Boa fonte de vitamina C e ferro, bom preço de mercado, ótimo desempenho em solos arenosos e poucas pragas e doenças fazem da mangaba uma ótima alternativa para o pequeno produtor rural. As vantagens e os desafios que essa cultura oferece foram debatidos durante a I Festa da Mangaba do Território do Médio Araguaia no dia 30 de novembro, em Goianorte (TO).

O evento contou com a participação do pesquisador Josué Francisco da Silva Júnior, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE). Lotado em Recife (PE), Silva veio especialmente para falar ao público da feira sobre a produção da fruta. "Apesar de todas as vantagens da mangaba, a imensa maioria da produção nacional é baseada no extrativismo e não no cultivo", contou o pesquisador.

A mangabeira, de acordo com o especialista, é planta rústica que se desenvolve bem em solos arenosos com poucos nutrientes o que a torna ideal para áreas de tabuleiros e restingas, do litoral nordestino, e para os solos pedregosos do Cerrado brasileiro. A espécie também possui poucos inimigos naturais como doenças e pragas, o que simplifica o combate.

Outra particularidade da planta é que ela produz látex, que já foi matéria-prima essencial para a indústria da borracha. Essa característica a tornou conhecida durante a Segunda Guerra Mundial, quando a ocupação japonesa das lavouras asiáticas de seringueira obrigou os aliados a procurar alternativas, entre elas, a mangabeira brasileira que forneceu látex naquele período de escassez, conforme levantou Silva.

Para cultivar a fruta, o ideal é o plantio consorciado com outras espécies e a manutenção da vegetação nativa. "Isso favorece a polinização ao oferecer aos principais polinizadores da planta, borboletas e mariposas, outras espécies vegetais o que mantém esses insetos na área aumentando a polinização e, consequentemente, a produção", explicou o pesquisador da Embrapa.

A mangabeira pode ser consorciada com uma grande variedade de culturas como melancia, caju, coco, manga, milho, mandioca entre muitas outras espécies.

"A mangaba é muito valorizada e vem sendo usada na elaboração de sorvetes, sucos e uma infinidade de produtos. Com uma demanda crescente e bem maior do que a oferta, a mangaba é uma ótima alternativa de complementação de renda para o produtor", colocou Silva.

O entusiasmo do especialista é partilhado pelo produtor Raimundo de Deus Farias Leite. Dono de uma pequena propriedade, Leite estimulou outros produtores da região do médio Araguaia, no oeste do Tocantins, a investir na mangaba. A união desses pequenos proprietários rurais gerou o Instituto Mangaba, presidido pelo próprio Raimundo.

"A cultura exige pouca mão de obra sendo que uma só pessoa consegue atuar em um hectare da plantação, o quilo da fruta aqui no Tocantins chega a dez reais o quilo, o que a torna a mangaba uma alternativa muito atraente para complementar a renda do produtor," expôs o agricultor.
   
Fábio Reynol - jornalista (MTb/SP 30.269)
Embrapa Pesca e Aquicultura
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