09/08/13 |

Avança a cooperação em controle biológico de pragas entre Brasil e Cuba

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Luiz A. Feitosa

Luiz A. Feitosa - Adulto do percevejo bronzeado.

Adulto do percevejo bronzeado.

A agrônoma Elina Massó Villalón e a bióloga María Elena Márquez Gutiérrez, ambas do Instituto de Investigaciones de Sanidad Vegetal, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura de Cuba, estão visitando a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) no período de 29 de julho a 13 de agosto, com o objetivo de realizar ações técnicas e estreitar a cooperação de mais de 10 anos entre as duas instituições.

No dia 2 de agosto elas ministraram palestras no seminário "Cooperação Brasil-Cuba em Controle Biológico: contexto atual e desenvolvimentos alcançados nos 10 anos de cooperação", sob a coordenação dos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente Deise Maria Fontana Capalbo e Luiz Alexandre Nogueira de Sá.

O evento teve o objetivo de contextualizar as ações de cooperação Brasil-Cuba nas quais a Embrapa Meio Ambiente teve papel de coordenação e de colaboração, além de divulgar os trabalhos realizados em Cuba, e como a cooperação auxiliou nesses avanços e também discutir as possibilidades e interesses de futuras cooperações. Segundo Deise, após cerca de 10 anos de efetiva cooperação entre a Embrapa Meio Ambiente e os institutos de pesquisa cubanos, a visita das duas pesquisadoras cubanas é o marco do encerramento das atividades desta cooperação vigente. "Trata-se de oportunidade para conhecer melhor as atividades já realizadas, os avanços logrados e especialmente discutir possibilidades de futuras cooperações", diz.

No seminário María Elena discorreu sobre o intercâmbio de experiências e desenvolvimento de capacidades técnicas no controle biológico de pragas agrícolas entre Brasil e Cuba e os avanços e perspectivas desta cooperação para o controle fitossanitário nos dois países. Para ela "o intercâmbio técnico-científico é um importante instrumento para o incentivo dos processos de transferência tecnológica", o que já acontece entre os dois países desde 2002, mesmo que informalmente. Inicialmente em 2005 foi proposto o Projeto Red de Sanidade Vegetal Cuba-Brasil, que se encerrou em 2007, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. Neste projeto houve a parceria entre várias Unidades da Embrapa: Meio Ambiente, Mandioca e Fruticultura, Semiárido, Recursos Genéticos e Biotecnologia e o Instituto Biológico (Sorocaba, SP), além da Unesp/Jaboticabal. Em 2008 e 2009 iniciaram-se os contatos para uma nova cooperação por meio da Agência Brasileira de Cooperação – ABC, do Ministério das Relações Exteriores, culminando com a proposta aprovada e implementada em 2010, com continuidade nos anos de 2011, 2012 e 2013. 

No ano corrente o objetivo foi aumentar a segurança alimentar de Cuba por meio do reforço nos recursos humanos envolvidos em ciência e tecnologia na agricultura, e especificamente no desenvolvimento de processos tecnológicos para a produção massiva de micro-organismos e artrópodos (insetos) benéficos, com ênfase no cultivo da soja. "O objetivo geral das pesquisas nesta área sempre foi desenvolver bases técnicas em controle biológico de pragas agrícolas, mediante intercâmbio de experiências e capacitação de especialistas cubanos", explica María Elena. Nesta fase, além das Unidades da Embrapa citadas acima, também participam as Unidades Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) e Soja (Londrina, PR).

Por Cuba participam o Instituto de Investigaciones de Sanidad Vegetal (INISAV), o Centro Nacional de Sanidad Agropecuaria (CENSA) e o Instituto de Fruticultura Tropical (IIFT). De acordo com a pesquisadora, são muitos os benefícios transferidos pelo projeto às instituições executoras. "Além do conhecimento de outras realidades agrícolas, houve um maior intercâmbio científico entre os pesquisadores, e também um incremento da capacidade técnica para a execução de novos projetos, com relação ao aperfeiçoamento dos processos tecnológicos para o controle biológico de pragas agrícolas", enfatiza ela. "As instituições beneficiadas têm adquirido os conhecimentos necessários para a continuidade do projeto. Além disso, a transferência das tecnologias recebidas estão sendo implementadas pelas contrapartes cubanas", completa.

Já a pesquisadora Elina falou sobre a "História do uso e produção de entomófagos em Cuba", além de sua situação atual. Ao contrário do Brasil em Cuba é estimulada a criação de entomófagos (insetos benéficos) pelos próprios agricultores por meio de construções rústicas, denominadas "métodos artesanais", que segundo ela têm tido muito sucesso naquele país, que também possui biofábricas oficiais.

No encerramento do seminário, o pesquisador do Laboratório de Quarentena "Costa Lima", da Embrapa Meio Ambiente Luiz Alexandre Nogueira de Sá enfatizou que os métodos artesanais e o controle biológico por inimigos nativos são estimulados devido ao uso dificultado de produtos químicos em Cuba. "Isso mostra a importância do contexto local na adoção desse tipo de manejo integrado de pragas e seu sucesso", diz ele. Outro aspecto ressaltado foi que "muitas pragas existentes em Cuba também existem no Brasil, e assim, o intercâmbio de bio-agentes de controle pode ser mantido e incrementado", salienta.

Foi também evidenciada a importância do sistema quarentenário oficial brasileiro que intermediou algumas introduções de inimigos naturais, como cepas cubanas da bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis; e isolados das bactérias fitopatogênicas dos gêneros Pectobacterium sp. e Dickeya sp., associadas às doenças  podridão mole e canela preta na cultura da batata. Também há interesse futuro na importação de Cuba do predador Cryptolaemus montroziere para o controle de cochonilhas pragas no Brasil.

María Elena visitará ainda o Instituto Biológico (Campinas, SP) de 7 a 9 de agosto e Elina, além das visitas já feitas a hortos florestais para conhecer e identificar pragas do eucalipto, ficará no Laboratório de Quarentena "Costa Lima" em Jaguariúna e também para verificar as metodologias de criação das pragas florestais psilídeo de concha e percevejo bronzeado, bem como do parasitóide importado do Havaí Fopius arisanus no controle biológico de moscas das frutas. Ambas encerrarão suas atividades no Brasil em 13 de agosto.

 

 

Eliana Lima (MTb 22047/SP)
Embrapa Meio Ambiente

Contatos para a imprensa

Telefone: (19) 3311.2748

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

Encontre mais notícias sobre:

controle-biologicocooperacao