Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia descrevem nova espécie de bactéria
Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia descrevem nova espécie de bactéria
Foto: Agência de Notícias - Embrapa
Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia descrevem nova espécie de bactéria
O trabalho que descreve a nova bactéria Microvirga vignae foi publicado na International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology (IJSEM), na semana passada. O microrganismo é capaz de nodular com feijão-caupi e fixar nitrogênio, podendo aumentar o rendimento de grãos em até 200%, como revelaram experimentos de campo. A publicação do estudo nesta revista seguiu regras internacionais, já que este é um dos veículos oficiais para registro de novos gêneros e espécies de microrganismos.
Para o pesquisador Jerri Zilli, que integra a equipe que realizou o estudo, do ponto de vista prático, a descrição da bactéria é importante porque abre a possibilidade de produção de um novo inoculante altamente rentável para feijão-caupi, também conhecido como feijão-de-corda. De acordo com a legislação brasileira, para se produzir um inoculante é preciso, entre outras etapas, identificar e descrever a bactéria utilizada.
Zilli acrescenta ainda que o estudo contribui para dar mais visibilidade às coleções de germoplasma da Embrapa. "A partir do momento em que uma coleção de microrganismos como a nossa consegue ter a capacidade técnica de descrever novas espécies, passa a chamar atenção do meio científico, não só no Brasil, mas mundialmente", enfatiza. Apesar da Embrapa Agrobiologia ter tradição na descrição de novas espécies de bactérias, normalmente esse trabalho dependia de parcerias internacionais. Dessa vez, o estudo envolveu apenas a equipe da Embrapa. "Isso demonstra que temos capacidade para explorar mais a nossa biodiversidade por conta própria", complementa o pesquisador.
Pesquisa básica e pesquisa aplicada lado a lado
Desde o início, o objetivo do estudo foi avaliar o potencial de novos inoculantes para feijão-caupi. Neste sentido, os pesquisadores vinham trabalhando em testes de campo com diversas bactérias identificadas desde a década de 90 e que integram o banco de germoplasma da Embrapa Agrobiologia.
O pesquisador Gustavo Xavier explica que, ao longo dos trabalhos, foi possível perceber que se tratava de uma nova espécie de bactéria e que seria necessário descreve-la cientificamente. Para Xavier, esse estudo deixa claro que não existe dicotomia entre pesquisa básica e aplicada. O pesquisador conta que enquanto uma equipe realizava os testes de campo, outra trabalhava na descrição do microrganismo nos laboratórios. "A importância desse trabalho tem implicações para a Embrapa que se traduzem em novos fundamentos no avanço do conhecimento e sobretudo em ativos de inovação para o Portfólio de FBN (Fixação Biológica de Nitrogênio)", disse.
A descrição foi uma etapa importantíssima para se conhecer a bactéria, mas os estudos não param. Os pesquisadores querem saber um pouco mais sobre a interação do microrganismo com a planta de feijão-caupi. Segundo o pesquisador José Ivo Baldani, foi realizado recentemente o sequenciamento do genoma dessa estirpe em parceria com a UFPR (Universidade Federal do Paraná). Esse estudo deverá fornecer informações importantes que poderão impactar no avanço de conhecimento sobre a própria bactéria e sua simbiose com a planta hospedeira. "Informações adicionais valiosas devem ser geradas, pois normalmente cerca de 40% dos genes possuem funções desconhecidas", acrescenta Baldani.
As informações sobre a nova espécie Microvirga vignae ficarão disponíveis para outros pesquisadores. Mas o repasse da bactéria para novas pesquisas está condicionado a autorização prévia da Embrapa e outros órgão federais como IBAMA e CGEN (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético). A cepa tipo BR3299 está depositada em uma coleção de culturas de bactérias fixadoras de nitrogênio, da Embrapa Agrobiologia.
Centro de Recursos Biológicos Johanna Döbereiner
A Embrapa Agrobiologia possui atualmente quatro coleções de microrganismos: Coleção de Bactérias Diazotróficas Associativas e Endofíticas-CCBDA, Coleção de Bactérias Diazotróficas Simbióticas-CCBDS, Coleção de Fungos Micorrízicos-COFMA e Coleção de Microrganismos Benéficos aos Vegetais-CCMBV. Essas coleções integram o CRB Johanna Döbereiner, que faz parte do CRB-Agronegócios que vem sendo estruturado pela Embrapa. De acordo com o pesquisador José Ivo Baldani, curador do CRB Johanna Döbereiner, novas espécies deverão surgir com a modernização das coleções. A proposta é realizar a caracterização taxonômica de cerca de 2000 estirpes.
Texto:
Ana Lucia Ferreira (MTB 16913/RJ)
Núcleo de Comunicação Organizacional
Embrapa Agrobiologia
Ana Lucia Ferreira (MTB 16913/RJ)
Embrapa Agrobiologia
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