"Queimadas e incêndios florestais na Amazônia: e nós com isso?" é o tema de uma das três palestras abertas ao público que a Embrapa Amazônia Oriental promove na manhã desta quarta-feira (8), na sede da instituição em Belém, como parte da programação de encerramento do encontro entre pesquisadores de seis Estados da Amazônia e técnicos que trabalham em projetos com a temática da Agricultura sem Queima para a região. Quem vai proferir a palestra, marcada para as 9 horas, dentro do "III Seminário de Agricultura sem Queima na Amazônia" (coordenado pelo pesquisador Osvaldo Kato), é o pesquisador Haron Xaud, da Embrapa Roraima. Segundo ele, tão ou mais preocupante que o desmatamento, o fogo está se configurando como o maior problema na Amazônia. A perspectiva para os próximos meses no Pará, de aumento de focos de calor, demanda alertas técnicos para que as queimadas agrícolas sejam feitas de forma controlada ou substituídas por outras técnicas de preparo de área na agricultura, as quais a Embrapa já disponibiliza aos agricultores familiares, de forma mecanizada ou não. As palestras serão seguidas de uma mesa redonda. Entre o público estarão professores e agricultores familiares dos municípios paraenses de atuação do projeto Tipitamba (que na língua indígena significa ex-roça ou capoeira, exemplificando o recomendado sistema de manejo da capoeira sem uso do fogo). Os outros temas abordados vão ser "Agricultura sem queima: contextos vigentes e caminhos a buscar", pela pesquisadora Tatiana Sá, e "Transição produtiva para redução do uso do fogo na agricultura familiar na Amazônia", por Osvaldo Kato, ambos da Embrapa Amazônia Oriental. O grupo de especialistas está reunido desde segunda-feira (6), fortalecendo a rede de pesquisa que, há mais de 25 anos, foca no desenvolvimento de tecnologias para o processo de transição do modelo produtivo na Amazônia, onde ainda predomina o uso do fogo no preparo de área agrícola de agricultura familiar. "Esse panorama tende a mudar gradativamente, devido à pressão crescente pelo desenvolvimento rural sustentável na região, imposta pela sociedade, mercados e governos", avalia Osvaldo Kato, um dos pioneiros nesse estudo científico, no qual a pesquisa participativa tem papel de destaque e é considerada essencial no processo de transição. "O compartilhamento de conhecimento entre cientistas e agricultores ocorre como em uma via de mão dupla e é fundamental para a doção de práticas e tecnologias sustentáveis para a recuperação de áreas alteradas, redução do desmatamento e de queimadas", explica a pesquisadora Anna Roffé, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental. Nesta terça-feira (7), o "I Workshop de compartilhamento do conhecimento para agricultura familiar sem queima na Amazônia", sob a coordenação técnica da pesquisadora, contou com a presença, além do público técnico envolvido no projeto Tipitamba, de Marluce Araújo, da Embrapa Informação Tecnológica (Brasília/DF), relatando a experiência institucional com as Minibliotecas da Embrapa (ferramentas utilizadas pelo Tipitamba na comunidade de Nova Olinda, de Igarapé-açu, no Pará). Na segunda-feira (6), ocorreu o "I Workshop de Agricultura sem Queima: processo de transição na Amazônia", sob a coordenação técnica da pesquisadora Celia Azevedo, quando houve nivelamento de informação a respeito da situação atual das ações de projetos da Embrapa para agricultura sem queima no Acre (por meio do pesquisador João Batista Pereira, da Embrapa Acre), Amapá (Wardsson Borges, da Embrapa Amapá), Amazonas (José Nestor Lourenço, da Embrapa Amazônia Ocidental), Maranhão (Antonio Carlos Freitas, da Embrapa Cocais), Pará (Osvaldo Kato) e Roraima (Haron Xaud).