A Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) teve em 2013 uma boa safra de projetos aprovados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. Após o anúncio, no início de novembro, da aprovação pelo Edital Universal (Chamada 14/2013) de quatro projetos apresentados por pesquisadores da Unidade (http://www.cnph.embrapa.br/paginas/imprensa/releases/081113_projetos_aprovados_cnpq.html), os últimos editais do CNPq, divulgados em dezembro, aprovaram mais dois projetos de pesquisa da instituição: "Desenvolvimento de duas estratégias inovadoras para o controle de moscas-brancas", da pesquisadora Alice Nagata; e "Disponibilização de cultivares e tecnologias para a produção de sementes de hortaliças em sistemas orgânicos", do pesquisador Warley Nascimento. Considerada uma das mais importantes pragas, em razão dos prejuízos provocados em culturas como soja, feijão, algodão, tomate e abóboras, a ocorrência da mosca-branca tem sido enfrentada com a aplicação de inseticidas químicos, cuja eficácia apresenta algumas variáveis, como a fase da vida do inseto, modo de aplicação e resistência de certas populações a algum princípio ativo do defensivo, além do seu uso ser dificultado pelo alto custo do insumo. "Em vista da importância desse inseto para a cadeia agrícola do Brasil, esse projeto foi elaborado para desenvolver duas alternativas de controle de moscas-brancas, que proporcionem opções de manejo do inseto sem impacto negativo para a natureza e para o homem", explica a pesquisadora. Segundo ela, a primeira dessas alternativas consiste na busca de vírus entomopatogênicos (que atacam insetos) para o controle biológico da mosca-branca, a exemplo do histórico de sucesso no Brasil no controle de lagartas de soja por um baculovírus (que contamina e mata a lagarta da soja). "A segunda estratégia consiste em fazer com que a mosca-branca deixe de produzir uma proteína essencial para o seu ciclo de vida, matando-a", informa Alice. Ela ainda destaca a complexidade do alcance dos objetivos do projeto quanto à especificidade dessas estratégias: "Precisamos que essas tecnologias sejam altamente específicas, sem causar qualquer efeito em outros organismos que não sejam alvo como, por exemplo, as abelhas." Nesse projeto, coordenado por Alice e pelo pesquisador Miguel Michereff, a Unidade conta com a parceria da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen) e da Universidade de Brasília (UnB). SEMENTES ORGÂNICAS A necessidade de maiores investimentos em linhas de pesquisa que priorizem o desenvolvimento de tecnologias próprias para a produção de sementes orgânicas foi a mola propulsora do projeto apresentado pelo pesquisador Warley Nascimento. Em linhas gerais, o projeto aponta alguns dos motivos que têm provocado o aumento da demanda por sementes produzidas sob sistema orgânico, como "a crescente preocupação com práticas agrícolas ambientalmente saudáveis, aliadas aos preços mais atrativos ao produtor", entre outros. "Estudos mostram que o Brasil está entre os cinco países com maior área em produção orgânica, cerca de 1,7 milhão de hectares, com taxa de crescimento perto de 20% ao ano, mas a pouca oferta de sementes é um complicador para o setor da olericultura, e que leva os produtores a fazer uso de sementes convencionais", anota o pesquisador. Uma situação que tende a ficar mais complicada a partir da aplicação da Instrução Normativa nº 64 do MAPA, que proíbe a utilização de sementes convencionais para a produção de orgânicos. "A produção de sementes para cultivos orgânicos exigirá o desenvolvimento de tecnologias adaptadas às condições de nosso País, por isso é preciso destacar a importância da aprovação desse projeto", avalia . Além da Embrapa Hortaliças, outras Unidades da Embrapa e instituições parceiras compartilham os Planos de Ação (PA) do projeto: Embrapa Semi-Árido (Petrolina-PE), Embrapa Amazônia Oriental (Altamira-PA), Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), Embrapa Produtos e Mercado (Uberlândia-MG), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual de Goiás (Ipameri-GO) e Esalq/USP (Piracicaba-SP).