A equipe técnica de agroecologia e agricultura familiar da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás, GO) realizou visita, em 6 de julho, em propriedade rural no distrito de  Sousânia (Anápolis, GO), localidade distante 58 quilômetros de Goiânia, para trocas de experiências em agricultura familiar.

O objetivo foi incentivar a produção de alimentos sem a utilização de agrotóxicos e destacar, também, a importância de resguardar as áreas de preservação ambiental. Além do meio ambiente, estas ações contribuem para a saúde dos agricultores, a fixação do homem no campo, com remuneração justa e atende aos consumidores que buscam alimentos mais saudáveis e livres de agrotóxicos.

Além dos representantes da Embrapa Arroz e Feijão participaram da visita o diretor de agricultura da prefeitura de Anápolis, Álvaro Gonçalo Rodrigues, e o presidente da Associação dos Produtores Agroecológicos de Anápolis (Aproar), Domingos José Pereira.

Na parte de manhã foi realizada a visita na propriedade do senhor Paulo Aparecido de Oliveira e sua esposa dona Helena Rosas de Oliveira. Eles são proprietários da Fazenda Mutambal, município de Anápolis (GO) e têm quatro filhos - três colaboram nas atividades produtivas e comerciais da família.

A propriedade do senhor Paulo tem 2,5 hectares e a família mora há 9 anos no local. No início, o agricultor produzia tomate no sistema convencional, através de arrendamento e ainda, na entressafra, precisava complementar a renda da família com trabalho de pedreiro.

Há quase dois anos ele passou a produzir no sistema agroecológico, a partir de cursos oferecidos pela Aproar e do incentivo da diretoria de Agricultura da prefeitura de Anápolis. "Foi muito difícil, no começo, convencer meu marido a passar para o sistema agroecológico; ele não acreditava, dizia que o projeto não ia dar certo; mas eu continuei a participar das reuniões e insistia muito sobre a opção da produção agroecológica", lembra dona Helena.

Hoje ele está muito satisfeito com o projeto e toda sua família obteve grande melhora, tanto em saúde, perspectivas de produção mais sustentável, sem utilizar agrotóxicos e a produção se diversificou; nós produzimos aqui cerca de 25 a 30 variedades de espécies, entre hortaliças e frutíferas que são vendidas na feira agroecológica de Anápolis.

Também o agricultor fornece, semanalmente, entre 10 a 12 caixas de cenoura, couve, mandioca, banana e mamão para ao Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, onde o Governo Federal transfere recursos para a aquisição de gêneros alimentícios destinados à merenda escolar das escolas municipais e estaduais do país.

Para controlar possíveis pragas e doenças na produção agroecológica a família do senhor Paulo utiliza uma solução de alho com pimenta produzido por ele próprio; além disto, o processo de adubação é feito também na propriedade, por compostagem de esterco bovino com cana de milho, crotalária, yorin e calcário.

Na parte da tarde a visita técnica foi realizada na Escola Agrícola de Anápolis, uma área de 22,5 hectares, localizada próxima ao aeroporto de cargas de Anápolis. A escola dispõe de unidade de beneficiamento e tecnologia agroecológica; produz também arroz, milho e possui uma estrutura de viveiro e galpões além de realizar trabalhos sociais junto aos jovens,  em conjunto com a prefeitura municipal de Anápolis.

 "Eu costumo dizer que nesta área de orgânicos e agroecologia existem muitos simpatizantes, mas para aqueles que realmente abraçam a causa, como a gente presenciou aqui, os benefícios chegam muito rápidos, tanto social - toda a família se beneficia em qualidade de vida; também do lado ambiental - se respeita todo o meio ambiente, com a adubação natural, com a rotação de culturas e diversificação de cultivos, além da ausência de agrotóxicos; do lado econômicos - quando se produz neste sistemas as plantas, frutas e hortaliças ganham mais vigor e nutrientes e alimentos ficam com mais sabor e cheiro. Isto faz com que os consumidores procurem cada vez mais estes alimentos", esclarece o presidente da Aproar, Domingos José Pereira.