Embrapa Alimentos e Territórios
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Unidades da Embrapa integram a terceira etapa do Projeto Dom Helder Câmara
O Projeto Dom Helder Câmara (PDHC), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e co-financiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), entra em sua terceira fase e anuncia novos recursos para a ampliação do programa e alcance da inclusão socioprodutiva de um número maior de famílias do Nordeste. Chefes e pesquisadores de quatro unidades da Embrapa participaram no dia 3/12 do seminário "Superação da Pobreza Rural no Semiárido Brasileiro: a trajetória do Projeto Dom Helder Câmara", ocorrido em Brasília.
As unidades Embrapa Alimentos e Territórios, Embrapa Agroindústria Tropical, Embrapa Caprinos e Ovinos e Embrapa Meio Norte estiveram presentes nos dois dias do evento, junto com agricultores familiares, guardiãs de sementes e jovens rurais que integram projetos executados em parceria pelos centros de pesquisa. Elas passam a integrar a terceira etapa do PDHC, junto com a Embrapa Semiárido.
Na foto abaixo estão da esquerda para à direita: Anísio Lima (Embrapa Meio Norte), Gustavo Saavedra (Agroindústria Tropical), Marcel Teixeira (Caprinos e Ovinos), Clara Cavalcante (Caprinos e Ovinos) e Fernando Curado (Alimentos e Territórios).
O seminário marca o início de uma nova etapa do projeto, que será implementada com uma abordagem territorial de desenvolvimento sustentável. Essa perspectiva considera o território como unidade de referência, integrando políticas públicas, promovendo a participação social e fortalecendo a articulação entre os diferentes níveis de governo.
O ministro Paulo Teixeira ressaltou que o PDHC retoma sua essência participativa e descentralizada, características marcantes das fases iniciais. Ele enfatizou que a articulação entre governos estaduais, municipais e organizações sociais será determinante para o sucesso desta nova etapa. “O projeto deve ser um esforço conjunto que integre políticas locais e devolva poder aos territórios. É fundamental também garantir assistência técnica e extensão rural, levando o conhecimento das universidades e da Embrapa até os agricultores”, afirmou.
Ele destacou três eixos principais para esta terceira fase: adaptação às mudanças climáticas, ampliação da escala de atendimento e abordagem territorial. “Também vamos investir em máquinas adaptadas para o pequeno produtor”, acrescentou.
Presente ao seminário, o chefe-geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Gustavo Saavedra, destacou a importância do projeto para os produtores rurais. “Entramos no PDHC para levar o caju ao semiárido, não que o homem do campo não conhecesse o caju, pois todos conhecem aquele cajueiro gigante presente nos quintais de muitas casas, mas que devido à mosca-branca e às secas intensas, morreram. Agora as populações não têm mais cajueiros em suas paisagens ou as árvores estão velhas e fracas. Não existe mais a renda das castanhas ou a venda do caju para o suco durante a safra”, contou.
A Embrapa Agroindústria Tropical entrou para atuar na capacitação de pequenos produtores para plantar as cultivares de caju e dominar a tecnologia clonal da Embrapa, que não exige muita água e não depende diretamente de todo um sistema de chuvas. “A ideia é levar uma cajucultura de alto desempenho para as comunidades rurais, mostrando os cuidados e técnicas de manejo, para que as comunidades possam voltar a produzir o caju, gerar renda e fazer negócios”, explicou.
O segundo passo é contribuir para a melhoria do processo de industrialização do caju. “Trabalhamos na região do Sertão de Pernambuco e com a terceira etapa do PDHC a intenção é replicar a experiência em outras áreas de outros estados do Nordeste”, finalizou.
Sementes da resistência
A Embrapa Alimentos e Territórios atua no projeto com iniciativas de fortalecimento da segurança e soberania alimentar. Entre as iniciativas está o lançamento, em coprodução com o Movimento dos Pequenos Agricultores, da publicação Sementes da Resistência, um catálogo de sementes crioulas dos territórios de atuação do Movimento dos Pequenos Agricultores de Alagoas (MPA). “Pela primeira vez tivemos as nossas sementes catalogadas e apresentadas em uma publicação. Era um sonho de guardiãs e guardiões de sementes”, explica a guardiã de sementes Vera Lúcia, integrante do MPA e moradora da comunidade Serra Bonita, do município de Palmeira dos Índios (AL). O documento resulta de esforços coletivos de co-construção envolvendo agricultores familiares e equipes técnicas da Unidade na materialização de informações sobre as variedades tradicionais ou crioulas cultivadas há diversas gerações em territórios de Alagoas. Reúne conhecimentos sobre as formas de classificação, principais características gastronômicas e culturais, evidenciando aspectos alimentares, tradição e distribuição das plantas pelos territórios. “O catálogo retrata 47 variedades, de 21 comunidades em cinco municípios de Alagoas. Nosso objetivo com este trabalho é estimular processos de valorização da agrobiodiversidade e sociobiodiversidade neste e em outros territórios do país”, explica o pesquisador Fernando Curado. Na foto a seguir, a guardiã de sementes Vera Lúcia e o orgulho de ver suas sementes apresentadas no Catálogo. Curado representou a Unidade no seminário. Ele também apresentou o capítulo do livro de autoria da Embrapa Alimentos e Territórios que será lançado pelo MDA com as experiências exitosas do PDHC. “A Unidade atuou fortemente em ações de promoção da segurança alimentar e nutricional. Além do lançamento do catálogo, podemos citar o trabalho com merendeiras de escolas públicas de resgate de receitas com alimentos tradicionais ancestrais, valorizando e premiando as melhores receitas. Uma estratégia para fortalecer a cultura alimentar local e consequentemente o consumo de alimentos seguros e saudáveis para milhares de estudantes de escolas públicas”, explicou Curado. Outro trabalho de fortalecimento da segurança e soberania alimentar foi a coordenação, pela Embrapa Alimentos e Territórios, do Prêmio Sistemas Agrícolas Tradicionais (SAT) do Semiárido Dom Helder Câmara (SATs Dom Helder Câmara), onde foram premiadas as melhores iniciativas para a conservação da biodiversidade, com práticas, tecnologias, conhecimentos e rituais.
