Plano ABC faz dez anos cumprindo metas
Desde a Rio 92, o Brasil tem sido protagonista nas discussões internacionais sobre desenvolvimento. No setor agropecuário e florestal, o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas (Plano ABC) é o maior plano de fomento a tecnologias sustentáveis de produção do mundo e, em 2020, completou 10 anos de execução. São sete programas: recuperação de pastagens degradadas (RPD); integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e sistemas agroflorestais (SAF); sistema plantio direto (SPD), fixação biológica do nitrogênio (FBN); florestas plantadas (FP); tratamento de dejetos animais; e adaptação às mudanças climáticas.
As tecnologias de mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) do Plano ABC ocupam atualmente uma área da ordem de 91 a 114 milhões de hectares, com uma expansão, nos últimos 8 anos, entre 33 e 41 milhões de hectares, correspondendo a 93%–115% da meta compromisso de 35,5 milhões de hectares. Observa-se uma expansão para RPD, ILPF e SPD de 66%, 86% e 45%, respectivamente, e uma taxa de crescimento anual de 7,5% para RPD, 9,2% para ILPF e 5,5% para SPD. Entretanto, as metas globais de RPD e FP ainda não foram atingidas com base nas estimativas realizadas, situando-se entre 22%–70% e 21%–41%, respectivamente. Considera-se que a evolução da RPD no período foi da ordem de 10 a 19 milhões de hectares. Por isso, será necessário um esforço metodológico adicional para verificar e quantificar a evolução da recuperação de pastagens degradadas no País, bem como para o tratamento de dejetos animais nas cadeias de suínos e de pecuária leiteira.
A Embrapa e seus parceiros, por meio das ações da Plataforma ABC, desenvolveram metodologias e estratégias para monitorar os avanços e os resultados do Plano ABC. Acesse publicação gratuita lançada em 2020 com dados de estudos realizados. Arte: Gabriel Nogueira
O trabalho comprova o compromisso do governo brasileiro em relação à sustentabilidade da agropecuária, setor que representa a base do complexo agroindustrial responsável pelo superavit da balança comercial brasileira, além de ratificar sua responsabilidade com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 13 da ONU (ODS 13), que prevê medidas urgentes para o combate às mudanças climáticas e seus impactos.
Confira nas tabelas abaixo a relação de tecnologias de Manejo agrossilvipastoril e correção de solos que geraram impactos sociais, ambientais, institucionais e econômicos.
Impactos das soluções tecnológicas de Manejo agrossilvipastoril e correção de solos
Legenda: nd (não definido).
Notas: (1) Participação da Embrapa; (2) Ano do último aprimoramento da tecnologia em adoção; (3) Adoção (quantidade); (4) Impacto ambiental; (5) Impacto institucional.
Metodologia: Avaliação dos impactos de tecnologias geradas pela Embrapa - metodologia de referência
As campeãs de impacto econômico
Adoção das soluções tecnológicas de Manejo agrossilvipastoril e correção de solos
Nota: (1) Ano do último aprimoramento da tecnologia em adoção.
Análise
Em 2020, os impactos econômicos das soluções tecnológicas da Embrapa relacionadas a diferentes tipos de manejo totalizaram 35 bilhões de reais. A fixação biológica de nitrogênio na soja está incluída nesse rol; adotada em mais de 36,9 milhões de hectares, a tecnologia respondeu, sozinha, por uma economia de mais de 28 bilhões de reais para os produtores de soja. Os demais tipos de manejo também se beneficiaram das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa, que significaram uma economia de 7 bilhões de reais. Como se observa no gráfico (abaixo), a ILPF e o manejo agropecuário representam mais da metade do ganho dessas soluções tecnológicas.
Esse grupo de tecnologias apresenta a área de adoção e os impactos de uma amostra de soluções tecnológicas relacionadas a diferentes tipos de manejo. Em 2020, as tecnologias da Embrapa desenvolvidas para manejo florestal foram adotadas em 7,5 milhões de hectares, as tecnologias voltadas para manejo do solo foram aplicadas em quase 24,6 milhões de hectares e os diversos tipos de ILPF e manejo agropecuário da Embrapa somaram 4,3 milhões de hectares avaliados em 2020. É importante ressaltar que essa área relatada nos casos de ILPF apresentados no Balanço Social de 2020 é um recorte correspondente a esses estudos, tendo em vista que, no Brasil, em 2020, a estimativa da área destinada à ILPF já supera os 16 milhões de hectares, segundo dados da Kleffmann e atualizações da Rede ILPF.