A Embrapa Pantanal concentra suas pesquisas no bioma que é a razão de sua existência. Cenário de uma rica biodiversidade, o Pantanal precisa ser explorado de maneira sustentável. Há mais de 40 anos a Unidade da Embrapa de Corumbá vem cumprindo o papel de fornecer conhecimento científico para manter o bioma conservado e, ao mesmo tempo, orientar a produção econômica nessa região. Embora o foco das pesquisas seja o Pantanal, cada vez mais o conhecimento da equipe técnica que atua no bioma vem sendo demandado por outras regiões do país. Confira, a seguir, algumas das atividades de pesquisa e transferência de tecnologias que os pesquisadores da Unidade vem desenvolvendo em outras localidades. Em Brasilândia (MS), localizada na faixa leste do Mato Grosso do Sul, o pesquisador Walfrido Tomás está testando protótipos de colar de GPS para monitoramento de animais silvestres, como cervos, queixadas, jacarés e veados mateiros. O mesmo teste está sendo desenvolvido no Pantanal, em Corumbá. "Estamos produzindo conhecimento sobre características da paisagem e seu uso pelos animais, o que pode dar suporte para ações ou políticas públicas voltadas à conservação, manejo ou recuperação de paisagens", explicou o pesquisador. Uma pesquisa de campo para monitoramento de javalis está sendo desenvolvida pela Embrapa Pantanal em Rio Brilhante (MS). Guilherme Mourão, pesquisador do Laboratório de Vida Selvagem, disse que os animais estão sendo acompanhados por meio de colar de GPS e armadilhas fotográficas. "O objetivo é indicar formas de controle e prevenção sanitária", afirmou. A OIE (Organização Mundial de Sanidade Animal) está preocupada com a expansão descontrolada de javalis em várias partes do mundo. "Nesse contexto, o Mato Grosso do Sul deve estar preparado para responder às demandas e manter seu status de área livre da peste suína clássica, mantendo as exportações de carne suína", concluiu Guilherme. A pesquisadora Márcia Divina, da área de limnologia, tem atuado na usina de Porto Primavera, no município de Rosana (SP). "Finalizamos um teste para uso de equipamento ultravioleta para o controle de larvas do mexilhão dourado dentro da usina. Esse acompanhamento começou há dois anos e a finalidade é buscar tecnologias alternativas à química para controlar a disseminação do mexilhão. A pesquisadora também vem orientando a equipe do Instituto de Pesca que atua no reservatório de Canoas, em Assis (SP), no rio Paranapanema. "É um estudo básico de controle do mexilhão na piscicultura, em tanques-rede", explicou. O mexilhão dourado apareceu também no rio São Francisco, o que levou Márcia a colaborar na confirmação da introdução do molusco no reservatório de Sobradinho, que está localizado nos municípios baianos de Sobradinho e Casa Nova. Em Jaciara (MT), junto com a pesquisadora Débora Calheiros, no âmbito do projeto Agrohidro (Macroprograma 1 da Embrapa), elas desenvolvem pesquisas que avaliam o transporte de nutrientes em áreas de produção e pastagens. Manacapuru (AM) é o nome da localidade onde a pesquisadora Zilca Campos, da área de fauna, vem desenvolvendo pesquisas sobre o jacaré-paguá desde 2001, quando fez seu doutorado. Ela vem buscando ampliar o conhecimento em biologia e ecologia da espécie, que tem ampla distribuição no território brasileiro, inclusive no entorno do Pantanal. "Ele só não está presente no sul do país. Apesar dessa ampla distribuição, pouco se sabia sobre ele", disse Zilca. O município fica em frente ao rio Solimões e o habitat que ela vem estudando é uma floresta alagada. Também em todo o Estado do Amapá, partindo de Macapá, a pesquisadora vem fazendo um estudo exploratório de ocorrência dessa espécie, coletando dados genéticos e avaliando o habitat para a conservação do ambiente. No rio Madeira, em Porto Velho (RO), e no rio Xingu, em Altamira e Vitória do Xingu (PA), Zilca vem avaliando os impactos ambientais de usinas hidrelétricas. O estudo se concentra em quatro espécies de jacarés. "Os crocodilianos servem como indicadores desses impactos", falou. Esse estudo também interessa ao Pantanal, para que se conheça os impactos de instalações recentes de pequenas centrais hidrelétricas na bacia do rio Paraguai. No sul do país, mais precisamente no município de Osório (RS), Zilca vem orientando um estudo de mestrado sobre a população do jacaré-do-papo-amarelo. "Já tínhamos alguns dados desde a