Seminário de Gestão Ambiental supera expectativas
Seminário de Gestão Ambiental supera expectativas
Apresentar problemas futuros e apontar soluções para danos ambientais causados pela agropecuária foram o foco do encontro
Com o tema "Reduzindo a contaminação do solo e da água", o Seminário apresentou diferentes temáticas com uma abordagem convergente de que não existe nenhuma atividade agropecuária sem impacto ambiental. Se forem seguidas as orientações técnicas corretas, esse efeito será reduzido, a produção de alimentos garantida e o meio ambiente preservado. Assim podem ser sintetizadas as palestras e as discussões que reuniram cerca de 80 pessoas durante o 5º Seminário Brasileiro de Gestão Ambiental na Agropecuária, que ocorreu nos dias 6 e 7, como evento paralelo à Feira de Negócios e Tecnologia em Resíduos, Águas, Efluentes e Energia (FIEMA), no Parque de Eventos, em Bento Gonçalves (RS).
Segundo o presidente da Fiema Brasil 2016, Jones Favretto, desde a sua primeira edição, há dez anos, o Seminário é um dos pilares básicos da feira. "Além de proporcionar um excelente ambiente de negócios, estimula a produção científica, a disseminação de conhecimento na área ambiental e serve de inspiração para todos nós", avaliou o presidente na abertura do evento.
Um dos grandes destaques do evento foi o alto nível e a diversidade das palestras, que abordaram os problemas de contaminação do solo e água, os quais ainda em muitos casos não foram detectados, mas, que se não forem tratados e corrigidos, poderão ser irreversíveis. Também foram apresentadas e discutidas soluções para garantir que o Brasil seja, de forma sustentável, o celeiro do mundo e garanta boa parte da alimentação para os nove milhões de habitantes futuros do Planeta Terra.
Os diretores do evento, Alexandre Hoffmann e Luciano Gebler, ambos pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho, foram surpreendidos positivamente pelo evento. "Mesmo com a crise, conseguimos superar a meta inicial de público. Com certeza o elevado nível técnico dos palestrantes e as temáticas ajudaram a atrair essa plateia", avaliaram.
O seminário foi realizado pela Embrapa Uva e Vinho e Proamb. Contou com o apoio financeiro da Itaipu Binacional, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, Intercement, Caixa Econômica Federal, RGE, CPFL Energia, Prefeitura de Bento Gonçalves e Banrisul.
A próxima edição da Fiema já tem data: acontecerá de 10 a 12 de abril de 2018.
Alguns tópicos destaque das apresentações e discussões:
"Sistema Biobed Brasil", por Luciano Gebler. O minicurso que abriu o Seminário orientou os participantes na construção e operacionalização do Sistema Biobed Brasil, nova tecnologia adaptada à realidade brasileira para tratamento de resíduos de agroquímicos.
O Sistema é constituído de uma estrutura simples, originalmente um fosso cavado no solo, impermeabilizado ou não, preenchido com uma mistura de solo agrícola, palha e turfa, denominado de substrato, sobre o qual é plantado uma cobertura de grama que irá receber os resíduos de agrotóxicos. O Biobed permite uma aeração melhor do que existe no solo, favorecendo processos aeróbicos para degradação de agrotóxicos no ambiente. Após determinado tempo, variável segundo o contaminante e as condições ambientais do meio onde ocorre a degradação, as moléculas de agrotóxico que restarem estarão fortemente fixadas por adsorção nos microporos das argilas ou da matéria orgânica do solo.
"Contaminação da água e do solo por agrotóxicos: o real tamanho do problema", por Luciano Gebler, Embrapa Uva e Vinho. Para produção de alimentos em larga escala é imprescindível contar com o uso de agroquímicos, mas é importante seguir todas as orientações dos fabricantes assegurando a saúde dos produtores, sustentabilidade do meio ambiente e alimentos seguros de qualidade.
