16/09/16 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Produção animal  Transferência de Tecnologia

20 Anos de Sispel é marcado pelo acesso ao conhecimento e genética da Embrapa

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta - Vitrine de Forrageiras apresentou alternativas para a realização do planejamento forrageiro, uma etapa necessária e importante quando se busca qualidade e incremento na produção leiteira. Segundo os pesquisadores

Vitrine de Forrageiras apresentou alternativas para a realização do planejamento forrageiro, uma etapa necessária e importante quando se busca qualidade e incremento na produção leiteira. Segundo os pesquisadores "leite é obtenção", por isso o destaque à nutrição animal e boas práticas agropecuárias..

 
Um dia de orgulho para a pesquisa. Mais de 400 interessados no desenvolvimento da atividade leiteira entre produtores, técnicos, estudantes, professores e profissionais buscaram conhecimento para melhorar sua eficiência e eficácia na produção da qualidade do leite,  que chega ao consumidor todos os dias, através da realização do Dia de Campo do Leite nesta quinta-feira (15/09), nas dependências da Estação Experimental Terras Baixas (ETB) da Embrapa Clima Temperado (Pelotas,RS).  Ao facilitar o acesso à informação técnica, a equipe de pesquisa em leite comemorou os 20 anos do Sistema de Desenvolvimento em Pesquisa em Pecuária Leiteira (Sispel), durante o dia, incluindo atividades que relembraram a construção de um trabalho, um projeto e um sonho coletivo.
 
A atividade teve início com o Dia de Campo do Leite, formatado em cinco estações simultâneas, percorrendo os campos experimentais da ETB, com o objetivo de incrementar a produção de teores sólidos do leite. Os teores elevados  de sólidos na composição são garantia de maior rentabilidade para o produtor e maior rendimento para indústria. Toda a porção de leite possui 88,6% de água e, no mínimo, 11,4% de sólidos totais, os quais são os responsáveis pela elaboração de todos os produtos lácteos disponíveis no mercado. A qualidade do leite está diretamente ligada a quantidade encontrada de sólidos no produto.
 
O Dia de Campo foi voltado ao público interessado em conhecer tecnologias possíveis para que se tenha um nível de teores de sólidos elevados no leite, as questões genéticas e nutricionais e as boas práticas agropecuárias para obtenção de teores exigidos pelos parâmetros legais de comercialização do leite. "Isso traz uma bonificação melhor pelo preço do leite ao produtor, assim como, para toda a cadeia produtiva,  melhorando o rendimento dos derivados e a qualidade do produto final para o consumidor", analisou a pesquisadora Maira Zanela. 
 
Um giro pelas estações
 
As cinco estações deram conta de abordar um conjunto de fatores que merecem cuidado pelo produtor para se chegar a um produto de melhor qualidade e rendimento.
 
A primeira estação sobre Manejo de pastagens, do Solo e do Pastejo  foi apresentada pelos pesquisadores Jamir Silva e Fernanda Bortolini.  Jamir chamou a atenção que ao escolher o tipo de pastagem adequada ao solo e ao tipo de clima é preciso saber manejá-la à campo. "Para se ter uma boa produção de leite, o produtor, antes de ser um pecuarista, ele tem que ser agricultor", defendeu o pesquisador. Para ele, o manejo do solo é fundamental. Por isso ao ter um solo com mais matéria orgânica, com atividade microbiológica alta, mais propício será a área para o estabelecimento e conservação das pastagens, utilizando menos adubação, e portanto, diminuindo custos, por exemplo. O pesquisador deu dicas de como o produtor tem que planejar a pastagem para alcance de maior produtividade, como o animal vai receber esse material e como ele irá colhê-lo, dentro das expectativas feitas no seu planejamento. A pesquisadora Fernanda Bortolini falou da importância da boa escolha de leguminosas para cobertura do campo, indicou as vantagens de serem eficientes na adubação verde e deteve-se em falar da produtividade de quatro cultivares de leguminosas de inverno: duas anuais ( BRS Resteveiro e BRS Piquete) para melhorar a composição do sistema de integração lavoura-pecuária; e duas perenes (BRS Posteiro e BRS Entreveiro), indicadas  para sobressemeadura.
 
A segunda estação falou da  Recria de terneiras e novilhas. O destaque para os visitantes, centrou-se na orientação de que esse tipo de sistema de recria de gados Jersey não precisa de grandes investimentos. O analista de transferência de tecnologias  José Faustini falou na necessidade do produtor de leite investir nos alimentos do sistema de recriação, fazendo com que o animal tenha condições necessárias para ganhar peso. Segundo Faustini, o peso ideal para o gado Jersey de 16 meses é de 250kg, para os animais parirem antes do tempo comum, que costuma ser dois anos. Além disso, proporcionou dicas aos participantes do evento, referente à ingestão de feno pelo rebanho. 
 
A terceira estação complementou a primeira. Nela, o público interessado percorreu uma Vitrine de forrageiras com  várias características e benefícios para a melhor opção e escolha do produtor de leite. O analista de transferência de tecnologias Sergio Bender direcionou os participantes a conhecer as alternativas de forrageiras ( mais de 12 cultivares ) ao caminharem literalmente pelas parcelas à campo e a observarem um gráfico com seus resultados de rendimento. O interessante neste espaço foi a abordagem dada às vantagens do produtor fazer o planejamento forrageiro da propriedade. 
 