década de 1990, no rio Paraná, e agora estamos expandindo", afirmou. Em 2015, a pesquisadora também orientou uma estudante da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) sobre o jacaré-paguá na área urbana de Cuiabá (MT) mas sua pesquisa estende para outros municípios mato-grossenses desde 2005. Muita informação sobre o jacaré-paguá foi produzida na Estação Ecológica Serra das Araras, em parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). O pesquisador Ubiratan Piovezan desenvolveu pesquisas com os índios Kraho, terra indígena localizada entre os municípios de Itacajá e Goiatins (TO). "Avaliamos a etnozoologia e o uso da fauna na terra indígena Kraho. Concluímos que a proteína animal aportada pela caça é insuficiente para a manutenção dos níveis de proteína recomendados pela OMS (Organização Mundial de Saúde)", afirmou. Segundo ele, o déficit tende a ser compensado pela compra de carne fora do território indígena – o que acaba causando interferências nos costumes e na cultura indígena. Em São Gabriel do Oeste (MS), o pesquisador Ivan Bergier estabeleceu uma rede de pesquisa para fomentar balanços ambientais e socioeconômicos favoráveis em sistemas integrados de produção agropecuária. Os trabalhos começaram em 2010 e se estendem até a atualidade. O município se localiza na Bacia do Alto Taquari e as ações desenvolvidas na agropecuária lá se refletem na planície pantaneira. Aquicultura e pesca Jorge Lara, Agostinho Catella e Emiko Resende estão empenhados em formalizar um convênio de cooperação técnica com o IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) de Coxim (MS). Vários encontros presenciais já aconteceram entre as duas equipes, inclusive com a troca de conhecimentos por meio de palestras. O foco da transferência de tecnologias e projetos deve ser a pesca e aquicultura. Maringá (PR) tem sido destino razoavelmente frequente do pesquisador Jorge Lara desde a finalização do projeto Aquabrasil, em 2011. "O projeto acabou, mas a parceria continua. Temos formatado estudos sobre genes candidatos para o desenvolvimento da qualidade da carne com a UEM (Universidade Estadual de Maringá)." Jorge Lara também integra a Câmara Setorial de Aquicultura do Estado de Mato Grosso do Sul e está participando de um mapeamento da aquicultura no Estado. Além disso, ele faz parte do Comitê Gestor do Portfólio de Aquicultura da Embrapa e atua regularmente na definição de oportunidades de P, D & I e para a definição do olhar da Embrapa e de sua política de transferência de tecnologias para o setor. Agricultura familiar Pesquisas sobre alimentação alternativa para galinhas poedeiras têm levado os pesquisadores Raquel Soares e Frederico Lisita a uma atuação expandida. Apenas nos últimos meses eles transferiram tecnologias para agricultores familiares das regiões de Dourados (MS) e Miranda (MS), sendo que nesse último o público contemplado foram os indígenas. Durante o 1º Agroecoindígena, representantes de várias aldeias acompanharam oficinas promovidas pelos dois pesquisadores e já solicitaram novas ações no município. Pesquisas sobre as galinhas poedeiras também têm envolvido uma parceria com a Fundação Bradesco, em Miranda (MS), com estudos sobre o uso da moringa como suplementação alimentar. Nos dias 28 e 29 de junho, os dois pesquisadores participaram de dois dias de campo em Cascavel e Missal (PR). A ação envolve parceria com a cooperativa de técnicos Biolabore, com quem Frederico e o pesquisador Alberto Feiden atuam há quase dez anos. Trata-se de uma instituição financiada pela usina de Itaipu, Ministério de Desenvolvimento Agrário e prefeituras para desenvolver trabalhos na área de agroecologia e produção orgânica junto a agricultores familiares. Frederico explicou que essa cooperativa dá assistência a produtores de frango e galinha colonial e tem dificuldade em encontrar ingredientes orgânicos para a elaboração das rações. "Mesmo os insumos tradicionais, como milho e soja, estão muito caros esse ano", comentou Frederico. Assim, alimentos alternativos como moringa e mandioca podem ser viáveis para aqueles agricultores. Além do recurso para alimentação, os dois pesquisadores abordaram questões de boas práticas e manejo sanitário das aves. Frederico já participou de um dia de campo com esses agricultores em fevereiro deste ano. Em junho, reuniram cerca de 200 agricultores de vários municípios