Produção sustentável de leite encerra Dinapec 2016
16/03/16
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Transferência de Tecnologia
Produção sustentável de leite encerra Dinapec 2016
O final do período de chuvas e o início da estação seca refletem diretamente na qualidade e oferta de forragem. Na pecuária leiteira, a baixa disponibilidade de alimento causa perda de peso, redução da fertilidade, enfraquecimento dos animais e declínio na produção. Para enfrentar uma das épocas mais complicadas do ano é importante um planejamento alimentar da produção. Para isso, os produtores devem olhar os ciclos 2017 adiante, afinal a seca deste ano já se aproxima e planejar exige estratégia. É encará-la como um ponto inicial para o sucesso da próxima lactação.
Esse foi o mote da oficina ministrada por Simone Ribeiro e Vitor Oliveira, pesquisadores da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), durante a Dinâmica Agropecuária (Dinapec) realizada na Embrapa, em Campo Grande (MS). Durante o encontro, os especialistas elencaram os fatores que norteiam as escolhas no manejo alimentar. Primeiro, o bovinocultor deve conhecer a quantidade e a qualidade do rebanho que possui, assim como, do alimento a ser produzido e consumido.
Capineiras, bancos-de-proteína, silagem e feno são alternativas bem-vindas para a estação, destacaram os zootecnistas. Para as capineiras, eles apresentaram gramíneas adequadas para o Brasil Central, como o capim-elefante, BRS Kurumi. Já para a complementação alimentar, as fontes de volumosos mais utilizados são cana-de-açúcar, corrigida com 1% de mistura de ureia, e a silagem de milho, sorgo ou até de forrageiras tropicais. "O produtor precisa ter conceitos de nutrição para saber qual a melhor estratégia para enfrentar a seca", afirma Vitor Oliveira. Os agricultores também observaram, a campo, as cultivares de cana, milho, milheto, sorgo e capins disponíveis no mercado.
"A alimentação correta é importante para o gado tanto de corte quanto leiteiro e quando chega a seca é preciso ter outras saídas" e foi em busca disso que o produtor Pedro Sanches de Nova Bandeirantes (MT) participou da oficina. Ele conta que a carência de informações técnicas o levou a passar três dias na Dinapec e serviram de alimento para conduzir sua propriedade de 242 hectares.
Os cuidados com a dieta nesse período crítico também despertaram o interesse da agricultora Ana Maria Vaveire. Com 36 vacas aptas para lactação em seu sítio em Dois Irmãos do Buriti (MS), ela encontrou a solução nas opções de milheto, capins e sorgo mostradas na capacitação. "Temos disposição para produzir leite, mas não temos pasto e queremos melhorar isso", espera. Para incrementar a produção, ela e o marido participam do Programa Leite Legal do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS), que foca na qualidade do leite produzido no Brasil.
Pecuária leiteira em MS
Outra iniciativa é o Programa Leite Forte do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul realizado em parceria com diversas instituições, entre elas, Sistema Famasul e Embrapa, que pretende aumentar a produtividade das vacas em 30%. A proposta trabalha nos pilares social, ambiental e econômico e, assim, "possibilita ao agricultor sul-mato-grossense enxergar o leite como um negócio, produzi-lo sustentavelmente e envolver sua família no processo", define Araquem Midon, técnico em desenvolvimento rural da Agraer, órgão responsável por difundir o projeto pelos municípios.
A Agraer trouxe o Leite Forte para a Dinapec ao lado da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados-MS) no roteiro sobre sustentabilidade no leite e ofereceu, além da oficina sobre suplementação alimentar na seca, treinamentos práticos com técnicos especializados em manejo intensivo de pastagens, gestão rural, sanidade animal, sistema integrado leite + piscicultura + olericultura, manejo e criação de bezerros, crédito rural e qualidade do produto.
A carência em capacitação técnica é um dos obstáculos para a bovinocultura de leite no Estado. O baixo investimento e fatores logísticos também somam ao cenário que coloca MS com uma produção média abaixo da nacional e valor pago entre 15 e 20% menor ao oferecido nas regiões sul e sudeste, revelam os técnicos Araquem e Vitor. Entretanto, eles veem com otimismo o empenho das entidades em levantar a pecuária leiteira estadual e acreditam que programas como Leite Forte e Leite Legal contribuem para superar as dificuldades.
Parcerias na transferência de tecnologia
O roteiro sustentável do leite na Dinapec trouxe, aproximadamente, 400 produtores de regiões próximas a Campo Grande (MS) pelo segundo ano consecutivo e mostrou que "é possível ter renda com base na produção leiteira a partir da incorporação de conhecimento. Dessa forma, se promovem melhorias quantitativas e qualitativas nas propriedades e na vida dos agricultores", destaca o pesquisador da Embrapa, Claudio Lazzarotto, que juntamente com Marciana Retore, atendeu aos visitantes no espaço Agraer - Embrapa.
Lazzarotto ressalta que os produtores que não puderam acompanhar o roteiro ou visitar o estande destinado ao tema na Dinapec podem agendar-se para os dias 11 a 13 de maio de 2016, em Dourados (MS). Nesse período acontecerá a Tecnofam na Embrapa Agropecuária Oeste, com oficinas e mostras permanentes. Ele explica que as tecnologias abordarão além do leite, mandiocultura, horticultura, piscicultura, irrigação e sistemas integrados. A feira é destinada aos agricultores familiares, porém todo produtor será bem recebido.
Para Thais Basso, coordenadora desta Dinâmica Agropecúaria, os números desse roteiro e dos outros nove à disposição nesta 11ª edição evidenciam a importância dos parceiros para transferir as tecnologias geradas pela Embrapa. Sistema Famasul, Agraer, Iagro e Fundação MS são algumas das instituições que abraçaram com a Embrapa a missão de levar conhecimento aos produtores rurais, em todas suas escalas. A pesquisadora ainda enfatiza que a Dinapec não reuniu somente bovinocultores de diversos estados, como São Paulo e Goiás, e países, como Bolívia e Paraguai, mas estudantes de (pós) graduação das Ciências Agrárias e de escolas agrícolas, e técnicos da extensão rural e assistência técnica. Basso lembra que a vitrine tecnológica da Dinapec permanece aberta à visitação o ano inteiro. "O conhecimento não para quando o evento termina", finaliza.
Dalízia Aguiar (DRT/MS 28/03/14)
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