03/06/16 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Pesquisa monitora mosca-branca e viroses em tomateiro

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Foto: Alice Nagata

Alice Nagata -

Um grupo de pesquisadores da área de fitossanidade da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) monitora, desde 2010, as principais regiões produtoras de tomate para processamento industrial, concentradas em três diferentes estados do País: Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Em parceria com indústrias processadoras, ao longo da safra, ano após ano, os pesquisadores analisam a população de mosca-branca e a ocorrência de viroses transmitidas por esse inseto-vetor.

O monitoramento contempla cinco localidades: Luziânia, Itaberaí e Morrinhos - municípios de Goiás, Patos de Minas (MG) e Guaíra (SP). As indústrias parceiras são respectivamente: Sorgatto, Goiás Verde, Cargill, Dez Alimentos, Olé, Minas Mais e Tomilho, sendo que as duas últimas pertencem ao grupo Predilecta Alimentos. Desde o início do ano, a equipe do projeto vem realizando reuniões com essas empresas para apresentar os resultados obtidos.

De acordo com a pesquisadora Alice Nagata, virologista da Embrapa Hortaliças, existe uma diferença na incidência de virose, dependendo da região monitorada. "Em Minas Gerais e em São Paulo, a incidência é muito mais baixa do que Goiás, onde fica mais evidente a correlação entre o pico populacional de mosca-branca e a ocorrência de viroses", compara.

Ela destaca que o período de vazio sanitário, intervalo sem plantas de tomateiro no campo, é determinante para evitar que o início do plantio coincida com a época de maior população do inseto, que pode migrar de lavouras de soja e feijão. "A partir do monitoramento, observamos a importância de adiar o plantio de tomateiro em Goiás para minimizar as perdas de frutos, visto que a infecção em mudas recém-plantadas pode comprometer muito o desenvolvimento da planta", comenta ao explicar que a época de infecção da planta interfere no tamanho do prejuízo. Quando as plantas são infectadas muito novas, as perdas são maiores.

Segundo a Instrução Normativa Nº 06/2011, da Agência Goiana de Defesa Agropecuária, que trata de medidas fitossanitárias obrigatórias para prevenção e controle da mosca-branca e das viroses, o transplantio deve ser realizado semente entre 1º de fevereiro e 30 de junho. Baseado nos resultados da pesquisa, esse período deveria iniciar somente a partir de abril para evitar o veranico concentrado normalmente entre dezembro e março, que favorece a praga.

Atualmente, a equipe de pesquisa está analisando como o vírus sobrevive nesse intervalo sem plantas de tomateiro no campo. "A hipótese mais provável é que as plantas daninhas hospedam os vírus, mas também podem ser lavouras vizinhas de espécies como feijão e soja ou restos vegetais de lavouras colhidas de tomate", sublinha ao destacar que é importante pensar em um manejo regional das culturas.

Para comprovar a fonte que transmite o vírus para a mosca-branca, que tem pouca autonomia de voo, os pesquisadores pretendem utilizar ferramentas moleculares para fazer testes e detectar os restos de alimentos no corpo do inseto. "Essa é uma metodologia difícil de alcançar porque a mosca-branca é um inseto sugador de seiva que excreta uma solução líquida e absorve açúcares e sais", pondera Alice ao assinalar que o grupo deve continuar o trabalho comparativo entre uma região com alta incidência e outras com menor ocorrência de viroses.

"Nosso objetivo é definir uma recomendação de manejo para que seja possível conviver com a virose nas áreas de produção por mais 30 ou 50 anos. Não podemos permitir que os polos produtivos tornem-se inviáveis por causa do inseto e dos vírus associados a ele", afiança a virologista ao constatar que, além do begomovírus, tem sido observada uma alta incidência de crinivírus nas áreas de produção de tomate.

A próxima etapa da pesquisa é coletar, nas proximidades das áreas de produção, antes do plantio de tomate, moscas-brancas e diversas plantas de lavouras comerciais ou de mata nativa. "A proposta é acompanhar a produção de tomate para tentar correlacionar insetos e plantas que existem do lado de fora com a incidência de viroses que acontece dentro da lavoura", pontua Alice que acrescenta a necessidade de estudar vários cenários em parceria com a cadeia produtiva, produtores e indústrias processadoras.

 

Paula Rodrigues (MTB 61.403/SP)
Embrapa Hortaliças

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