Emprego da geotecnologia facilita a adoção da agricultura de precisão
24/10/16
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Emprego da geotecnologia facilita a adoção da agricultura de precisão
Foto: Júnia Alencar
Coordenador da Rede de Agricultura de Precisão, Ricardo Inamasu aborda o assunto durante o 6º GeoPantanal
Conhecida também como geoprocessamento, as geotecnologias são fortes aliadas para tomada de decisão, principalmente na adoção da chamada agricultura de precisão (AP), sistema de gestão que leva em conta a variabilidade espacial da lavoura para obtenção de retorno econômico e ambiental. Mas qual a contribuição das geotecnologias como ferramenta de AP na região do Pantanal?
O pesquisador da Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) e coordenador da Rede de Agricultura de Precisão, Ricardo Inamasu, abordou o assunto durante o 6º Simpósio de Geotecnologias do Pantanal – 6º GeoPantanal. O simpósio, que está sendo realizado em Cuiabá (MT), de 22 a 26 de outubro, pela Embrapa Informática Agropecuária, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT).
O emprego da técnica de AP ainda está associado a equipamentos sofisticados para a coleta, processamento, análise e disponibilização de informações com referência geográfica, o que sugere a adoção de sistema de posicionamento global (GPS), sensoriamento remoto, sistemas de informação geográfica, entre outros, quando compreender análises sobre o manejo do solo, insumos e culturas de grandes áreas.
Inamasu considera que, com o avanço da agricultura brasileira e com o amadurecimento do tema e das geotecnologias, a agricultura de precisão desenvolveu metodologias que podem ser aplicadas nas culturas e regiões nas quais a variabilidade espacial está presente, incluindo a agricultura familiar.
O coordenador lembra que o emprego da técnica, entendida mais como uma postura gerencial, é baseada no tripé – aquisição de dados em escala e frequência adequadas; interpretação e análise desses dados; gestão e implementação de uma resposta a uma escala espacial e de tempo. "Apesar de ferramentas como os drones fascinarem os agricultores na aquisição de dados, o impacto mais significativo da AP ocorre na forma como as decisões de gestão da variabilidade espacial e temporal no sistema produtivo vegetal são tomadas", afirma.
Os avanços nas tecnologias, segundo Inamasu seriam, portanto, um processo evolutivo e continuamente adaptado para a tomada de decisão agrícola.
Adoção no Brasil
As pesquisas com AP tiveram início na Embrapa, praticamente ao mesmo tempo em que começaram os estudos no País, no final da década de 1990. Ainda em 1999 o tema Agricultura de Precisão fez parte das pesquisas realizadas no Laboratório Virtual da Embrapa no exterior (Labex), tendo como parceira e contraparte americana a United States Department of Agriculture/Agricultural Research Service (USDA/ARS), em Lincoln, Nebraska (EUA).
Em 2004, a Embrapa deu início ao primeiro projeto em rede no tema agricultura de precisão como continuidade das atividades dos projetos anteriores. Considerando o tema estratégico para o País, a Embrapa aprovou, em 2009, o segundo projeto, envolvendo 20 Centros de Pesquisa da Empresa e mais de 50 parceiros, como empresas, instituições de pesquisa, universidades e produtores rurais. Recentemente, foi aprovada a terceira fase da Rede de Agricultura de Precisão.
Em setembro de 2013, a Embrapa inaugurou, em São Carlos (SP), o Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre). O espaço, inédito no Brasil, é utilizado para pesquisar e desenvolver equipamentos, sensores, componentes mecânicos e eletrônica embarcada, em um único local.
Alguns resultados sob a forma de tecnologias, produtos ou serviços podem ser observados desde que a Rede foi criada, como o processo de medida de condutividade elétrica do solo para mapeamento de áreas de culturas perenes; sensores de plantas, solo e ar com aplicabilidade em AP; sensores de controle de irrigação por rede de sensores sem fio; equipamento para monitoramento da qualidade de frutas e hortaliças; software para georreferenciamento e gestão para uso no campo em tempo real, além de treinamento de técnicos e produtores em AP.
Usuários
No Brasil, o perfil dos proprietários e administradores de propriedades rurais que adotam a agricultura de precisão é jovem, instruído, propenso a utilizar mais tecnologias e informática, além de cultivar grandes extensões de terra, conforme constatou uma pesquisa divulgada em 2014 e realizada pela Embrapa, a partir de seminários promovidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), entre setembro e novembro de 2012, em nove estados do País.
O levantamento indicou que a soja e o milho são as principais culturas cultivadas com ferramentas de AP, seguidas pelo trigo e feijão. As principais atividades em que a técnica está presente são na aplicação de corretivos do solo e na colheita.
Associação
A Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBraAP) nasceu em abril, durante a Agrishow, realizada anualmente em Ribeirão Preto (SP), com a expectativa de fortalecer e impulsionar pesquisas em uma área considerada estratégica para o desenvolvimento e competitividade da agricultura do País. É o que espera o vice-presidente da nova entidade, Ricardo Inamasu.
O pesquisador acredita que a Associação é um ponto de convergência para agregar todos os profissionais que atuam no segmento, colaborando ainda para o desenvolvimento de projetos e ações que possam ser executadas no Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre).
A opinião é compartilhada pelo presidente da AsBraAP, o professor do Departamento de Biossistemas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), José Paulo Molin. Ele diz que a entidade tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico, inovação e difusão do uso de práticas, técnicas e tecnologias voltadas para o segmento.
Joana Silva (MTb 19554)
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