09/05/16 |   Geotecnologia  Gestão ambiental e territorial

Embrapa e Inpe apresentam dados sobre o uso da terra na Amazônia

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Foto: Sandra Zambudio

Sandra Zambudio - Da esquerda para a direita: presidente da Embrapa, Maurício Lopes; ministra Izabella Teixeira, do MMA; presidente do INCRA, Marilene Ramos; e diretor do INPE, Leonel Perondi.

Da esquerda para a direita: presidente da Embrapa, Maurício Lopes; ministra Izabella Teixeira, do MMA; presidente do INCRA, Marilene Ramos; e diretor do INPE, Leonel Perondi.

Os novos dados do TerraClass Amazônia, projeto desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e a estratégia do Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros foram apresentados no último dia 5 de maio, no Ministério do Meio Ambiente (MMA), em Brasília.

O evento contou com a presença da ministra Izabella Teixeira, do MMA, do presidente da Embrapa, Maurício Lopes, do diretor do Inpe, Leonel Perondi, e da presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), Marilene Ramos.

Foram apresentados os dados do mapeamento do uso da terra nas áreas desflorestadas da Amazônia brasileira desde 2004 - ano de implantação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm) - até 2014. Trata-se de uma análise histórica da ocupação e da ação humana na Amazônia realiza pelo Inpe e pela Embrapa.

O TerraClass Amazônia tem por base a interpretação de imagens de satélite e tecnologias de geoprocessamento. Ao comentar sobre o projeto, a ministra Izabella Teixeira afirmou que "trata-se de um importante instrumento para a formulação de políticas ambientais e nos dá uma visão crítica do que aconteceu e como podemos criar estratégias para recuperar as áreas desmatadas e degradadas". Em outras palavras, o Governo poderá fazer o monitoramento, planejar melhor o uso das áreas alteradas e frear o desmatamento na Amazônia. E concluiu a ministra: "com os dados gerados podemos contribuir para que a agricultura seja cada vez mais sustentável e as florestas fiquem cada vez mais em pé".

O presidente Maurício Lopes enalteceu o esforço de todos os envolvidos no projeto TerraClass, que para ele mostra a capacidade das instituições e das equipes de pesquisa na incorporação de novos conceitos e novos conhecimentos, "utilizando a tecnologia para levantar e ordenar informações territoriais, com uma visão tanto espacial quanto temporal", ressaltou. Ele destacou também que o resultado desse trabalho permite que o Brasil tenha um acervo importante de conhecimento sobre 720 mil quilômetros quadrados de uma região com importância global.

O presidente disse que a Embrapa está envolvida no Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros e agradeceu o apoio que a ministra Izabella vem dando à Empresa. Ele lembrou o suporte dado à viabilização da Plataforma Multi-institucional de Monitoramento das Reduções de Emissões de Gases de Efeito Estufa derivadas das ações do Plano ABC (Plataforma ABC),em Jaguariúna, com o apoio do MMA. "Vamos fazer um trabalho muito importante de monitoramento dos impactos da política de baixo carbono na agricultura", completa Lopes.

Uso da terra na Amazônia
Os dados do TerraClass demonstram que a pecuária ocupa aproximadamente 60% do total de áreas desmatadas em toda Amazônia. A vegetação secundária, que se traduz na regeneração da floresta, corresponde a 23% do mapeamento feito pelo projeto.

O trabalho qualifica as áreas mapeadas pelo PRODES, o sistema do Inpe que contabiliza anualmente o desmate por corte raso na Amazônia Legal com base em imagens de satélites. Desde 2010 as equipes do Inpe e da Embrapa apresentaram três mapeamentos, referentes aos anos de 2008, 2010 e 2012, com resultados que têm proporcionado ao governo, assim como à sociedade, um melhor entendimento sobre os processos e a dinâmica do uso das terras na Amazônia.

O TerraClass utiliza 12 classes temáticas para mapear o desflorestamento. De acordo com Marcos Adami, pesquisador do Centro Regional da Amazônia (CRA/Inpe) e coordenador do projeto, merecem destaque os números relativos à agricultura, em crescente avanço nos estados do Mato Grosso, Pará e Rondônia, principalmente, e que correspondem a 6% do desflorestamento; à pastagem, que compreende 60% do total de áreas desmatadas em toda Amazônia; e à vegetação secundária, classe que ocupa 23% das áreas mapeadas.

Segundo ele, os dados coletados representam um avanço no conhecimento da cobertura e uso da terra na Amazônia como um todo. "Saber qual a ocupação e a atividade predominante em cada ponto da região subsidia o governo a traçar políticas públicas específicas às demandas locais e regionais, que podem incentivar junto às populações o uso sustentável da terra", diz Adami.

Biomas monitorados
O Programa de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros elenca ações, prioridades e metodologias para o mapeamento e classificação da Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal. Seus resultados permitirão acompanhar e avaliar a dinâmica dos processos de expansão, retração, conversão, diversificação, integração e intensificação agrícola no Brasil.

O coordenador de Inteligência Estratégica da Embrapa (Agropensa), Édson Bolfe, explicou que o programa faz parte de uma estratégia para acompanhar o desempenho das políticas públicas orientadas ao atingimento da meta de redução das emissões totais de gases de efeito estufa, conforme compromissos assumidos junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Ele é resultado de uma articulação inédita entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

As ações do programa são realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e outras instituições e universidades do país, com o objetivo de monitorar o uso e cobertura da terra por satélite ao longo da próxima década.

Novo sistema de alerta
O DETER-B, novo sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para gerar alertas em tempo real sobre o desmatamento na Amazônia, também foi apresentado na ocasião. O sistema é um aprimoramento do DETER lançado em 2004 (agora chamado de DETER-A).

Baseado em dados de satélite com resolução de 60 metros, o DETER-B é capaz de discriminar polígonos (áreas) superiores a 6,25 hectares, revelando o corte raso, desmatamento com vegetação, áreas de mineração ilegal, além do processo de degradação em diferentes intensidades, cicatrizes de incêndio florestal e o corte seletivo. Assim como seu antecessor, o DETER-B é uma ferramenta para orientar a fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que recebe alertas diários gerados pelo sistema.

De agosto a dezembro de 2015, a nova ferramenta mapeou cerca de 26 mil áreas. No período, os locais considerados em estado de alerta – corte raso, desmatamento com vegetação ou mineração - corresponderam a 251.70 ha ou 2.517 km², principalmente nos estados do Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. A classe mais representativa foi de desmatamento com corte raso, equivalente a 238.92 ha (12,6% do total de alertas mapeados).

O Inpe mantém em operação o DETER-A simultaneamente ao DETER-B. Além disso, já atua no desenvolvimento do DETER-C, sistema ainda mais preciso com resolução espacial de 30 metros, a mesma do PRODES, projeto também do Instituto para o cálculo da taxa anual do desmatamento na Amazônia.

Sandra Zambudio
Secretaria de Comunicação da Embrapa - Secom

Contatos para a imprensa

Marjorie Xavier
Assessoria de Imprensa do INPE

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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