Comunidades do Semiárido são premiadas por sistemas agrícolas tradicionais
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Produção de mel para alta gastronomiaAnísio Lima, chefe da Embrapa Meio Norte, destacou a oportunidade que a Embrapa teve desde o começo do PDHC de aproximar a pesquisa, a inovação e a transferência de tecnologia dos agricultores familiares. “O grande instrumento para o desenvolvimento é o conhecimento que vem da ciência que por sua vez precisa ser democratizada e colocada em uma linguagem aplicada. E isso o Dom Helder nos oportunizou, levarmos para as comunidades rurais do semiárido piauiense instrumentos do desenvolvimento tecnológico”, disse. Como exemplo, Anísio apresentou os resultados da Associação dos Meliponicultores do município de Bela Vista do Piauí que está colocando méis de abelhas sem ferrão na alta gastronomia dos grandes centros urbanos do país. Meliponicultura, apicultura nos sistemas de produção e qualidade do mel são iniciativas que o centro de pesquisa está levando às comunidades e que nesta terceira etapa do projeto será ampliada. A Associação dos Meliponicultores reúne um conjunto de jovens que trabalha com a produção de mel e derivados, gerando renda e agregando valor aos produtos. Tiago Marques é um dos jovens que atua na meliponicultura e produz derivados à base de mel de abelhas nativas sem ferrão. “Temos uma associação formada com apoio da Embrapa que nos permite agregar valor e produzir produtos como sabonetes, condicionador, shampoo e um mel especial para a alta gastronomia”, contou. Nas fotos a seguir, Tiago apresenta os produtos para a Diretoria de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, com a diretora Ana Euler e o chefe da Embrapa Meio Norte. |
Tecnologias para Inovação Social
A Embrapa Caprinos e Ovinos, em uma ação integrada com o PDHC, desenvolveu estratégias de inclusão tecnológica para enfrentar os principais desafios à produção sustentável de carne, leite e derivados de caprinos e ovinos no semiárido brasileiro. Ações como apoio em infraestrutura, processos participativos para o compartilhamento de soluções tecnológicas desenvolvidas pela Embrapa, análises e estudos, capacitações, intercâmbio de conhecimentos e redes de parcerias foram trabalhadas nos territórios de cinco estados do Nordeste: Sertão de Inhamuns (CE), Cariri Paraibano, Sertão Pernambucano, Vale do Itaim (PI) e Bacia do Jacuípe (BA).
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“Com a terceira fase queremos fazer o escalonamento de experiências exitosas e trabalhar com o público da extrema pobreza. Como experiências exitosas destacamos o nosso apoio a uma cooperativa localizada no Cariri Paraibano, liderado por duas mulheres, que produzem o queijo de cabra de forma mais profissional, inclusive com o número SIF (Serviço de Inspeção Federal) do Mapa, que permite o acesso a novos mercados. Também temos uma parceria com o Instituto Federal do Sertão Pernambucano, chamado Supera, que obteve o alcance de mais de mil produtores em estratégias de segurança alimentar e saúde única, em um território relevante da caprinocultura, envolvendo a região de Juazeiro e Petrolina”, ressaltou Ana Clara Cavalcante, chefe da Embrapa Caprinos.
Ela participou da mesa de abertura representando a Embrapa, junto com autoridades, como o ministro do MDA, o representante do FIDA no Brasil, embaixadores, secretários de ministérios, entre outros. Na foto, a chefe da Unidade apresenta as cartilhas elaboradas nas fases 1 e 2 do Projeto.
O PDHC está entre os cinco melhores projetos do mundo na carteira de projetos do FIDA. Iniciou nos anos 2000 e com a terceira fase irá se estender até 2030. Na Embrapa, o projeto é coordenado pela Diretoria de inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia (DINT).
Saiba mais sobre o projeto acessando aqui
Maria Clara Guaraldo (MTB 5027/MG)
Assessoria de Comunicação (Ascom)
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Mais informações sobre o tema
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