Investir em tecnologia de produção é sempre primordial para garantir a competitividade do agronegócio de qualquer plantio, inclusive de hortaliças. Contudo, muitas vezes o zelo que o agricultor tem antes e durante o plantio não se repete depois que o produto já foi colhido e, com isso, tem-se uma grande perda pós-colheita, que prejudica os lucros do produtor e contribui para o desperdício de alimentos. Este ano, a preocupação com os altos índices de alimentos desperdiçados foi tema da campanha do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) para o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado no último dia 05: "Pensar, comer e conservar. Diga não ao desperdício". Na Embrapa Hortaliças, a pesquisadora Milza Moreira desenvolve um projeto de pesquisa e transferência de tecnologia que visa justamente conscientizar os técnicos e agricultores sobre os cuidados na pós-colheita para, assim, minimizar o desperdício de hortaliças. O estudo tem o objetivo de transferir para agricultores e varejistas conhecimentos e tecnologias relacionados à redução das perdas na pós-colheita de hortaliças, sempre com o cuidado de manter a qualidade do produto. "O volume de perda de alimentos é muito grande no mundo inteiro, tanto em países pobres quanto em países ricos", salienta Milza. Produzir alimentos é uma atividade que, se mal manejada, degrada muito o meio ambiente, visto que insumos, como terra e água – itens cada vez mais escassos no planeta –, são explorados nem sempre com consciência pelos agricultores. Sem falar que toda comida que vai parar no lixo acaba por deteriorar o meio ambiente, já que produz metano – gás de efeito estufa. "Uma maneira de se ter mais alimentos sem aumentar a produção é evitar as perdas. Quanto menor o desperdício de alimentos, menor a pressão para se produzir mais. Se eu consumo dez e desperdiço cinco, é preciso produzir quinze. Se eu preciso de dez e perco somente um, vou ter que produzir apenas onze", exemplifica a pesquisadora. Nenhuma fase da cadeia produtiva de alimentos está livre do desperdício, que ocorre desde a propriedade rural, passa pelo mercado atacadista/varejista e vai até a casa do consumidor. Para ajudar o meio ambiente, além de plantar árvores, não usar sacolinha plástica e usar transporte público, é preciso também reduzir o desperdício de comida dentro de sua própria casa. De acordo com Milza, a melhor maneira de fazer isso é planejar as compras e adquirir somente os produtos necessários para uma semana. "Você pode também aprender diferentes maneiras de preparar o mesmo alimento", pontua. Ela ainda orienta a não descartar uma cenoura ou batata porque estão tortas, uma vez que isso são características puramente estéticas. Os produtos não precisam ter uma aparência perfeita porque pequenas imperfeições não comprometem o valor nutritivo do alimento. "Comida é uma coisa muito séria para ser jogada fora", acrescenta. Outras dicas sobre o assunto podem ser encontradas no site Hortaliças na Web: http://www.cnph.embrapa.br/hortalicasnaweb/index.html. "Reduzir o desperdício de alimento em casa, do ponto de vista ambiental, é tão importante quanto andar de bicicleta e não usar sacolinha plástica", conclui. Paula Rodrigues (MTB 61.403/SP) Colaboração: Amanda Costa Embrapa Hortaliças (61) 3385-9109 / paula.rodrigues@embrapa.br