A Embrapa Cerrados possui um contrato de cooperação técnica com a Cooperativa Agropecuária do Vale do Paracatu Ltda. (COOPERVAP). O projeto “Validação de ativos tecnológicos para promover a inovação com agricultores familiares e o fortalecimento do arranjo produtivo do leite no Noroeste de Minas Gerais" é executado nos termos dessa cooperação e no âmbito de um projeto aprovado pela cooperativa no programa Mais Leite Saudável, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). De acordo com o Censo Agropecuário (IBGE, 2017), a região Noroeste de Minas Gerais produz, diariamente, aproximadamente 1,5 milhões de litros de leite em 10.486 estabelecimentos, sendo que 80% deles são familiares e contribuem com cerca de 60% do total produzido. O público do projeto é constituído de agricultores familiares que formam uma rede de estabelecimentos e são acompanhados mensalmente por uma equipe técnica formada por dois agrônomos e dois veterinários. Esses agricultores possuem recursos limitados. Exploram áreas reduzidas (menos de 100 ha). O acesso à mecanização é precário. A mão de obra familiar é limitada, com média de pessoal ocupado do núcleo familiar por estabelecimento de duas pessoas. Os rebanhos são pequenos (média de 40 cabeças) e a produção diária média dos estabelecimentos é de apenas 94 litros. Além disso, estão localizados em áreas com altitudes mais baixas (700 m), com relevo movimentado (suave ondulado a ondulado) e com temperaturas mais altas que nas chapadas localizadas em altitudes maiores (1000 m). Concluiu-se que era necessário estabelecer um processo de validação de tecnologias nas condições ambientais e socioeconômicas mais limitadas desses agricultores, como uma fase estratégica prévia para a inovação técnica. O problema geral abordado é a baixa produtividade e rentabilidade dos sistemas de produção de leite da agricultura familiar da região, comprometendo a sustentabilidade dos estabelecimentos. A proposta enfatiza três problemas específicos: a) pastagens degradadas não permitem fornecimento de forragem em quantidade no período das chuvas; b) sistemas de cultivo para produção de volumoso para a seca, focados na produção de silagem devido à limitada mão de obra da família, não produzem quantidade suficiente para o rebanho; c) necessidade de melhorias na qualidade do leite para atender as normativas do MAPA. Para minimizar os problemas identificados são desenvolvidas ações de validação junto à rede de agricultores para adequação e adoção de tecnologias promissoras à sua realidade socioeconômica e ambiental, visando à produção de soluções tecnológicas adaptadas. Essas ações são materializadas na forma de Unidades de Referência Tecnológica (URTs), instaladas, monitoradas e avaliadas pela equipe para comparar o sistema tradicionalmente usado e as propostas indicadas pelo projeto, nos seguintes temas: a) processo de manejo de sistema de integração lavoura-pecuária (ILP), composto por forrageira e sorgo para silagem; b) melhorias no sistema de cultivo de sorgo para silagem; c) identificação de cultivares de sorgo para silagem adaptadas às condições dos agricultores familiares; d) sistema de cultivo de Capiaçu ( Pennisetum purpureum Schum) para silagem; e) prática / processo de manejo da ordenha por meio da adaptação do uso do Kit Embrapa de ordenha, visando à melhoria da qualidade do leite produzido. São coletados dados técnicos e econômicos referentes às práticas realizadas no itinerário técnico e os fatores de produção usados (insumos, mecanização, mão de obra). São avaliados indicadores técnicos (produtividade, % de matéria seca, proteína bruta, massa de capim, Contagem Bacteriana Total – CBT, Contagem de Células Somáticas - CCS) e econômicos (custo de produção, relação benefício / custo). Complementarmente, é realizada avaliação participativa das tecnologias testadas para incorporar o ponto de vista dos agricultores. Os resultados são sistematizados para produzir informações, visando à ampliação do uso das tecnologias validadas, por meio de atividades de capacitação de agentes multiplicadores. Os Comitês Educativos vinculados à cooperativa são espaços estratégicos para dinamizar o uso dessas informações.