daquela região. Alberto Feiden, pesquisador da equipe de agricultura familiar da Embrapa Pantanal, também mantém diversas atividades em parceria com instituições do Paraná, entre elas a Biolabore, com sede em Santa Helena, e o Capa (Centro de Apoio à Produção Agroecológica), em Marechal Cândido Rondon, além da Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), com regionais em vários municípios. Alberto conta que muitas parcerias foram firmadas a partir de sua participação na Vitrine Agroecológica da Show Rural Coopavel, em Cascavel. A feira, direcionada a agricultores, está em sua 28ª edição e recebeu 235 mil visitantes em fevereiro deste ano. O pesquisador calcula que aproximadamente 60 mil pessoas estiveram na Vitrine em 2016 – ela existe há 12 anos. Ele participa da feira desde 2003, quando ainda atuava na Embrapa Agrobiologia. O laço com Marechal Cândido Rondon passa ainda por uma parceria com a Unioeste (Universidade do Oeste do Paraná), que criou uma pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável, inclusive aprovando recentemente o curso de doutorado. Ainda com a Biolabore, Alberto participa de um projeto em Mundo Novo (MS), onde acompanha um grupo de agricultores familiares em transição agroecológica. "O primeiro contato com eles foi em 2008. Hoje estão muito avançados, estão organizando uma associação e procurando mercados. Se organizam para adotar a certificação participativa de seus produtos", comenta. Pelo terceiro ano, Alberto acompanha indicadores de sustentabilidade em quatro propriedades daquele município. Também no Mato Grosso do Sul, o pesquisador vem mantendo uma parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), campus de Três Lagoas, e CPT (Comissão Pastoral da Terra) de Selvíria. Alberto oferece apoio ao processo de transição agroecológica em assentamentos deste município, por meio de ações de transferência de tecnologias. A Feira de Sementes Crioulas de Juti (MS) é outro evento de troca de experiências e transferência de tecnologias que o pesquisador acompanha desde a terceira edição (este ano foi realizada a 12ª). O evento é promovido pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Embrapa Agropecuária Oeste, CPT, Apoms (Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul) e Instituto Cerrado Guarani. Além da troca de sementes crioulas, o evento valoriza a transição agroecológica, a produção de mudas do Cerrado e a recuperação ambiental do Cerrado. Por fim, Alberto Feiden tem mantido parceria com a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) em Campo Grande (MS), através do projeto "Núcleos de Agroecologia", contribuindo nas capacitações da equipe, que depois se torna multiplicadora dos conhecimentos em transição agroecológica. Pecuária A Embrapa Pantanal tem acompanhado com frequência os núcleos de criação de bovino pantaneiro nos municípios de Rio Negro, Guia Lopes da Laguna e Aquidauana (MS). "Atendemos a esses núcleos orientando sobre o manejo e acasalamento, escolhendo touros, congelando sêmen e verificando o desenvolvimento dos animais, além de articular projetos futuros", comenta a pesquisadora Raquel Juliano. Trata-se de um projeto de desenvolvimento, e não de pesquisa, desenvolvido em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Pantaneiros, fundada em 2013. Pesquisas têm sido desenvolvidas pela UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), no núcleo de Aquidauana. O pesquisador Urbano Gomes Pinto de Abreu esteve recentemente em Tauá (CE) participando de uma análise de sistemas de produção de pequenos produtores por um projeto do Macroprograma 4 da Embrapa. Três localidades serão estudadas: Tauá, Juazeiro (BA) e Campo Grande (MS). Segundo ele, serão montadas URTs (Unidades de Referência Tecnológica) para se avaliar, principalmente, a transferência de tecnologias para pequenos ruminantes (caprinos, ovinos) e outros animais (galinhas, capotes, entre outros). Neste mês, Urbano participou de painéis com produtores locais para avaliar quais deles vão montar as URTs. "Temos dados de 300 produtores de Tauá e estamos analisando os perfis deles. O projeto, liderado pela pesquisadora Lisiane Dorneles de Lima, pretende customizar as tecnologias de acordo com esses diferentes perfis." Bagé, no Rio Grande do Sul, é outro município para onde a Embrapa Pantanal está levando seu conhecimento. Os pesquisadores Urbano e Eriklis