Malunga emprega atualmente cerca de 200 pessoas e entrega seus produtos em mais de 100 lojas de Brasília e Goiânia. Também conta com quatro lojas próprias que empregam mais de 80 pessoas, possui um atacado na Ceasa-DF e é marca própria em duas grandes redes de supermercado.
Segundo Joe Valle, para que a Malunga pudesse crescer de forma consistente foi fundamental, com muito trabalho e persistência, atuar no sentido de ter regularidade nas entregas e qualidade dos produtos. “Hoje, não faz sentido dizer que frutas e verduras orgânicas são pequenas e imperfeitas. Isso é um mito. Vá até o mercado e veja minha alface americana; estou superando todas as versões convencionais”, comemora. Ele atribui essa qualidade diferenciada, dentre outros fatores, ao manejo e uso de genética adequada.
“O fato é que temos que deixar a ideologia de lado, isso atrapalha muito. Tenho centenas de pessoas para pagar bem no final do mês. Se a tecnologia não bota dinheiro no nosso bolso, não serve”, pontuou. Segundo ele, a produção da Fazenda Malunga está estruturada em três bases: microrganismo, planta de cobertura e pó de rocha. “Esses são os pilares do nosso processo produtivo. E fazemos muita coisa entre erros e acertos. O que não dá é aceitar que não dá para fazer”, defendeu.
Para Joe Valle, se hoje eles são referência nesse setor, isso se deve a tudo o que implementaram ao longo desses anos. “E todas as nossas ações foram fundamentadas na ciência, que viemos beber na fonte da Embrapa. Os centros de pesquisa da empresa com os quais colaboramos sempre foram essenciais para viabilizar a prática de uma agricultura orgânica, seja no desenvolvimento de novas variedades, na análise de solos ou no estudo de microrganismos”, afirmou.
Ele destacou, no entanto, que o setor orgânico ainda precisa de apoio. “É essencial continuar a produção de conhecimento. Estamos em um momento crucial no desenvolvimento de bioinsumos, remineralizadores de solo e no entendimento das comunidades de microrganismos. Há um vasto caminho pela frente, baseado em pesquisa. Precisamos que os estudos avancem e se transformem em tecnologias aplicáveis, para que possamos utilizá-las nas propriedades”, ressaltou.
Formando pessoas
Além de produtor rural e empresário, Joe Valle também é educador. “Sou professor em várias áreas. Na verdade, meu trabalho é ajudar a formar pessoas melhores do que elas são para si mesmas”. Todo sábado à tarde, ele recebe grupos de jovens, entre 19 e 25 anos, na Fazenda, com o objetivo de capacitá-los em empreendedorismo rural sustentável. E sua preocupação com a formação das pessoas vai além do trabalho com os jovens; ela também se reflete na gestão da empresa. “Aqui, incentivamos nossos colaboradores a estudar e se capacitar. A ideia é transformar nossa empresa em uma escola, com nossos gerentes atuando como professores.”
Conheça mais sobre a história da Fazenda Malunga
Juliana Caldas (MTb 4861/DF)
Embrapa Cerrados
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