14/06/16 |   Agroecologia e produção orgânica

Dia de campo apresenta desempenho de cultivares de batata em sistema orgânico de produção

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Foto: Giovani Olegário da Silva

Giovani Olegário da Silva -

Avaliar o desempenho das cultivares de batata BRS Clara e BRS Ana, conduzidas em sistema orgânico de produção, e estabelecer uma comparação entre os dois materiais, com foco na resistência a doenças. Esse foi o principal objetivo do dia de campo realizado no dia três de junho último no município paranaense de Araucária, a cerca de 30 km de Curitiba. Promovido pelo Escritório de Negócios da Embrapa Produtos e Mercado em Canoinhas, SC, a Embrapa Hortaliças (Brasília, DF) e a Emater-PR, o evento contou com a participação de pesquisadores, técnicos e produtores rurais da região.

Na propriedade do produtor Adão Duran, onde são plantadas hortaliças em sistema orgânico há 15 anos, os testes com as duas cultivares apresentaram algumas variações relacionadas ao comportamento frente ao fungo Phytophthora infestans, causador da requeima, considerada a doença mais importante da batata no mundo inteiro. Na avaliação do agrônomo Antonio Bortoletto, da Embrapa Produtos e Mercado, palestrante do evento, na batata BRS Ana a ocorrência da doença reduziu para 80 dias o ciclo vegetativo dessa cultivar que, em condições normais, é de 110 dias, aproximadamente, afetando o rendimento, que ficou em 12,62 t/ha. Já a BRS Clara, que apresenta entre suas características a resistência ao fungo, a produção chegou a 22,72 t/ha.

De acordo com Bortoletto, nessa área de cultivo não foi utilizada nenhuma forma de controle, nem mesmo as caldas permitidas, pois o objetivo era testar a capacidade de resistência das cultivares. "Caso as caldas fossem utilizadas, certamente os rendimentos teriam sido maiores", aposta.

Para o produtor, que cultiva batata há muito tempo, embora não tenham sido utilizadas outras cultivares para comparação, no caso de materiais mais suscetíveis, em meio às condições adversas como o excesso de chuvas – como ocorreu no período dos testes com a BRS Ana e a BRS Clara -, "teriam resistido menos do que as cultivares de batata em questão".

Conforme o pesquisador da Embrapa Hortaliças Giovani Olegário, a mesma resistência não é, muitas vezes, observada em sistemas convencionais de cultivo por causa da aplicação preventiva de fungicidas, enquanto que no sistema orgânico essas vantagens são mais facilmente visíveis.

"Somado esse trabalho a outras experiências anteriores, podemos verificar que as cultivares BRS Ana e BRS Clara, principalmente essa última, apresentam boa adaptação ao sistema orgânico de cultivo, notadamente pela maior resistência à requeima, e também a outros fatores que precisam ser melhor analisados", anota o pesquisador, que levanta algumas hipóteses para a boa performance da cultivar, a exemplo de um sistema radicular mais bem desenvolvido.

"Alguns resultados experimentais indicam que a BRS Clara é mais tolerante à seca e, caso essa característica esteja relacionada a um maior sistema radicular por ter sido melhorada em solos mais ácidos, pode vir daí a explicação do melhor aproveitamento de nutrientes do solo – menos concentrados em comparação com a adubação utilizada em sistemas convencionais de cultivo", considera.

Orgânicos em alta

Segundo o técnico da Emater-PR João Batista Marinho, que acompanhou os experimentos com as cultivares de batata, o cultivo orgânico vem ganhando importância na região, estimulado pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). "A prefeitura de Araucária, inclusive, já assinou vários contratos esse ano para recebimento de produtos orgânicos para o programa", destaca.

Anelise Macedo (MTB 2.749/DF)
Embrapa Hortaliças

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