Bactérias do bem aumentam produção de soja
O consumo mundial de soja vem crescendo a taxas próximas de 4% ao ano. Apostando na tecnologia, o Brasil, que já era o maior exportador, se tornou, desde a safra 2019/2020, o maior produtor mundial do grão, superando os Estados Unidos. Para atender a essa expressiva demanda, o País deverá manter ou, até mesmo, ampliar a taxa de aumento de produtividade, da ordem de 1,6% ao ano nos anos 2000.
A principal fonte de suprimento de nitrogênio para a soja brasileira vem do processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN), que se dá pela simbiose com bactérias do gênero Bradyrhizobium, formando os nódulos radiculares onde os microrganismos capturam o nitrogênio atmosférico (N2) e, pela ação da enzima nitrogenase, o reduz à amônia, que é então exportada para a planta. Além de eficiente, o processo de inoculação da soja é de baixo custo, o que permite ser adotado por qualquer tipo de produtor (pequeno, médio ou grande). Além da inoculação anual com Bradyrhizobium, a Embrapa passou a recomendar, a partir da safra 2013/2014, o uso conjunto de uma segunda bactéria, o Azospirillum, para a inoculação da soja, em um processo denominado de coinoculação. O Azospirillum sintetiza fitormônios que promovem o crescimento vegetal, principalmente do sistema radicular, o que favorece a nodulação e a FBN realizada pelo Bradyrhizobium.
A inoculação anual com Bradyrhizobium tem promovido um ganho médio de 2,7% na produtividade da soja, em relação à semente não inoculada, enquanto a coinoculação anual com Bradyrhizobium e Azospirillum tem propiciado um ganho médio de 8,4%. Dessa forma, conforme dados da Associação Nacional dos Produtores e Importadores de Inoculantes, com uma adoção estimada em torno de 10 milhões de hectares, a coinoculação proporcionou um benefício de quase R$ 2,9 bilhões em 2021, em decorrência do aumento de produtividade gerado nas lavouras de soja. Além de economizar fertilizantes nitrogenados, a coinoculação aumenta não apenas a produtividade, mas também a renda do produtor e mantém a competitividade e a sustentabilidade da agricultura nacional.
Mais informações:
Impactos das soluções tecnológicas de Manejo agrossilvipastoril e correção de solos
Legenda: nd (não definido).
Notas: (1) Participação da Embrapa; (2) Ano do último aprimoramento da tecnologia em adoção; (3) Adoção (quantidade); (4) Impacto ambiental; (5) Impacto institucional.
Metodologia: Avaliação dos impactos de tecnologias geradas pela Embrapa - metodologia de referência
As campeãs de impacto econômico
Adoção das soluções tecnológicas de Manejo agrossilvipastoril e correção de solos
Nota: (1) Ano do último aprimoramento da tecnologia em adoção.
Análise
Impacto total de R$ 49 bilhões
Em 2021, os impactos econômicos das soluções tecnológicas da Embrapa relacionadas a diferentes tipos de manejo totalizaram mais de R$ 49 bilhões. A fixação biológica de nitrogênio (FBN) na soja está incluída nesse rol; adotada em mais de 38,5 milhões de hectares, a tecnologia respondeu, sozinha, por uma economia de mais de R$ 36 bilhões para os produtores de soja. Os demais tipos de manejo também se beneficiaram das tecnologias desenvolvidas pela Embrapa, as quais significaram uma economia de R$ 12,7 bilhões. Como se observa no gráfico apresentado, a categoria manejo do solo representa mais da metade do ganho dessas soluções tecnológicas. Esse grupo de tecnologias apresenta a área de adoção que abrange mais de 15,7 milhões de hectares, gerando impactos econômicos de quase R$ 6 bilhões e se refere a uma amostra de soluções tecnológicas relacionadas ao manejo, correção e conservação dos solos.
Solos: soluções em 174,3 milhões de ha
O conjunto de soluções tecnológicas geradas pela Embrapa, relacionadas aos diferentes tipos de manejo, correção e conservação dos solos, foi adotado em uma área total de mais de 174,3 milhões de hectares e se refere a uma amostra de soluções tecnológicas.
Em 2021, as soluções da Embrapa desenvolvidas para manejo do solo foram adotadas em mais de 97,6 milhões de hectares; as voltadas para manejo agropecuário foram aplicadas em quase 53,3 milhões de hectares. Além desses, as soluções para manejo de pragas e doenças e florestal foram adotadas em 11,2 e 7,8 milhões de hectares, respectivamente. Por fim, os diversos tipos de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) da Embrapa somaram 4,3 milhões de hectares implementados. É importante ressaltar que essa área relatada nos casos de ILPF apresentados no Balanço Social de 2021 é um recorte correspondente aos estudos apresentados nesta edição do Balanço Social.