Cultivo de mandioca com uso de tecnologias permite aumento de produtividade acima de 150% no AM
Cultivo de mandioca com uso de tecnologias permite aumento de produtividade acima de 150% no AM
Foto: Síglia Souza
Raizes de mandioca colhidas em Unidade Demonstrativa em Manaquiri. Rendimento é muito maior quando o cultivo adota técnicas de manejo recomendadas
O uso de tecnologias recomendadas para cultura da mandioca, associada ao plantio mecanizado, possibilita o incremento acima de 150% na produtividade, segundo constatação da Embrapa Amazônia Ocidental em plantios em áreas demonstrativas no interior do Estado. O agrônomo Raimundo Rocha, analista da Embrapa Amazônia Ocidental, que coordenou esse trabalho de multiplicação de cultivares regionais de mandioca em plantio mecanizado com uso de tecnologias, destaca que a mecanização por si só não garante o aumento de produtividade, mas contribui para esse aumento quando a mecanização vem acompanhada de tecnologias como a correção da acidez do solo, adubação, e uso das técnicas do trio da produtividade (que inclui técnicas de seleção de manivas, espaçamento adequado e controle de plantas daninhas).
O exemplo desse trabalho, realizado nos municípios de Manaquiri e Careiro-Castanho, no Amazonas, pode servir de referência para agricultores do Estado, que estão interessados em cultivos de mandioca com uso de mecanização agrícola. As cultivares regionais de mandioca de uso dos agricultores nos municípios conseguiram ter um rendimento muito maior quando associadas a algumas técnicas de manejo, que é o caso do ‘trio da produtividade', e mais ainda com o incremento de insumos de adubação e calagem nas recomendações adequadas e com a mecanização no cultivo na área demonstrativa.
O resultado do uso desse conjunto de técnicas colocadas em prática nas unidades demonstrativas produziu em média 27,45 toneladas de raiz de mandioca por hectare. Sem essas técnicas, a média de produção é em torno de 10,61 t/ha, no município de Manaquiri, onde foi desenvolvido o trabalho. O aumento corresponde a 158% acima da média do município.
Foram avaliados sete variedades de mandioca, que com as técnicas utilizadas ganharam produtividades que variam de 16,33 até 33,12 t/ha. Mesmo a variedade que se apresentou menos produtiva, com 16,33 t/ha , consegue se elevar em 53% com as técnicas recomendadas. Esses resultados quando comparados com a produtividade média do Amazonas, que foi de 11,63 t/ha em 2015, representam um aumento de 136%.
Rocha destaca que o uso da mecanização agrícola no cultivo da mandioca representa uma redução considerável nos custos com mão de obra que seriam pagas em diárias de trabalho manual. No plantio manual são necessárias aproximadamente 80 horas de trabalho de uma pessoa, considerando trabalho de 8 horas por dia durante 10 dias, para plantar um hectare de mandioca. Com o apoio de uma máquina plantadeira é possível sulcar, adubar, cortar e plantar maniva para 1 hectare de mandioca durante 2 horas de trabalho envolvendo três pessoas. "Isso representa racionalização nos custos", explica Rocha. O agrônomo acrescenta que o cultivo mecanizado da mandioca com uso das tecnologias citadas tem também vantagens ambientais em relação ao cultivo manual porque consegue produzir mais em menos áreas, conseguindo mais que o dobro do sistema convencional das roças sem essas tecnologias e ocupando uma área duas vezes menor do que seria utilizado para essa produção num sistema tradicional de roça de mandioca.
Informações sobre esse trabalho e sobre coeficientes técnicos da mecanização na cultura da mandioca foi um dos temas apresentados a 11 técnicos da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) e sete técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) que participaram de Capacitação em Coeficientes Técnicos de Mecanização Agrícola, realizada por meio de parceria entre Embrapa Amazônia Ocidental e a Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam). A atividade teve o objetivo de fornecer informações sobre coeficientes técnicos de mecanização agrícola, para colaborar com os técnicos responsáveis pela análise de crédito para os projetos dos produtores rurais no Estado.
O coordenador da capacitação, pesquisador da Embrapa, economista José Olenilson Pinheiro, explica que essa demanda de capacitação faz parte de parceria firmada entre Embrapa e Afeam visando à melhoria contínua na avaliação dos projetos agropecuários. Pinheiro explica que coeficientes técnicos são todos os itens do projeto, como insumos, mão de obra, máquinas, equipamentos e outros, que influenciam no resultado da produção. De acordo com a atividade agrícola, existem variáveis que são mais impactantes na viabilidade do projeto. "Valores a mais ou a menos nos projetos podem levar ao endividamento do produtor", explica o economista. Dentro da parceria, a mais recente capacitação foi sobre os coeficientes de mecanização agrícola, dia 6 de abril de 2016. Pinheiro informa que a próxima demanda de capacitação a ser atendida será sobre projetos de irrigação e também será feito um trabalho para atualização de coeficientes técnicos para culturas de interesse no Estado com base em tecnologias disponíveis.
Crédito para cultivo mecanizado
A solicitação de crédito para o cultivo de mandioca tem sido uma das principais demandas que chegam para avaliação da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), dentro do programa do Governo do Estado para incentivo a mecanização das áreas agrícolas, segundo informou a técnica de fomento Afeam, Rosaura Ricarte Martins, que participou da capacitação.
Segundo Rosaura Martins, a demanda por projetos com mecanização aumentou bastante com o incentivo do Governo com recursos subsidiados pela linha do Promecanização, iniciada em 2015. Desde então, mais de setecentos e cinquenta produtores já solicitaram e contrataram financiamento de crédito, junto à Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam) para projetos de mecanização agrícola para diversos cultivos, desde 2015 até o primeiro trimestre de 2016, dentro desse programa do Governo do Amazonas para incentivo à mecanização agrícola. Segundo a técnica da agência de fomento, estão em análise atualmente, outros 162 projetos com a perspectiva de serem contratados. Nessa linha de crédito, são financiados projetos para agricultura no limite de até 5 hectares mecanizados e de pecuária com até 20 hectares mecanizados. O produtor se compromete a pagar 15% do financiamento e 85% é subsidiado pelo Governo do Estado. Os recursos são repassados pela Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), a Afeam é a agente financeira e o Idam presta a assistência técnica rural. Os produtores interessados podem procurar mais informações nas unidades do Idam presentes na capital ou nos municípios do interior do Estado.
Siglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental
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