A influência das mudanças climáticas no rendimento do milho e do sorgo foi discutida durante o segundo dia do 31° Congresso Nacional de Milho e Sorgo, evento que acontece em Bento Gonçalves-RS até a próxima quinta-feira, 29. "Os principais impactos são vistos na fenologia das plantas, além do deslocamento do calendário de cultivos e ciclos e migração de algumas espécies para maiores altitudes e latitudes", antecipou o pesquisador Homero Bergamaschi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, se referindo às alterações evidentes que já vêm ocorrendo, como o aumento das temperaturas mínimas noturnas. Essa elevação das temperaturas noturnas, segundo o pesquisador, aumentará também as perdas por respiração das plantas, reduzindo, consequentemente, o potencial produtivo. Outras certezas apontadas em relação ao clima foram a redução da precipitação em regiões tropicais e o aumento da ocorrência de eventos extremos. Diante desse cenário, o pesquisador apontou as estratégias de adaptação que deverão ser adotadas em dois campos, tanto na área de melhoramento de plantas quanto na de manejo das culturas. Sobre o primeiro aspecto, Bergamaschi apresentou as características desejáveis em novas cultivares, como tolerância à seca e às temperaturas elevadas; o menor gasto metabólico em altas temperaturas; estabilidade sob condições de estresse; e eficiência no uso de radiação solar e água. No campo do manejo, o pesquisador mostrou a necessidade de sistemas de irrigação mais eficientes, além da adoção de sistemas conservacionistas, o escalonamento de épocas de cultivo, com rotação e sucessão de culturas, a adequação do manejo de cultivos múltiplos e consorciados e adequações também no manejo de pragas, doenças e plantas daninhas. Prospecções para climas futuros A incerteza em relação ao clima futuro e seus impactos no desenvolvimento do milho e do sorgo levou o pesquisador Luís Sangoi, da Universidade do Estado de Santa Catarina, a prever situações em ambientes sem estresses e afetados pelas mudanças. "Em um cenário de déficit hídrico, o sorgo se sobressairia já que apresenta mais mecanismos de adaptação se comparado ao milho, como escape e maior tolerância à desidratação", disse. "Em uma segunda possibilidade, de temperaturas mais baixas, esse cereal é mais sensível em todas as fases de desenvolvimento, já que é uma planta de origem africana, e exige temperaturas atmosféricas mais altas para alcançar seu crescimento vegetativo", completou. Em ambientes sem estresse, o pesquisador apontou o diferencial do milho por seu potencial produtivo. No início deste ano foi anunciado o novo recorde mundial de produtividade de milho no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, com 33 toneladas por hectare na categoria plantio direto irrigado. "Já no sorgo a literatura indica o máximo de 12 mil quilos por hectare", disse. Outras vantagens do cereal numa situação como essa são os valores nutricional e comercial e a melhor performance em temperaturas maios baixas. O sorgo ganha quando há deficiência hídrica e temperaturas elevadas, além do seu custo de produção ser menor. Lavras, em Minas Gerais, sediará próximo Congresso Os membros que compõem a ABMS (Associação Brasileira de Milho e Sorgo), entidade que promove o Congresso Nacional de Milho e Sorgo, definiram em assembleia no início da noite desta terça-feira, 27, o local de realização da 32° edição do Congresso Nacional de Milho e Sorgo em 2018. Lavras, cidade localizada no sul de Minas Gerais, sediará o evento, com realização pela Ufla (Universidade Federal de Lavras). Já em 2017, a entidade promoverá o 14° Seminário Nacional de Milho Safrinha em Cuiabá, capital de Mato Grosso. SERVIÇO Evento: 31º Congresso Nacional de Milho e Sorgo Data: 25 a 29 de setembro de 2016 Local: Bento Gonçalves-RS A programação completa do XXXI Congresso Nacional de Milho e Sorgo está disponível no site www.abms.org.br/cnms .