Este trabalho faz parte da rede TmFO – Tropical Managed Forest Observatory, cujos participantes são instituições de pesquisa como Embrapa (Amazonas, Amapá, Pará e Acre), Cirad (Agricultural Research for Développement, França), ONF (Guiana Francesa), Celos (Center for Agricultural Research, Suriname), Biodiversity (Colômbia), IBIF (Instituto Boliviano de Investigación Forestal, Bolívia), Universidade de Wageningen (Holanda) e Universidade da Flórida (Estados Unidos). A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas/Fapeam, teve como objetivo a determinação dos impactos ambientais decorrentes das atividades de manejo florestal sustentável que podem ocorrer sobre os serviços ambientais da floresta, principalmente em relação à biodiversidade e à dinâmica de carbono da floresta. O manejo florestal é visto pela comunidade científica mundial como a melhor oportunidade de conservar as florestas, especialmente as tropicais como a Amazônia, e gerar ao mesmo tempo desenvolvimento sustentável para as populações que vivem nestas florestas. Os impactos foram avaliados através de critérios ambientais (estrutura da floresta e do solo), para identificar a sustentabilidade dos recursos e métodos ambientalmente corretos de manejo florestal. Para tanto, foi avaliada uma área de floresta manejada comercialmente há cerca de 20 anos e pertencente à Mil Madeireira (Precious Woods), sediada em Itacoatiara/AM e que faz manejo florestal sustentável certificado e segue todas as normas da exploração de impacto reduzido, minimizando os impactos à floresta. Foram realizados inventários florestais para avaliação do diâmetro, volume, biomassa, dinâmica de carbono, além de estudo da composição/diversidade florística para avaliação da estrutura da floresta e sua recuperação. O monitoramento e quantificação de carbono na parte arbórea também foram avaliados dentro do escopo da dinâmica florestal, considerando-se a importância destas informações nos cenários atuais e futuros de mudanças globais do ponto de vista do manejo florestal. Como controle, foram mensuradas também 36 parcelas permanentes instaladas em área da Embrapa Amazônia Ocidental (no Campo Experimental do Distrito Agropecuário da Suframa, no município de Rio Preto da Eva/AM), que já vêm sendo avaliadas desde 2005. O objetivo foi analisar a contribuição do manejo florestal sustentável na dinâmica do carbono e na estrutura da floresta, em termos de composição florística. Os dados foram coletados 18 anos após a aplicação do manejo florestal sustentável, o que é representativo e dá uma ideia razoável do que acontecerá ao final do ciclo de corte, que na região amazônica é de 35 anos. Até o momento, pode-se dizer que a floresta vem se recuperando satisfatoriamente em termos de biomassa acima do solo, e espera-se que ao final dos 35 anos ela já tenha atingido a biomassa anterior à exploração. No que se refere à composição florística, inicialmente houve uma queda no número de espécies, famílias e indivíduos, o que é esperado devido ao manejo, e atualmente também vem experimentando uma recuperação, com a entrada de novas espécies, inclusive espécies comerciais. Também se iniciou a avaliação da necromassa, que é a biomassa morta na floresta (árvores caídas e em pé), já que este é um componente importante no balanço global de carbono. Esta é uma avaliação que será continuada, mas os resultados já indicam que a área manejada possui maior estoque de necromassa do que a floresta não manejada.