Nogueira participam do projeto PoloGen, liderado pela pesquisadora Bruna Sollero, em que farão análise de raças típicas do sul do país, em especial Hereford e Angus. "Faremos uma análise genética do que produzem lá. São raças que estão chegando ao Centro-Oeste, há exemplares em Campo Grande e no Pantanal", comentou Urbano. Em Nova Andradina (MS), o pesquisador Luiz Orcírio Fialho de Oliveira desenvolve estudos sobre a engorda de bezerros nascidos aqui no Pantanal e submetidos às avaliações feitas durante o projeto +Cria, coordenado por Eriklis. Essa nova etapa se chama +Precoce. Na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS) será desenvolvido o +Engorda, outra etapa do projeto. "É um somatório de equipes que estuda a produção de bovinos precoces do nascimento até o abate integrando o Pantanal e o Cerrado", afirmou o pesquisador. Em Campo Grande, ainda relacionado à primeira fase (+Cria), Orcírio vai analisar estratégias de suplementação de bezerros na pré-desmama e seus efeitos tanto na engorda do bezerro quanto na reconcepção das vacas considerando o período de nascimento ("bezerro do cedo ou bezerro do tarde"). Também na capital de Mato Grosso do Sul, Orcírio vem desenvolvendo uma pesquisa que tem a intenção de auxiliar técnicos, produtores e indústrias nas estimativas de consumo de capim. Essa investigação, iniciada em 2013 na Embrapa Pantanal, aponta a possibilidade de a substância Caulim ser um potencial indicador capaz de oferecer esta resposta. O trabalho é realizado em parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e a Asbram (Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais). Em maio, a pesquisadora Márcia Furlan desenvolveu uma série de atividades de transferência de tecnologias sobre sanidade equídea em Campo Grande. Ela está finalizando um projeto sobre AIE (Anemia Infecciosa Equina) e repassou muitas informações e orientações a veterinários durante capacitação na capital sul-mato-grossense.
Foto: Guilherme Ferraz
Mapa localiza parte da atuação da Embrapa Pantanal no MS e outros Estados do País
A Embrapa Pantanal concentra suas pesquisas no bioma que é a razão de sua existência. Cenário de uma rica biodiversidade, o Pantanal precisa ser explorado de maneira sustentável. Há mais de 40 anos a Unidade da Embrapa de Corumbá vem cumprindo o papel de fornecer conhecimento científico para manter o bioma conservado e, ao mesmo tempo, orientar a produção econômica nessa região.
Embora o foco das pesquisas seja o Pantanal, cada vez mais o conhecimento da equipe técnica que atua no bioma vem sendo demandado por outras regiões do país. Confira, a seguir, algumas das atividades de pesquisa e transferência de tecnologias que os pesquisadores da Unidade vem desenvolvendo em outras localidades.
Em Brasilândia (MS), localizada na faixa leste do Mato Grosso do Sul, o pesquisador Walfrido Tomás está testando protótipos de colar de GPS para monitoramento de animais silvestres, como cervos, queixadas, jacarés e veados mateiros. O mesmo teste está sendo desenvolvido no Pantanal, em Corumbá. "Estamos produzindo conhecimento sobre características da paisagem e seu uso pelos animais, o que pode dar suporte para ações ou políticas públicas voltadas à conservação, manejo ou recuperação de paisagens", explicou o pesquisador.
Uma pesquisa de campo para monitoramento de javalis está sendo desenvolvida pela Embrapa Pantanal em Rio Brilhante (MS). Guilherme Mourão, pesquisador do Laboratório de Vida Selvagem, disse que os animais estão sendo acompanhados por meio de colar de GPS e armadilhas fotográficas. "O objetivo é indicar formas de controle e prevenção sanitária", afirmou.
A OIE (Organização Mundial de Sanidade Animal) está preocupada com a expansão descontrolada de javalis em várias partes do mundo. "Nesse contexto, o Mato Grosso do Sul deve estar preparado para responder às demandas e manter seu status de área livre da peste suína clássica, mantendo as exportações de carne suína", concluiu Guilherme.
A pesquisadora Márcia Divina, da área de limnologia, tem atuado na usina de Porto Primavera, no município de Rosana (SP). "Finalizamos um teste para uso de equipamento ultravioleta para o controle de larvas do mexilhão dourado dentro da usina. Esse acompanhamento começou há dois anos e a finalidade é buscar tecnologias alternativas à química para controlar a disseminação do mexilhão.
