Embrapa treina instrutores para educar aplicadores de agrotóxicos
Embrapa treina instrutores para educar aplicadores de agrotóxicos
Em uma parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), Campinas, SP, a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) ofereceu de 25 a 28 de julho de 2016 em suas instalações, a Capacitação de Instrutores para Treinamento de Aplicadores de Agrotóxicos – NR 31 (Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE). Participaram cerca de 50 técnicos das diversas EDR (Escritório de Desenvolvimento Rural) do Estado de São Paulo, além de empregados da Embrapa.
A abertura, realizada na tarde do dia 25, contou com a presença do chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi e do coordenador da Cati, José Carlos Rossetti. Na oportunidade, a chefe adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Maria Isabel Penteado apresentou a programação e o objetivo do curso, que é "preparar técnicos da Cati e da Embrapa para que possam atuar como instrutores nas capacitações de trabalhadores e produtores rurais, aplicadores de produtos com potencial de risco de intoxicações".
Na sequência houve a palestra sobre Conceitos de ensino e aprendizagem – educação de adultos ministrada pela psicóloga e pedagoga Carolina dos Santos Espíndola. Os temas tratados foram Educação escolarizada na infância e na idade adulta; O preconceito linguístico; e Características do comportamento verbal. Carolina discorreu sobre comunicação e linguagem, e como isso se processa no cérebro humano. Deu dicas importantes para uma comunicação eficaz e falou também sobre preconceitos da linguagem. Para ela, "deve-se respeitar a variedade linguística de toda e qualquer pessoa, pois isso equivale a respeitar a integridade física e espiritual desta pessoa, porque a língua permeia tudo e ela nos constitui como seres humanos."
O analista e técnico de segurança do trabalho da Embrapa Meio Ambiente, André Bueno palestrou na terça-feira, 26, sobre a NR 31 e suas aplicações. Além disso, falou também sobre o uso correto de EPIs (equipamentos de proteção individual) e a legislação sobre o assunto, bem como a correta higienização destes equipamentos. À tarde ele continuou com palestra sobre primeiros socorros, culminando com uma simulação de atendimento emergencial quando há uma intoxicação por defensivos.
Ainda pela manhã, a coordenadora de registros da BRA Defensivos Agrícolas, Célia M. D. Correa falou sobre as legislações pertinentes a agrotóxicos, bem como sua classificação toxicológica e interpretação de rótulos, além da destinação final de embalagens. Segundo ela, o manejo químico é um dos meios mais utilizados no controle de pragas por sua eficiência e simplicidade. "Sem agrotóxicos a produção sofreria uma redução de 50% e teríamos que dobrar a área cultivada, com incorporação de áreas de florestas". Ela repassou aos participantes dados do Ibama e da Anvisa, quanto à proteção da saúde humana e do meio ambiente, respectivamente. Discorreu também sobre a Legislação Federal de Agrotóxicos no Brasil e finalizou com apresentação sobre o descarte correto de embalagens de agrotóxicos.
Na quarta-feira, 27, os agrônomos da Embrapa Luiz Guilherme R. Wadt (analista) e Aldemir Chaim (pesquisador) palestraram sobre a Aplicação de agrotóxicos: conceitos gerais, cuidados e formas de aplicação e Pulverização eletrostática e suas possibilidades, respectivamente na parte da manhã. À tarde eles continuaram falando sobre a Regulagem de equipamentos, atingimento de alvos, cuidados e formas de medição e terminaram com parte prática (externa) sobre Aplicação de agrotóxicos. Houve um grande interesse dos participantes com grande quantidade de perguntas e elucidações pelos palestrantes.
Chaim explica que desde a criação do Laboratório de Tecnologia de Aplicação (LTA) em 1984, Embrapa Meio Ambiente tem realizado treinamentos em tecnologia de aplicação de agrotóxicos para produtores rurais e técnicos da assistência técnica rural. O material apresentado nos cursos realizados durante vários anos e em vários estados brasileiros se transformou em um livro, o Manual de Tecnologia de Aplicação, publicado em 2009. "Recentemente lançadas no mercado, as tecnologias eletrostáticas desenvolvidas pela Embrapa Meio Ambiente têm despertado enorme interesse de produtores e extensionistas. Devido a esta forte demanda de informações, este tema foi apresentado de maneira teórica e prática neste Curso de Capacitação", salienta ele.
No dia 28 foram abordados os temas Defesa sanitária e legislação pertinente e Uso correto e seguro dos produtos fitossanitários, além da Aquisição, transporte e armazenamento de agrotóxicos, e legislações pertinentes, pelo engenheiro agrônomo Fábio Kagi da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).
Kagi falou também sobre a questão dos Aplicadores de agrotóxicos no contexto da NR 31 e da legislação sobre agrotóxicos, além de abordar o Receituário agronômico e orientação agronômica. Continuou sua aula à tarde, falando sobre Educação sanitária, Problemas que acarretam na saúde do trabalhador, além dos Hábitos de higiene do aplicador.
O engenheiro agrônomo Agnaldo José de Oliveira da EDR do município de Registro, interior de SP, que também é produtor de banana, participou do treinamento realizado pela primeira vez em uma Unidade de Pesquisa da Embrapa. Ele enfatizou a importância de treinamentos deste tipo e avalia como positiva a oferta. Salientou também que a parceria entre a Embrapa Meio Ambiente e a Cati está sendo muito produtiva na questão da transferência de tecnologia para os produtores.
Oliveira afirmou ainda que esta parceria poderia avançar muito mais se fossem criados canais para que a Embrapa possa ouvir mais sistematicamente os extensionistas e, no caminho inverso, realizasse pesquisas de acordo com o que o produtor realmente necessita. "Nós vamos ao campo diariamente e sabemos o que o produtor rural precisa. Eles também nos visitam todos os dias. Neste sentido, repassaríamos à Embrapa esta demanda, e a empresa realizaria a pesquisa necessária", propõe ele. Para Oliveira, esta ação se transformaria numa transferência de tecnologia mais dirigida para um público específico.
O analista e agrônomo da Embrapa Meio Ambiente Luiz Guilherme Wadt enfatiza que a parceria com os órgãos de extensão rural (no caso a Cati no Estado de São Paulo), "é o caminho mais efetivo para atingirmos uma das principais metas da transferência de tecnologia da Embrapa, que é o de capacitar multiplicadores na difusão de conhecimentos e técnicas desenvolvidas pela pesquisa". Ele considerou o evento um grande sucesso.
Wadt salienta que o curso é um tipo de treinamento que pode ser oferecido para diversos órgãos de extensão rural, ONGs, Cooperativas, Associações de Produtores, enfim "grupos de multiplicadores nos mais diversos setores da agricultura ou da pecuária, que trabalhem com pulverizações e com o manejo de agrotóxicos".
Ele informou que as avaliações do ganho de conhecimentos a respeito dos temas tratados foram feitas pelo uso de pré e pós testes (Método SOMA), aplicados a todos os treinandos. Os resultados já estão sendo contabilizados e farão parte do relatório final sobre a atividade, a ser elaborado em conjunto pela Embrapa e pelo Centro de Treinamento da Cati.
O que é NR 31
A Norma estabelece requisitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a garantir que as atividades rurais sejam desenvolvidas e planejadas de forma compatível com a segurança e saúde do trabalho.
A NR 31 aplica-se às atividades da agricultura, pecuária, exploração florestal e aquicultura, bem como às atividades de exploração industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários, ou seja, a Norma aplica-se a toda relação de trabalho regida pela Lei 5.889/73.
Eliana Lima (MTb 22.047/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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