03/06/16 |   Pesca e aquicultura  Produção animal

Artigo - Inverno: período crítico para piscicultura

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Foto: Tarcila Silva

Tarcila Silva -

Tarcila Souza de Castro Silva
Luis. A. Kioshi Aoki Inoue
Ricardo Borghesi
Pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste

É comum a mortalidade de peixes no outono e no inverno na região da Grande Dourados, em Mato Grosso do Sul. Porém, as mortes muitas vezes poderiam ser evitadas com cuidados no manejo para evitar os prejuízos, que na piscicultura costumam ser grandes.

O clima da região é caracterizado por apresentar temperaturas abaixo de 20 °C de maio a agosto, com períodos esparsos de frio intenso.  Outra característica do clima, e até mais grave, é que apresenta grande variação entre as temperaturas mínimas e máximas. Um exemplo prático e comum é a temperatura ao amanhecer estar 12 °C e no meio de uma tarde ensolarada chegar a 32 °C, apresentando a diferença em um mesmo dia de 20 °C.

Os peixes não regulam sua temperatura do corpo, ao contrário dos mamíferos e aves, ou seja, sua temperatura varia de acordo com a temperatura da água. Logo, em temperaturas mais baixas ocorre a diminuição do consumo de alimento e crescimento. Além disso, os peixes sentem a grande variação da temperatura, o que pode diminuir a resistência à doenças.

As diferentes espécies de peixes têm temperaturas ótimas de criação diferentes, com limites de conforto inferiores e superiores. Na nossa região, essa faixa é aproximadamente de 20 °C a 30 °C. Com as temperaturas altas, o metabolismo dos peixes é acelerado. Assim, é comum alimentar demais os peixes, e o ambiente fica próximo do desequilíbrio. Com isso, os peixes sofrem pela progressiva queda de qualidade de água no verão. Com a chegada do frio e as amplas variações de temperatura, começam os surtos de doenças e mortes.

Logo, os cuidados para evitar esses problemas devem ser iniciados ainda no verão. O manejo alimentar deve ser adequado para a manutenção da qualidade da água. As taxas de alimentação devem ser de acordo com as recomendações para a espécie criada e a temperatura da água. Aliado a isso, o tratador deve ser bem treinado para observar se os peixes estão consumindo o alimento fornecido, para evitar perdas e deterioração da qualidade da água por excesso de ração.

Ainda, deve-se priorizar a manutenção da qualidade da água por meio do monitoramento e utilização das boas práticas de manejo. O respeito contínuo dos limites recomendados de transparência, oxigênio dissolvido, pH, alcalinidade, dureza, amônia e nitrito ajudam a garantir a qualidade do ambiente de criação.

Além disso, as práticas de manejo devem ser planejadas com antecedência. Na nossa região é importante consultar a previsão do tempo. É desejável que as práticas de manejo, como arrasto de rede e transporte, sejam realizadas antes da chegada do frio. Assim, os peixes não são submetidos a mais fatores estressantes além dos naturais resultantes do clima frio.

Outra prática de manejo que pode ser realizada é a adição de suplementos como vitaminas (C e E), aminoácidos, probióticos e prebióticos.

Essas substâncias ajudam a aumentar a imunidade dos peixes antes de passarem pelas condições estressantes. Assim, elas devem ser misturadas na ração comercial e fornecidas alguns dias antes de eventos críticos, como a chegada de uma frente fria. No entanto, a indicação de cada produto e seu modo de usar deve ser criteriosa e avaliada por um técnico para melhores resultados econômicos. Atualmente, essa prática é pesquisada em muitos países para o aprimoramento e aumento da eficiência dos resultados.

Em resumo, na piscicultura a prevenção é a forma mais eficiente de evitar os problemas relacionados com o inverno. As estações do ano e a previsão do tempo devem ser consideradas no planejamento e na execução das boas práticas de manejo em nossa região.

 

Embrapa Agropecuária Oeste

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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