A pesquisadora também vem orientando a equipe do Instituto de Pesca que atua no reservatório de Canoas, em Assis (SP), no rio Paranapanema. "É um estudo básico de controle do mexilhão na piscicultura, em tanques-rede", explicou. O mexilhão dourado apareceu também no rio São Francisco, o que levou Márcia a colaborar na confirmação da introdução do molusco no reservatório de Sobradinho, que está localizado nos municípios baianos de Sobradinho e Casa Nova.
Em Jaciara (MT), junto com a pesquisadora Débora Calheiros, no âmbito do projeto Agrohidro (Macroprograma 1 da Embrapa), elas desenvolvem pesquisas que avaliam o transporte de nutrientes em áreas de produção e pastagens.
Manacapuru (AM) é o nome da localidade onde a pesquisadora Zilca Campos, da área de fauna, vem desenvolvendo pesquisas sobre o jacaré-paguá desde 2001, quando fez seu doutorado. Ela vem buscando ampliar o conhecimento em biologia e ecologia da espécie, que tem ampla distribuição no território brasileiro, inclusive no entorno do Pantanal. "Ele só não está presente no sul do país. Apesar dessa ampla distribuição, pouco se sabia sobre ele", disse Zilca. O município fica em frente ao rio Solimões e o habitat que ela vem estudando é uma floresta alagada.
Também em todo o Estado do Amapá, partindo de Macapá, a pesquisadora vem fazendo um estudo exploratório de ocorrência dessa espécie, coletando dados genéticos e avaliando o habitat para a conservação do ambiente. No rio Madeira, em Porto Velho (RO), e no rio Xingu, em Altamira e Vitória do Xingu (PA), Zilca vem avaliando os impactos ambientais de usinas hidrelétricas. O estudo se concentra em quatro espécies de jacarés. "Os crocodilianos servem como indicadores desses impactos", falou. Esse estudo também interessa ao Pantanal, para que se conheça os impactos de instalações recentes de pequenas centrais hidrelétricas na bacia do rio Paraguai.
No sul do país, mais precisamente no município de Osório (RS), Zilca vem orientando um estudo de mestrado sobre a população do jacaré-do-papo-amarelo. "Já tínhamos alguns dados desde a década de 1990, no rio Paraná, e agora estamos expandindo", afirmou. Em 2015, a pesquisadora também orientou uma estudante da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) sobre o jacaré-paguá na área urbana de Cuiabá (MT) mas sua pesquisa estende para outros municípios mato-grossenses desde 2005. Muita informação sobre o jacaré-paguá foi produzida na Estação Ecológica Serra das Araras, em parceria com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
O pesquisador Ubiratan Piovezan desenvolveu pesquisas com os índios Kraho, terra indígena localizada entre os municípios de Itacajá e Goiatins (TO). "Avaliamos a etnozoologia e o uso da fauna na terra indígena Kraho. Concluímos que a proteína animal aportada pela caça é insuficiente para a manutenção dos níveis de proteína recomendados pela OMS (Organização Mundial de Saúde)", afirmou. Segundo ele, o déficit tende a ser compensado pela compra de carne fora do território indígena – o que acaba causando interferências nos costumes e na cultura indígena.
Em São Gabriel do Oeste (MS), o pesquisador Ivan Bergier estabeleceu uma rede de pesquisa para fomentar balanços ambientais e socioeconômicos favoráveis em sistemas integrados de produção agropecuária. Os trabalhos começaram em 2010 e se estendem até a atualidade. O município se localiza na Bacia do Alto Taquari e as ações desenvolvidas na agropecuária lá se refletem na planície pantaneira.
Aquicultura e pesca
Jorge Lara, Agostinho Catella e Emiko Resende estão empenhados em formalizar um convênio de cooperação técnica com o IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) de Coxim (MS). Vários encontros presenciais já aconteceram entre as duas equipes, inclusive com a troca de conhecimentos por meio de palestras. O foco da transferência de tecnologias e projetos deve ser a pesca e aquicultura.
Maringá (PR) tem sido destino razoavelmente frequente do pesquisador Jorge Lara desde a finalização do projeto Aquabrasil, em 2011. "O projeto acabou, mas a parceria continua. Temos formatado estudos sobre genes candidatos para o desenvolvimento da qualidade da carne com a UEM (Universidade Estadual de Maringá)."
