Participantes da ExpoZebu Dinâmica buscam sustentabilidade na pecuária
Participantes da ExpoZebu Dinâmica buscam sustentabilidade na pecuária
Produzir com sustentabilidade é uma das maiores preocupações da maioria dos pecuaristas que participaram da terceira edição da ExpoZebu Dinâmica, exposição especializada em apresentações de tecnologias (cultivares, insumos e equipamentos) para a pecuária, encerrada em 6 de maio, em Uberaba (MG). O evento aconteceu paralelamente à 82ª ExpoZebu, feira de genética animal já consagrada entre os pecuaristas do Brasil Central.
"Achei a Expozebu Dinâmica muito interessante e os palestrantes com muito conteúdo. Precisamos levar a tecnologia e expertise para os pecuaristas para que produzam de uma forma cada vez mais sustentável, eficaz e precisa", avaliou Maressa Resende Bettencourt, da Agropecuária Cinco Estrelas.
Nesta edição, a feira recebeu mais de três mil visitantes e obteve um crescimento de 30% em relação ao número de empresas participantes e resultados de negócios quando comparado a 2015. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é correalizadora da ExpoZebu Dinâmica, em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).
Na opinião da responsável pela coordenação da Embrapa na feira, a pesquisadora da Embrapa Cerrados Giovana Maciel, a empresa teve uma grande oportunidade, através da ExpoZebu Dinâmica, de se aproximar dos produtores para poder mostrar novidades ou ainda relembrá-los sobre tecnologias já consagradas.
"Também temos, por finalidade, escutar os pecuaristas para prospectar novas demandas de pesquisa e de transferência de tecnologia. Saber o que o produtor está precisando e trabalhar para que isso chegue até ele é o nosso papel. A Embrapa mostrou tecnologias que podem ser adotadas desde os pequenos produtores até os grandes empreendedores rurais. É interessante ver como a busca pelo conhecimento acontece, e saber que se esta for adotada terá geração de bons resultados econômicos, ambientais e sociais. Isto é o que nos motiva todos os dias", declarou.
Demonstrações ILP e ILPF– o pecuarista que tem interesse em adotar um sistema mais sustentável teve a oportunidade de conhecer na ExpoZebu Dinâmica áreas de Integração-Lavoura-Pecuária (ILP) e de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O pesquisador da Embrapa João Kluthcouski esteve, durante o evento, na área de ILPF esclarecendo dúvidas dos pecuaristas. Ele estima que 20% dos produtores que acompanharam suas explicações saíram convencidos de que esses sistemas são as soluções mais eficazes para acabar com a baixa produtividade dos pastos e preservar o meio ambiente.
A pecuarista Maressa Bettencourt é uma delas. Ela pretende implantar o sistema ILPF nas fazendas do Grupo Cinco Estrelas (GV5). Três fazendas estão localizadas em Mato Grosso e uma em Minas Gerais. Em uma das fazendas de Mato Grosso, a do município de Juara, já foi feito reflorestamento com a espécie florestal Teca.
"Sempre me interessei muito por árvores, tenho a plena certeza que reunir árvores com pecuária e agricultura é o futuro, pois eles se completam, o solo agradece, os animais vão produzir mais e ganhar peso com mais facilidade, com um pasto com mais proteína, nutrientes e sombra", comentou a pecuarista.
Até mesmo quem já tem experiência em ILPF recorre às indicações dos especialistas da Embrapa na escolha das espécies. Na fazenda do Grupo Boa Fé – Ma Shou Tao, no município de Conquista (MG), 35 hectares são destinados à pecuária. O local já passou pela fase de lavoura e agora os responsáveis estão definindo a cultivar de forrageira que formará a pastagem permanente. Para isso, o diretor Jônadan Ma, acompanhado de consultores, discutiu com o pesquisador João Kluthcouski sobre as melhores opções de cultivares para a área.
Há 17 anos, o produtor Rosivaldo Queiroz cria gado em uma pequena fazenda no norte de Minas Gerais. A preocupação dele é de como recuperar seus pastos. "Fiquei muito interessado com a possibilidade de entrar com a lavoura para recuperar o pasto. O meu primeiro passo será me planejar para fazer a integração da lavoura e pecuária. Quem sabe, quando eu crescer, coloco também as árvores que são importantes para dar bem estar ao animal", afirmou com entusiasmo.
Sistemas sustentáveis – as combinações dos sistemas integrados, seja ILP ou ILPF, recuperam as áreas de pastagens pouco produtivas ou degradadas, mantém a área vegetada o ano todo em condição de absorver carbono da atmosfera. A ILPF, na opinião do pesquisador João Kluthcouski, é a principal ferramenta para mitigação dos gases de efeito estufa.
Do ponto de vista da pecuária, de acordo com o pesquisador, a ILP e ILPF subsidiam a atividade, resultando no "boi barato". "A colheita de grãos paga os custos da implantação do sistema e ainda sobra dinheiro. Todas as combinações de forrageiras com culturas graníferas e árvores favorecem a pecuária, sejam elas relativas ao consórcio, sucessão ou rotação lavoura com pastagem", explicou.
Na palestra "Sistemas Agroflorestais e Recuperação de Pastagens", que encerrou a programação da ExpoZebu Dinâmica, João Kluthcouski, enumerou alguns desafios para a agropecuária brasileira. Entre eles, na pecuária, a produção de forrageira para a entressafra e o melhoramento genético do rebanho. Na lavoura, ele citou o uso intensivo da área e a redução da distância entre a porteira da fazenda e o consumidor.
Raça Sindi – o supervisor do Centro de Tecnologias em Raças Zebuínas Leiteiras (CTZL) da Embrapa Cerrados, Carlos Frederico Martins, participou, no dia 6 de maio, na ExpoZebu, do 1º Fórum Nacional da Raça Sindi, promovido pela Associação Brasileira dos Criadores de Sindi (ABCSindi). A reunião, que aconteceu no auditório do Museu do Zebu, teve o objetivo do debater questões relacionadas aos processos de seleção da raça e produzir um documento para os associados da entidade.
Durante os eventos foi feita a divulgação da 2ª Prova de Produção de Leite a Pasto de Zebu Leiteiro, que vai acontecer no CTZL, no Gama (DF), no final deste ano. "Os criadores tiveram uma excelente aceitação e acreditam que o caminho é realmente a avaliação zootécnica em um ambiente de pesquisa na Embrapa. Eles já estão se mobilizando para inscrever seus animais", comentou Martins.
Além da raça Gir Leiteiro, a segunda edição da prova passa a contemplar as raças Guzerá e Sindi. A finalidade é promover o melhoramento genético das raças zebuínas de aptidão leiteira por meio da identificação de matrizes dentro de grupos contemporâneos de cada raça, com potencial genético para a produção de leite a pasto. Além disso, será formado um banco genético com as melhores fêmeas classificadas em cada raça por meio de contrato de parceria com a Embrapa.
A prova é coordenada pelo CTZL e pela Associação de Criadores de Zebu do Planalto (ACZP). Conta também com o apoio da ABCZ, da Associação Brasileira dos Criadores de Gir Leiteiro (ABCGil), da ABCSindi, da Associação dos Criadores de Guzerá do Brasil (ACGB), da Associação Guzerá Goiás (AGG), da Gestão Unificada-Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A. (EMEPA-PB), das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU), do Hospital Veterinário da Universidade de Brasília e de empresas ligadas ao setor pecuário.
Liliane Castelões (MTb 16613/RJ)
Embrapa Cerrados
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