Potencialidades e Produtos do Bioma Pampa foi o tema que abriu a quinta-feira (06), durante as atividades programadas oara o último dia do I Congresso do Bioma Pampa, evento que aconteceu de 3 a 6 de outubro, numa promoção conjunta entre a Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS), Universidade Federal de Pelotas e Fundação Zoobotânica do RS. Na mesa redonda Perspectivas e Necessidades na Visão dos Movimentos Sociais, realizada pela manhã, foram ouvidos alguns representantes dos movimentos, que trouxeram experiências de práticas da valorização dos produtos oriundos do Pampa. Além disso, dialogaram sobre os pontos fortes e fracos enfrentados pelos próprios agricultores quanto às potencialidades de uso e manejo do campo nativo. O coordenador estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores de Encruzilhada do Sul/RS, Leandro Noronha, destacou que é necessário a defesa do território do bioma Pampa e a busca por políticas públicas que incentivem a agrobiodiversidade. Noronha salientou a utilidade de montar uma rede de troca de informações e de luta para melhorar a condição de vida dos moradores da área rural. O debate enfatizou a segurança alimentar, frente à perda da identidade do homem do Pampa, com sugestões de manutenção de um fórum permanente de discussões. Uma das formas de valorização do Bioma Pampa apresentada no evento foi o turismo. A temática foi debatida no painel sobre Turismo ecológico e potencial do Bioma Pampa, nesta quinta-feira (06). O biólogo e fundador do Pedal Curticeira, Leandro Karam, desenvolve um projeto de turismo agroecológico, por meio do cicloturismo de modo que é possível que as pessoas conheçam o bioma Pampa e entendam os processos naturais do meio ambiente. "Além de uma oportunidade, uma necessidade. O turismo e o esporte, hoje em dia, fazem com que a gente sinta falta deste contato com a natureza, devido a rotina mais urbana. O turismo rural auxilia em uma reflexão sobre o impacto do homem na natureza", afirma Karam. A Rota dos Butiazais também foi assunto destaque no Congresso. O pesquisador Enio Sosinski apresentou a estratégia de conservação in situ do butiá, espécie ameaçada, que por meio do projeto desenvolvido pela Embrapa Clima Temperado, tem buscado no turismo uma forma de valorização dos locais onde se estabelece uma rota dos atrativos naturais e culturais, proporcionados por essa espécie vegetal. À tarde foram trazidas informações sobre os meios legais da possibilidade de pagamento dos serviços ambientais, sendo essa uma das ferramentas possíveis para a valorização dos agricultores que promovem a conservação do bioma, mas com poucos exemplos estabelecidos no Rio Grande do Sul. Foi demonstrada, também a importância de obter subsídios por parte dos técnicos ao poder judiciário para a tomada de decisões, por exemplo, o decreto estadual que trata do Cadastro Ambiental Rural (CAR), o qual apresentava alguns conceitos errôneos que implicariam a conservação do bioma. Desta forma, com o auxílio de técnicos e pesquisadores a liminar foi concedida pela Justiça contra o mesmo. No fim da tarde, foi realizado um debate com encaminhamentos como a continuidade de ações de discussão e manutenção do contato entre os participantes.