Os sistemas de base ecológica exigem que tecnologias convencionais sejam adaptadas à visão agroecológica, na qual existe uma valorização do saber-fazer e forte incentivo ao uso dos insumos locais. Na viticultura, um desses insumos é a muda de videira, utilizada na implantação dos vinhedos. Atualmente, especialmente no sul do Brasil, viticultores ecológicos têm se deparado com sérias limitações técnicas em áreas com histórico de pragas (sobretudo, associadas ao “declínio e morte de vinhedos”) por ocasião da implantação de vinhedos agroecológicos. Por não poderem utilizar os insumos convencionais para o adequado manejo do complexo de pragas que incidem sobre as mudas, essas tendem a um baixo crescimento e desenvolvimento antes de iniciar a produção ou simplesmente morrem. Nesse contexto, o uso de mudas de qualidade superior constitui umas das importantes alternativas para viabilizar tecnicamente a produção agroecológica de uvas. Para receberem essa denominação, as mudas devem ser obtidas a partir de um processo que priorize o máximo 'status fitossanitário'. Dessa forma, esse projeto tem como objetivo viabilizar a propagação de materiais vegetativos de videira, com qualidade sanitária e genética superiores, em cinco regiões vitivinícolas do sul do Brasil, com ênfase nos princípios agroecológicos. Dentre os impactos esperados, busca-se aumentar a qualidade fitossanitária das principais cultivares utilizadas nos sistemas orgânicos de produção de uva. Essa melhoria se dará na constituição das “Unidades locais para produção e transferência de materiais vegetativos”. Nessas unidades, de forma participativa junto à comunidade, serão transferidas as técnicas mais adequadas para a produção de mudas com foco na qualidade fitossanitária. Além disso, as Unidades serão constituídas prioritariamente por clones locais, buscando-se valorizar a genética e a adaptação local. Com as ações do projeto, espera-se uma mudança de hábitos tradicionais, baseados na produção de mudas na própria propriedade, incorporando a visão da qualidade total e melhoria de processos. Destaca-se ainda o forte viés de capacitação do projeto, tendo por meta indireta a valorização da mão-de-obra familiar, a permanência do jovem no campo e o estímulo ao profissionalismo rural.