Criação de abelhas sem ferrão será apresentada pela Embrapa na Agrishow 2013
Criação de abelhas sem ferrão será apresentada pela Embrapa na Agrishow 2013
A Embrapa estará na 20ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação - Agrishow, de 29 de abril a 3 de maio de 2013, em Ribeirão Preto, SP. No ano de comemoração de seus 40 anos, participa com 15 Unidades e 80 tecnologias para o produtor rural, seja ele agricultor familiar ou grande empresário.
Nesse sentido, a empresa vem mantendo sua tradição e compromisso com a sociedade de desenvolver e apresentar opções tecnológicas diversificadas ao homem do campo", destaca Ladislau Skorupa, Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP).
Para o agricultor familiar está reservado um espaço especial na área de campo na tenda Espaço Agricultura Familiar, com diversas tecnologias voltadas para o pequeno produtor. Entre essas tecnologias, o visitante poderá conhecer um pouco mais sobre a criação de abelhas sem ferrão.
"As abelhas sem ferrão (ASF) são abelhas sociais nativas do Brasil assim conhecidas por apresentarem um ferrão atrofiado não utilizado para defesa. Das mais de 250 espécies existentes em nosso país, diversas podem ser criadas racionalmente tanto para a produção e comercialização de mel, pólen e própolis quanto para a produção e comercialização de colônias, sendo uma fonte alternativa importante de geração de renda complementar para o agricultor familiar", explica o pesquisador Ricardo de Camargo da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP).
"Apesar de serem necessários ainda a realização de vários estudos, o potencial das ASF como polinizadores efetivos já está bem estabelecido. Sendo assim, estima-se que logo os meliponicultores (criadores de ASF) poderão também ter mais uma fonte importante de renda a partir do aluguel de suas colônias para polinização dirigida em diversos cultivos e culturas. Esse tipo de mercado gera milhões de dólares no mundo utilizando outras abelhas (abelhas com ferrão e solitárias) em diversos países europeus, como também nos EUA. e países da Ásia, como o Japão", diz Camargo.
Ainda de acordo com ele, "na Meliponicultura, como é conhecida esse tipo de criação racional, não há necessidade do uso de equipamentos de proteção (fumigador e vestimenta apícola) como no caso da apicultura, o que favorece em muito o manejo das colônias e como essas abelhas não ferroam, a instalação do meliponário (local de instalação das colônias) pode ocorrer próximos as moradias e locais de criação de outros animais, inclusive em ambientes urbanos. Além disso, o mel das abelhas sem ferrão (jataí, tubuna, mirim, mandaçaia, jandaíra, uruçu) é muito saboroso e tem propriedades medicinais e, embora produzido em pequena quantidade (1 a 5 litros/colmeia/ano), é comercializado com um preço superior ao da abelha africanizada".
O pesquisador ressalta que a criação de abelhas sem ferrão por agricultores familiares pode ser também utilizada para a polinização de diversas culturas visando a melhoria na produtividade. Além disso, pela ausência de risco e facilidade de manejo, essa atividade pode envolver mulheres e jovens e contribuir para o fortalecimento do sistema familiar de produção agrícola, com a fixação dos jovens no meio rural.
Para se ter uma ideia da importância das abelhas para a agricultura, segundo estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, 2004) estima-se que 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo são polinizadas por estes insetos.
Conforme o pesquisador, "no Brasil, há um consenso na pesquisa científica que, apesar dos avanços tecnológicos, a produtividade das culturas agrícolas, incluindo-se aquelas sob sistema orgânico de produção, está aquém de seu potencial produtivo devido a um déficit na polinização. Esse déficit pode ser ocasionado por práticas não amigáveis às abelhas, como o uso intensivo e muitas vezes de forma indiscriminada de agroquímicos, a ausência de vegetação natural nas proximidades das áreas cultivadas e sistemas de mono cultivos em grande extensões de áreas que não privilegiam a manutenção da biodiversidade dessas áreas".
Enquanto no mundo estima-se que existam mais de 20.000 espécies de abelhas, o Brasil, devido as suas proporções continentais e riqueza de ecossistemas, abriga cerca de ¼ destas espécies (cerca de 5.000).
"Contudo, explica a pesquisadora Kátia Braga da Embrapa Meio Ambiente, a abelha mais conhecida entre os brasileiros é a abelha de mel ou africanizada (Apis mellifera) que não é uma espécie nativa do nosso país. As nossas abelhas sociais, produtoras de mel, são as abelhas sem ferrão que, apesar da diversidade de espécies são praticamente desconhecidas pela população em geral, mesmo considerando que muitas delas fazem seus ninhos em muros, paredes e árvores nas áreas urbanas e rurais".
"Se as abelhas são os principais polinizadores das plantas cultivadas, como estima o estudo da FAO, precisamos conhecer as abelhas sem ferrão assim como as outras espécies nativas do Brasil (sociais e solitárias), aprender a conservá-las nos ambientes naturais e manejá-las para a polinização agrícola. Dessa forma, podemos contribuir para uma maior produtividade dos frutos e sementes que utilizamos em nossa alimentação e dos animais domésticos e, também, de sementes para o plantio e cultivo de diversas espécies", enfatiza Kátia.
Como exemplo do papel das abelhas solitárias na polinização agrícola, Kátia cita um estudo realizado em 2011 no semiárido brasileiro com a cultura da acerola irrigada. Essa cultura, que é polinizada por um grupo de abelhas que coletam óleos florais (gênero Centris), apresentou falha na polinização no período da seca, produzindo uma quantidade muito menor de frutos que aquela obtida pela polinização manual (realizada pelo ser humano) neste período, devido à baixa abundância destas abelhas, fato que não ocorreu no período das chuvas.
Além disso, a pesquisadora lembra que a polinização realizada pelas abelhas em ambientes naturais garante a conservação da diversidade de plantas e animais silvestres pois contribui com a reprodução das espécies vegetais que por sua vez abrigam e sustentam a fauna local.
Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente
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