Jorge Lara também integra a Câmara Setorial de Aquicultura do Estado de Mato Grosso do Sul e está participando de um mapeamento da aquicultura no Estado. Além disso, ele faz parte do Comitê Gestor do Portfólio de Aquicultura da Embrapa e atua regularmente na definição de oportunidades de P, D & I e para a definição do olhar da Embrapa e de sua política de transferência de tecnologias para o setor.
Agricultura familiar
Pesquisas sobre alimentação alternativa para galinhas poedeiras têm levado os pesquisadores Raquel Soares e Frederico Lisita a uma atuação expandida. Apenas nos últimos meses eles transferiram tecnologias para agricultores familiares das regiões de Dourados (MS) e Miranda (MS), sendo que nesse último o público contemplado foram os indígenas. Durante o 1º Agroecoindígena, representantes de várias aldeias acompanharam oficinas promovidas pelos dois pesquisadores e já solicitaram novas ações no município.
Pesquisas sobre as galinhas poedeiras também têm envolvido uma parceria com a Fundação Bradesco, em Miranda (MS), com estudos sobre o uso da moringa como suplementação alimentar.
Nos dias 28 e 29 de junho, os dois pesquisadores participaram de dois dias de campo em Cascavel e Missal (PR). A ação envolve parceria com a cooperativa de técnicos Biolabore, com quem Frederico e o pesquisador Alberto Feiden atuam há quase dez anos. Trata-se de uma instituição financiada pela usina de Itaipu, Ministério de Desenvolvimento Agrário e prefeituras para desenvolver trabalhos na área de agroecologia e produção orgânica junto a agricultores familiares.
Frederico explicou que essa cooperativa dá assistência a produtores de frango e galinha colonial e tem dificuldade em encontrar ingredientes orgânicos para a elaboração das rações. "Mesmo os insumos tradicionais, como milho e soja, estão muito caros esse ano", comentou Frederico. Assim, alimentos alternativos como moringa e mandioca podem ser viáveis para aqueles agricultores. Além do recurso para alimentação, os dois pesquisadores abordaram questões de boas práticas e manejo sanitário das aves.
Frederico já participou de um dia de campo com esses agricultores em fevereiro deste ano. Em junho, reuniram cerca de 200 agricultores de vários municípios daquela região.
Alberto Feiden, pesquisador da equipe de agricultura familiar da Embrapa Pantanal, também mantém diversas atividades em parceria com instituições do Paraná, entre elas a Biolabore, com sede em Santa Helena, e o Capa (Centro de Apoio à Produção Agroecológica), em Marechal Cândido Rondon, além da Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), com regionais em vários municípios.
Alberto conta que muitas parcerias foram firmadas a partir de sua participação na Vitrine Agroecológica da Show Rural Coopavel, em Cascavel. A feira, direcionada a agricultores, está em sua 28ª edição e recebeu 235 mil visitantes em fevereiro deste ano. O pesquisador calcula que aproximadamente 60 mil pessoas estiveram na Vitrine em 2016 – ela existe há 12 anos. Ele participa da feira desde 2003, quando ainda atuava na Embrapa Agrobiologia.
O laço com Marechal Cândido Rondon passa ainda por uma parceria com a Unioeste (Universidade do Oeste do Paraná), que criou uma pós-graduação em Desenvolvimento Rural Sustentável, inclusive aprovando recentemente o curso de doutorado.
Ainda com a Biolabore, Alberto participa de um projeto em Mundo Novo (MS), onde acompanha um grupo de agricultores familiares em transição agroecológica. "O primeiro contato com eles foi em 2008. Hoje estão muito avançados, estão organizando uma associação e procurando mercados. Se organizam para adotar a certificação participativa de seus produtos", comenta. Pelo terceiro ano, Alberto acompanha indicadores de sustentabilidade em quatro propriedades daquele município.
Também no Mato Grosso do Sul, o pesquisador vem mantendo uma parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), campus de Três Lagoas, e CPT (Comissão Pastoral da Terra) de Selvíria. Alberto oferece apoio ao processo de transição agroecológica em assentamentos deste município, por meio de ações de transferência de tecnologias.