A quarta estação abordou as Boas Práticas Agropecuárias como garantia de qualidade do leite. O pesquisador Jorge Schafhauser e o analista de transferência de tecnologias Rogério Deretti despertaram o foco dos participantes para a ideia de que a produção e a qualidade do leite são resultados das interações do conjunto de fatores do sistema de produção.  O bem-estar animal está associado diretamente aos resultados, portanto, eles falaram da importância do adequado sombreamento, disponibilização de água, alimento de qualidade, conforto térmico, e inclusive trato humano, como fatores a serem reconsiderados na atividade leiteira. "Leite é obtenção", disse  Deretti.
 
A quinta estação tratou especificamente dos Sólidos no leite. As pesquisadoras Maria Edi Ribeiro e Maira Zanela trouxeram justificativas à importância dos sólidos presentes no leite. A análise dos sólidos é feita a partir de uma amostra do leite do rebanho, ou dos animais individualmente, feito pelo controle leiteiro. A amostra é coletada em um recipiente apropriado para a análise, que contém conservante, e enviado para o Lableite da Embrapa Clima Temperado ou outro laboratório brasileiro de análise do leite. A pesquisadora Maira também explicou sobre o teor de sólidos do leite, que depende da raça dos rebanhos e das características dos animais. "Por exemplo, o leite de vaca Jersey é mais concentrado, produzindo mais proteínas e gorduras, diferentemente de outras raças. Além disso, a nutrição do animal é fundamental para essa obtenção", analisou Maira Zanela.
 
Atos celebrativos
 
Durante o almoço, com todo o público visitante, preparado para festejar a consolidação dos 20 anos do Sispel, projeto construído inicialmente pelos pesquisadores Darcy Bittencourt, Maria Edi Ribeiro e Waldyr Stumpf Jr. , foi feito o lançamento do livro Tecnologias para Sistemas de Produção de Leite, tendo como editores Jorge Schafhauser Jr, Lígia Pegoraro e Maira Zanela.
 
O primeiro exemplar foi entregue oficialmente às mãos do Diretor-Executivo de Transferência de Tecnologias da Embrapa, Waldyr Stumpf Jr. O livro foi editado pela Embrapa Informação Tecnológica, de Brasília/DF, possui 437 páginas, com 11 capítulos, contendo gráficos, esquemas e tabelas técnicas escritos por 38 autores. A obra está à venda na Livraria Virtual da Embrapa. Acesse www.embrapa.br/livraria para obter mais informações.
 
O momento foi seguido pelas homenagens a pessoas e instituições que fizeram a diferença nos 20 anos do Sispel. Com a entrega de placas comemorativas foram homenageados a empregada aposentada Heluiza Buss, o empregado e ordenhador do Sispel, Rogério Afonso, o pesquisador Darcy Bittencourt, o líder e gestor do Sispel, o pesquisador e Diretor, Waldyr Stumpf Jr., a produtora de leite, Lia Almeida, a extensionista da Emater/RS, Mara Saalfeddt, à Cosulati, através do diretor Raul Amaral, à Associação de Criadores de Gado Jersey, através do presidente Cláudio Martins. 
 
O evento foi encerrado com as falas do chefe-geral da Unidade de pesquisas, Clenio Pillon e Waldyr Stumpf Jr.  Pillon ressaltou a presença de uma estrutura pública como o Sispel, uma das poucas focadas na pesquia e desenvolvimento da cadeia do leite no país sendo pública e aberta a todos. "Quem irá construí-la nos próximos anos será o controle social. E enquanto cidadãos, todos nós, devemos fazer o controle sob as estruturas públicas para que sejam mais efetivas e eficientes e continuem dando a resposta que a sociedade merece", provocou a Chefia Geral.
 
Já o Diretor Waldyr lembrou de toda a história e construção do Sispel, de pessoas que passaram pela construção diária desse Sistema. " Cheguei ao Sispel hoje e fui verificar o número da última terneira nascida: 494. Isso indica que desde que criamos o Sistema, que foi um sonho, hoje temos 494 fêmeas nascidas e mais 500 machos. Tudo isso indica que temos uma genética de ponta da Embrapa, que está espraiada em todo o Estado do RS, via sêmem,  através de programas junto ao Governo Federal e Estadual ao permitir a democratização de genética de qualidade", defendeu com orgulho e emoção Waldyr Stumpf Jr.
 
Leilão de animais da Embrapa
 
Pela primeira vez, a Embrapa realizou em suas dependências um leilão de animais. Após a atuação de 20 anos do Sispel, a Empresa sentiu a necessidade de aproximar ainda mais o público interessado no crescimento da cadeia produtiva do leite de sua genética de qualidade. "Nossa intenção neste primeiro evento foi de democratizar a genética, ficando em segundo plano a arrecadação de recursos", explicou o Chefe de Administração, José Dias Vianna Filho. Todos os 35 lotes foram negociados, mas os resultados finais de comercialização ainda serão fechados ao longo da semana junto ao escritório de leilões. 
 
Os animais em pista, apresentados com alta performance, tiveram uma avaliação comentada de suas características morfológicas e de produção pelo agronômo Carlos Alberto Petiz. 
 
Durante o evento, a Chefia Geral da Unidade de pesquisas confirmou que o Leilão da Genética Jersey da Embrapa será realizado de dois em dois anos.
 

Cristiane Betemps com colaboração de Letícia Eloi Pinto (MTb 7418-RS)
Embrapa Clima Temperado

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