Embrapa Amapá
Grupo Gestor da PIMo-SP planeja safra 2018
Representantes dos produtores de morango adeptos ao sistema de produção integrada (PIMo) da região de Atibaia, Jarinu e Piedade, SP, pesquisadores, estudantes, técnicos e gestores públicos, se reuniram em março, em Atibaia, para tratar de assuntos relacionados à certificação na safra 2018.
O primeiro item discutido foram as reuniões para a revisão da Norma Técnica Específica para a Produção Integrada de Morango. Discutida em conjunto, com a integração dos conhecimentos e das contribuições de todas as esferas de modo a atender as expectativas de todos os envolvidos, a norma precisa ser aplicável no dia-a-dia do produtor, sendo exequível no campo e compatível com os recursos do ambiente de produção.
Conforme a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) Fagoni Calegario, que participa do processo desde o início em 2005, os próximos passos devem ser a realização de reuniões regionais para discussão das propostas de alteração da norma nas diversas regiões produtoras e, ao final, a realização de uma reunião da Comissão Técnica da Produção de Morango (CT-PIMo).
Controle biológico
A doutoranda da Esalq/USP Fernanda Canassa apresentou um experimento com uso de fungos simbiontes (“fungos do bem”) como inoculantes, que será conduzido em três Unidades Demonstrativas da PIMo em Atibaia. Fernanda irá fazer a inoculação nas raízes antes do plantio e avaliar o efeito dos inoculados na incidência de ácaros rajados e ácaros predadores. Os tratamentos são promissores e os produtores presentes tiveram oportunidade de tirar várias dúvidas com a pesquisadora.
Economia Circular
Flavia Silva, doutoranda da Universidade Mackenzie, apresentou um estudo para ver se a PIMo atende aos conceitos da Economia Circular. Esse modelo de economia caracteriza-se por reinserir no sistema de produção os resíduos gerados tanto pelo consumo dos produtos da produção quanto pelo uso de recursos naturais. A pesquisa foi aplicada com os participantes do programa PIMo e constatou que a PIMo atende aos conceitos da economia circular, além de haver uma relação forte da economia do morango com a região.
Uma próxima etapa será identificar a relação com os clientes e com os fornecedores. O caso de Atibaia e Jarinu é muito interessante porque identificou que as pessoas de fora da região veem que a região é reconhecida pelo Morango. Com isso, a PIMo pode recorrer a programas e projetos, tanto nacionais quanto internacionais, voltados para a valorização da regionalização do morango.
Novas adesões
O Secretário de Agricultura da Prefeitura de Piedade, SP, Elton dos Santos, esteve na reunião para conhecer o programa. Ele pretende reunir um grupo de produtores em Piedade, já contando com o apoio de Yoshitero Sasada, produtor responsável por uma das Unidades Demonstrativas da PIMo e Waldir Godinho, produtor de Piedade que aderiu à PIMo recentemente. Além disso, pretende organizar um seminário com a participação da Embrapa, da Prefeitura de Atibaia e da Associação de Produtores de Atibaia e Jarinu.
Fagoni explicou que uma Unidade Demonstrativa é uma unidade de produção comercial com a diferença de que o produtor adota a tecnologia PIMo e aceita que sejam feitos cursos e visitações em suas propriedades. As Unidades Demonstrativas tem o poder de “irradiar” a tecnologia e o conhecimento para a vizinhança, promovendo interesse de produtores convencionais e consumidores.
Aos novos produtores que irão aderir à PIMo nesta safra, incluindo os produtores de Atibaia Kenji Nakashima e Aflanio Tomikawa, Fagoni explicou quais são os fatores mais importantes para obtenção da certificação. O registro das atividades no campo – data de plantio, data e hora de aplicação de agrotóxicos – e o arquivo de documentos como notas fiscais das mudas oriundas de viveiros fiscalizados, notas fiscais da compra de agrotóxicos e de equipamentos, receituários agronômicos. "Ttudo isso pode impactar na produção e na certificação", explica a pesquisadora. "Além disso, é obrigatório o agrotóxico ser registrado para a cultura, e a carência deve ser respeitada", observa Fagoni.
Outro ponto analisado foi a questão das mudas, que são a base de tudo. "Adquirí-las é um processo importante. Os fornecedores devem ter a documentação necessária e as mudas próprias têm que ser produzidas a partir de matrizes, não de plantas comuns".
Para a PIMo, em síntese, é necessário conhecer a praga-chave da região e aprender a monitorá-la. Pela Produção Integrada, quando aparece uma praga, usam-se inicialmente meios físicos de controle e/ou controle biológico e, como último recurso, usam-se agrotóxicos que não prejudiquem os agentes de controle biológico. Em último caso, quando é realmente necessário fazer uso de agrotóxicos, a aplicação é feita seguindo rigorosamente as orientações técnicas, usando-se os EPIs adequados, registrando a aplicação em caderno de campo e adotando todos os controles necessários.
Análises de água
Outro ponto abordado na reunião foi a qualidade da água. O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Claudio Buschinelli informou que em novembro de 2017 a Embrapa coletou um total de 10 de amostras para análise de água em açudes, poços e minas das Unidades Demonstrativas da PIMo. As amostras foram encaminhadas para laboratório credenciado e as análises mostraram que as águas dos poços e da mina podem ser usadas para consumo humano e irrigação. Porém, as amostras das águas dos açudes e da cisterna atendem aos requisitos de irrigação, mas não são indicadas para consumo humano.
O pesquisador informou, ainda, que serão realizadas novas coletas de água na safra 2018, bem como as avaliações com os produtores para a elaboração do Plano de Gestão Ambiental, documento exigido pelas Normas Técnicas da PIMo.
Planejamento estratégico
O analista da Embrapa Meio Ambiente Sandro Pereira tem participado das reuniões e contribuído com a revisão da Norma Técnica. Além disso, coleta dados para elaborar uma publicação sobre planejamento estratégico participativo de programas da Produção Integrada, usando a PIMo como piloto.
Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente
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