A Feira de Sementes Crioulas de Juti (MS) é outro evento de troca de experiências e transferência de tecnologias que o pesquisador acompanha desde a terceira edição (este ano foi realizada a 12ª). O evento é promovido pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Embrapa Agropecuária Oeste, CPT, Apoms (Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul) e Instituto Cerrado Guarani. Além da troca de sementes crioulas, o evento valoriza a transição agroecológica, a produção de mudas do Cerrado e a recuperação ambiental do Cerrado.
Por fim, Alberto Feiden tem mantido parceria com a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) em Campo Grande (MS), através do projeto "Núcleos de Agroecologia", contribuindo nas capacitações da equipe, que depois se torna multiplicadora dos conhecimentos em transição agroecológica.
Pecuária
A Embrapa Pantanal tem acompanhado com frequência os núcleos de criação de bovino pantaneiro nos municípios de Rio Negro, Guia Lopes da Laguna e Aquidauana (MS). "Atendemos a esses núcleos orientando sobre o manejo e acasalamento, escolhendo touros, congelando sêmen e verificando o desenvolvimento dos animais, além de articular projetos futuros", comenta a pesquisadora Raquel Juliano.
Trata-se de um projeto de desenvolvimento, e não de pesquisa, desenvolvido em parceria com a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Pantaneiros, fundada em 2013. Pesquisas têm sido desenvolvidas pela UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), no núcleo de Aquidauana.
O pesquisador Urbano Gomes Pinto de Abreu esteve recentemente em Tauá (CE) participando de uma análise de sistemas de produção de pequenos produtores por um projeto do Macroprograma 4 da Embrapa. Três localidades serão estudadas: Tauá, Juazeiro (BA) e Campo Grande (MS). Segundo ele, serão montadas URTs (Unidades de Referência Tecnológica) para se avaliar, principalmente, a transferência de tecnologias para pequenos ruminantes (caprinos, ovinos) e outros animais (galinhas, capotes, entre outros).
Neste mês, Urbano participou de painéis com produtores locais para avaliar quais deles vão montar as URTs. "Temos dados de 300 produtores de Tauá e estamos analisando os perfis deles. O projeto, liderado pela pesquisadora Lisiane Dorneles de Lima, pretende customizar as tecnologias de acordo com esses diferentes perfis."
Bagé, no Rio Grande do Sul, é outro município para onde a Embrapa Pantanal está levando seu conhecimento. Os pesquisadores Urbano e Eriklis Nogueira participam do projeto PoloGen, liderado pela pesquisadora Bruna Sollero, em que farão análise de raças típicas do sul do país, em especial Hereford e Angus. "Faremos uma análise genética do que produzem lá. São raças que estão chegando ao Centro-Oeste, há exemplares em Campo Grande e no Pantanal", comentou Urbano.
Em Nova Andradina (MS), o pesquisador Luiz Orcírio Fialho de Oliveira desenvolve estudos sobre a engorda de bezerros nascidos aqui no Pantanal e submetidos às avaliações feitas durante o projeto +Cria, coordenado por Eriklis. Essa nova etapa se chama +Precoce. Na Embrapa Gado de Corte (Campo Grande-MS) será desenvolvido o +Engorda, outra etapa do projeto.
"É um somatório de equipes que estuda a produção de bovinos precoces do nascimento até o abate integrando o Pantanal e o Cerrado", afirmou o pesquisador. Em Campo Grande, ainda relacionado à primeira fase (+Cria), Orcírio vai analisar estratégias de suplementação de bezerros na pré-desmama e seus efeitos tanto na engorda do bezerro quanto na reconcepção das vacas considerando o período de nascimento ("bezerro do cedo ou bezerro do tarde").
Também na capital de Mato Grosso do Sul, Orcírio vem desenvolvendo uma pesquisa que tem a intenção de auxiliar técnicos, produtores e indústrias nas estimativas de consumo de capim. Essa investigação, iniciada em 2013 na Embrapa Pantanal, aponta a possibilidade de a substância Caulim ser um potencial indicador capaz de oferecer esta resposta. O trabalho é realizado em parceria com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e a Asbram (Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais).
Em maio, a pesquisadora Márcia Furlan desenvolveu uma série de atividades de transferência de tecnologias sobre sanidade equídea em Campo Grande. Ela está finalizando um projeto sobre AIE (Anemia Infecciosa Equina) e repassou muitas informações e orientações a veterinários durante capacitação na capital sul-mato-grossense.
Ana Maio (Mtb 21.928)
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