Os impactos das mudanças climáticas na produção vegetal, caso não se busque soluções de manejo e adaptação, podem atingir mais de 90% de redução na produção de milho safrinha e 80% na produção de soja. Esta é a conclusão de um estudo publicado no livro "Modelagem Climática e Vulnerabilidades Setoriais à Mudança do Clima no Brasil" que avaliou o impacto e as vulnerabilidades da agricultura brasileira, considerando uma forte tendência de aumento de ocorrência de dias com temperaturas superiores a 34°C nos próximos anos. No capítulo "Impactos e vulnerabilidades da agricultura brasileira às mudanças climáticas" são abordados os principais riscos para as culturas de arroz, feijão, soja, milho, milho safrinha e trigo se a temperatura continue a subir nas atuais taxas de 0,3°C por década. Essas projeções foram elaboradas a partir do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e utilizando simulações dos modelos mais recentes referentes aos cenários das mudanças climáticas até o ano de 2100. Além disso, foi feita uma caracterização dos eventos extremos que estão ocorrendo com maior frequência nos últimos anos, como as chuvas intensas no País que provocam erosão nos solos, perdas de fertilizantes e diminuição da produtividade das culturas. Os possíveis impactos desses eventos são abortamento de flores de café e feijão, morte em frangos e redução da produção de leite. Uma das soluções apontadas na produção vegetal é o desenvolvimento de cultivares tolerantes à seca e ao déficit hídrico e, no caso dos animais, deve-se ampliar estudos de ambiência. O trabalho é assinado por autores da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Os autores Eduardo Delgado Assad, Aryeverton Fortes de Oliveira, Alan Massaru Nakai, Eduardo Pavão, Giampaolo Pellegrino e José Eduardo Monteiro compõem a equipe técnica da sub-rede Agricultura da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais, a Rede Clima. A missão dessa rede é gerar e disseminar conhecimentos para que o Brasil possa responder aos desafios representados pela mudança climática global. O livro com 590 páginas foi lançado em junho pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), como resultado de estudos elaborados por pesquisadores da Rede Clima, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas aos Desastres Naturais (Cemaden). Trata-se de uma coletânea das pesquisas que subsidiaram discussões da Terceira Comunicação Nacional do Brasil à Convenção do Clima (TCN) apresentada na Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima, mais conhecida como Convenção do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). Em dez capítulos, são avaliados os principais impactos setoriais de cenários de emissão de gases de efeito estufa. Além da agricultura, foram analisadas as vulnerabilidades dos biomas brasileiros e dos setores de recursos hídricos, energias renováveis, saúde e produção brasileira de biodiesel. Outros estudos relativos aos impactos e medidas de adaptação em cidades, regiões metropolitanas e estados do Brasil apontam como as mudanças vão afetar as regiões, dos pontos de vista físico, econômico e social, especialmente nos municípios do Rio de Janeiro. Baixe o livro completo aqui.