"Monitorando e reduzindo as contaminações do solo e da água", por Júlio Palhares, Embrapa Pecuária Sudeste. A mata ciliar é fundamental para a proteção dos cursos d'água. No Brasil não é realizado o monitoramento frequente de água e solo, por questões de custos e mão de obra qualificada. A agricultura é uma fonte potencial de contaminação e por isso é importante que seja feita da forma recomendada. Por exemplo, a aplicação de esterco como adubo pode contaminar a água subterrânea ou os cursos d'água, assim, ao invés de auxiliar, irá prejudicar o meio ambiente. É importante que na propriedade rural seja realizada uma gestão ambiental com visão sistêmica integrada, com a compreensão do todo a partir de uma análise global das partes e da interação entre estas, e não da forma produtivista pontual, como se faz de costume.
"O que considerar para cumprir a legislação sobre agrotóxicos?", por Claud Ivan Goellner, Universidade de Passo Fundo. Existe um desconhecimento geral sobre a legislação brasileira e há previsão de que novas leis ambientais, mais restritivas e punitivas, devem ser implementadas. Destacou a grande dificuldade do registro de produtos para as minor crops - culturas pequenas, consideradas de menor importância econômica, no Brasil. Apresentou o exemplo de outros países, como os Estados Unidos, onde os produtores se reuniram e criaram um fundo monetário para desburocratizar o registro de produtos para essas culturas, e agilizar dessa forma o processo que regulariza a situação dos produtores rurais. Reforçou que tecnicamente a situação das minor crops é de fácil solução: com vontade política e sem ideologias, pode-se resolver o problema dos produtores que estão na ilegalidade ao usarem produtos não autorizados para as culturas.
"Produção Integrada", por Alexandre Hoffmann, Embrapa Uva e Vinho
O setor agropecuário é uma indústria a céu aberto, ocupando uma grande extensão, com um risco potencial e com seus passivos. Para garantir a produção de alimentos de forma segura e sustentável, a melhor opção disponível é a produção integrada, que está no meio do caminho entre a produção convencional e a produção orgânica. Na produção integrada existem normas técnicas específicas, com o registro das operações, avaliação por empresa avaliadora da conformidade e certificação voluntária. Esse processo garante uma produção sustentável, com o uso de agrotóxicos disciplinado e que pode ser aplicada desde a agricultura familiar até culturas extensivas, como é o caso do arroz.
"Boas práticas na pulverização aérea", por Ricardo Dourado Furtado, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A aviação agrícola é um serviço especializado que busca proteger ou fomentar o desenvolvimento da agricultura por meio da aplicação em voo de fertilizantes, sementes e defensivos, povoamento de lagos e rios com alevinos, reflorestamento e combate a incêndios em campos e florestas. Foi criada oficialmente em 1969 e pode ser realizada por pessoas físicas ou jurídicas que possuam certificado emitido pelo Ministério da Agricultura para esse tipo de operação, e que devem obrigatoriamente seguir as Boas Práticas determinadas. No Brasil, o arroz é a principal cultura que utiliza a pulverização aérea. Entre os benefícios, destacam-se a não transmissão de pragas, a não compactação do solo e uma aplicação rápida e eficiente.
"Motivando produtores para a redução da contaminação ambiental", por Fábio Kagi, Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef)
A aplicação de agrotóxicos pode ser perigosa, apresentar riscos e ser um contaminante, caso o produtor rural não o utilize da forma correta. Cumprir a legislação, utilizar os produtos autorizados para a cultura e usar o bom senso são um bom caminho para garantir uma produção segura, sem contaminação ambiental. É importante que cada pessoa tenha o seu papel claro nesse sistema que envolve os agricultores, o mercado, a indústria e os técnicos. Com responsabilidade compartilhada, é possível fazer e que as informações cheguem aos produtores e técnicos da melhor forma possível, para que assim, as tecnologias sejam utilizadas adequadamente, garantindo a produção, a saúde dos produtores e consumidores e evitando a contaminação do meio ambiente.
Viviane Zanella (Mtb14004)
Embrapa Uva e Vinho
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